Se você pensa que vai ao cinema para ver um filme sobre
uma mulher bonita dando porrada nos marmanjos do começo ao fim é melhor nem ir.
Ou melhor, vá, porque essa vai ser uma experiência diferente do que você tem em
mente. Já tinha lido algumas criticas de que o filme seria diferente das
expectativas passadas nos trailers, mas não sabia que ele teria uma visão tão
antropológica. E eles acertaram nisso.
Scarlett johansson vive Lucy uma estudante que é
aspirante a atriz, modelo, sei lá, (isso não fica muito explicado no filme) que
se vê obrigada pelo peguete dela a entregar uma pasta para um mafioso. Ela
desconhece o conteúdo da pasta, mas literalmente não tinha como se livrar do
objeto. Ao tentar entregar para o cara, ele lhe oferece um “emprego” que
consiste em servir de “mula” para transportar um tipo diferente de droga. A
droga é inserida em seu corpo e após muita pancada no local aonde ela foi
costurada, o pó azul se mistura a sua corrente sanguínea e é ai que a mulher se
transforma numa deusa, numa louca, numa feiticeira (ela é demais). Uma
inteligência fora do comum vai surgindo e aumentando. Conforme vai subindo a
porcentagem de seu nível intelectual também vem o controle sobre si e sobre os
outros e ai vem às partes sensacionais de pancadaria, tiros certeiros e
perseguição de carro. Do jeitinho que todos queriam.
Achei a premissa do filme muito semelhante à de Sem
Limites, filme protagonizado por Bradley Cooper que também partia da ideia de
uma droga sintética que aumentava o intelecto de seus usuários. Ambos podem
fazer coisas incríveis e inimagináveis, mas que ao alcançar os 100% podem ter
suas consequências. A única diferença é que ele não brigava como Lucy.
Com essa personagem Scarlet se consolida de uma vez por
todas como uma atriz de ação. Faceta que ela já tinha mostrado em filmes como
homem de ferro 2, os vingadores e capitão américa 2. Mas dessa vez ela mostra
que veio para ficar e pode sim chutar bundas sem problema algum.
Morgan Freeman é seu coadjuvante e mentor porque um herói
de ação sempre tem que fazer dupla com alguém que pense por ele (não que Lucy
precise disso) é a partir dos conceitos dele que começamos a entrar na cabeça
da protagonista e entender o que acontece com ela e com as coisas do mundo. A
teoria evolutiva vai se mesclando a historia dela e até se afirma que a
primeira mulher da terra se chamava Lucy. Teorias e mais teorias.
As analogias também estão presentes, como a sequencia
inicial onde nos deparamos com imagens da selva onde se mostra um grupo de
felinos (representados aqui pelos capangas do mafioso) encurralando um servo,
veado, sei lá (Lucy) comparações que num primeiro momento podem parecer
desnecessárias, mas que elevam o filme à reflexão.
Lucy é um filme bem “tela quente” que mistura sequencias
de ação com ficção cientifica. Típico do seu diretor Luc Besson que já havia
feito isso em O Quinto Elemento onde acompanhamos a personagem Leelo que era
tão durona e fora de órbita quanto à heroína deste. Ele sempre cria um novo
universo ao redor de suas heroínas, Apesar de fazer filmes despretensiosos,
alguns deles acabam tendo uma boa visibilidade. Vide o caso de Busca Implacável
que era pra ser só mais um filme pequeno de ação e baixo orçamento, mas que foi
crescendo por causa do boca-a-boca e se tornou sucesso instantâneo. Tal como
Lucy, que seria só mais um projeto edificante pra carreira de Scarlett, mas
acabou fazendo uma boa bilheteria.
Este não é um filme que irá agradar a todos, mas é um
filme que merece a atenção de muitos. Vá para o Cinema com a mente aberta e
relaxe, pois você está prestes a embarcar numa montanha russa do saber. Aposto
que quando a sessão terminar ele vai ficar martelando na sua cabeça por um bom
tempo.
Um brinde ao conhecimento!
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