sexta-feira, 8 de março de 2019

O complexo do príncipe encantado



          Hoje, no dia internacional da mulher, prosseguimos com o debate que vem acontecendo nos últimos anos, acerca do ganhar ou não flores, do ser mimada ou não nesse dia especial. Essa questão tomou força depois que as mulheres pegaram esse ato de serem presenteadas pelos homens e transformaram em protesto, isso não quer dizer que elas abominam o fato de serem presenteadas ou que não querem ser, elas apenas usaram dessa pratica para exigir respeito, é o que elas mais querem nessa data e não somente flores e bombons.
                 E isso não anula os gestos românticos e nem os diminui, apenas lançam luz ao que verdadeiramente importa nesse momento. O feminicídio vem crescendo em um nível absurdo ultimamente, só nesta semana tivemos dois casos fortes de violência contra a mulher, onde uma delas foi estuprada pelo cunhado e o namorado ao invés de defende-la, a espancou, como se ela tivesse culpa do que estava acontecendo. Após isso, ela foi queimada e morta por esses homens, entrando para a estatística das mulheres que são vítimas desses covardes. Muitos colocam a culpa nas mulheres e nas suas escolhas (really?), mas de quem realmente é a culpa?
            Como saber que aquele homem que se apresentou para você como um homem bom vai se transformar em um monstro? Estava conversando com uma amiga sobre os temas discutidos nesse dia 08 e refletimos sobre assuntos como: “a falta de uma figura paterna influência nas nossas escolhas amorosas? ” Talvez sim, analisamos as mulheres ao nosso redor e lembramos de algumas que estiveram e estão em relacionamentos abusivos pela falta de um homem de caráter em suas vidas e outras que tiveram pais excelentes e mesmo assim viveram (e vivem) esse tipo de relacionamento.
          A falta de um bom exemplo masculino é prejudicial, mas a idealização desse exemplo também pode ser. Muitas mulheres possuem o complexo do príncipe encantado. Elas idealizam um homem que não existe. Quando o pai não é presente elas querem ter um homem para cuidar e amar elas. Quando o pai é presente, carinhoso e companheiro (tanto para a esposa, quanto para a filha) elas procuram isso em seus parceiros, que é o que todas nós merecemos, mas infelizmente algumas tentam enxergar essas características em homens que passam longe disso. Elas se apaixonam e querem que aquele garoto inconsequente, irresponsável e agressivo seja o que elas sempre procuraram. Elas colocam expectativas demais em alguém que não é nada daquilo.


          Seja porque estão apaixonadas, seja porque alguém próximo disse que aquela pessoa era boa (pessoas tem perspectivas diferentes, as vezes aquela sua amiga (o) está acostumada com pouco e a outra pessoa é o único “muito” que ela conhece) príncipes viram sapo muito rapidamente, assim que conhecemos melhor. E não estou tentando fazer você perder a fé nos homens e achar que todo homem que você conhecer será aquele cara que matou a namorada no programa Datena, apenas tome cuidado com os príncipes que a sociedade tenta nos impor.
           A única formula infalível de não concentrar toda sua força no amor de outras pessoas é se amando primeiro. No recente filme da netflix, Megarrromântico, temos Natalie (Rebel Wilson) uma mulher inteligente e divertida que nunca é valorizada pelos homens e pelos colegas de trabalho. Desde criança foi incentivada a não esperar muito de si mesma, a própria mãe a colocava para baixo quando dizia que “Uma linda mulher” nunca iria acontecer para ela, porque ela não era a Julia Roberts, e ela cresceu com essa ideia na cabeça, de que seu final feliz nunca chegaria porque ela não era magra e bonita. A própria mãe fez ela odiar as comédias românticas e odiar a si mesma. Até ela aprender que perdeu muito tempo fazendo alguém amar ela, quando na verdade ela deveria aprender a se amar primeiro.
             Isso é bem clichê e algo difícil de se fazer na vida real, eu luto comigo mesma para fazer esse amor florescer todos os dias, mas é algo que devemos aprender e ser incentivadas, quando nos valorizamos conseguimos sair de relacionamentos abusivos e aprendemos a detectar pessoas toxicas.
           Portanto, independente da sua criação, se você teve um bom pai ou não, não se contente com pouco e ao mesmo tempo não idealize o príncipe das comédias românticas, ele não existe, mas existe sim homens maravilhosos por aí, que merecem a mulher maravilhosa que você é, saiba identifica-los. Corra daqueles que te colocam pra baixo e não acreditam na sua capacidade. Estamos propensas aos embustes e o mal entra em nossas vidas quando menos esperamos, graças a Deus estamos vivas, mesmo tendo passado por situações difíceis, e somos privilegiadas se pensarmos na menina que citei anteriormente e em todas as outras que morreram, elas não pediram por isso, elas não mereceram isso, não foi culpa delas e mesmo assim aconteceu, o príncipe virou sapo. Que venhamos protagonizar histórias com finais felizes, que sejamos donas da nossa própria comédia romântica.

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