Se
Lion é O Quarto de Jack desse ano, Estrelas além do tempo é O Jogo da Imitação.
Ele vem para comover quem assiste mostrando as lutas de uma minoria que quer
ser reconhecida por sua inteligência e seu talento e não pela cor de sua pele.
E tudo com uma boa dose de bom humor e otimismo, o que alivia a tensão em meio
aos dramalhões indicados ao lado dele.
Hidden
Figures acontece em meio a corrida espacial entre os Estados Unidos e a Rússia
durante o período da Guerra Fria e mostra como três mulheres negras foram
essenciais nesse momento tão importante da historia.
Esse
filme é baseado em uma historia real e foi adaptado do livro que contou essa
historia que quase ninguém conhecia. O diretor Theodore Melfi também é o
roteirista do longa e é evidente que ele coloca carga máxima de emoção aqui.
Como se o prazer de contar o feito dessas mulheres transbordasse nele. E isso é
bom, mas também pode atrapalhar um pouco.
O
roteiro é bem escrito e tem momentos emocionantes, mas alguns desses momentos
soam apelativos. Nada que tire o brilho das personagens cativantes e do orgulho
que é ver elas vencendo. Se para mim uma mulher branca e naturalmente
privilegiada já deu uma satisfação enorme imagina para uma mulher negra que até
hoje sofre com o preconceito.
O
trio principal é composto pela Janelle Monae, Octavia Spencer e a Taraji P
Henson. Janelle interpreta Mary Jackson, a mais decidida das três, é admirável
a forma como ela se impõe em casa frente ao marido, na sociedade como uma boa
profissional e posteriormente na corte para que ela possa ter direito a frequentar
uma faculdade de brancos. Seu discurso para o juiz é maravilhoso. Janelle esta
em um bom momento como atriz já que está em dois filmes muito bem avaliados e
indicados ao Oscar, esse e Moonlight.
Octavia
Spencer interpreta Dorothy Vaughn uma mulher que desempenhava uma função de
liderança em seu trabalho, mas não tinha mérito por isso já que não davam a ela
o titulo e nem o salário correspondente a essa função. Assim como as outras ela
vai crescendo dentro da trama até conquistar seu lugar de direito. Há um
dialogo entre ela e a personagem da Kirsten Dunst que caracteriza bem a visão
de pessoas com preconceitos enraizados que não assumem que os tem. Ela faz com
que pensemos melhor nossas atitudes e que tenhamos tempo de concerta-las.
Taraji
P Henson está excelente como Katherine e ela que é a protagonista e responsável
pelas coordenadas que ajudaram na corrida espacial. No começo do filme vemos
que seu dom para os números vem desde criança e quando adulta precisa lidar com
a importante função que desempenha, além de ter que lidar com uma sala cheia de
brancos que duvidam de sua capacidade e que não tomam café na mesma cafeteira
que ela. Também precisa correr todos os dias vários quilômetros para ir no
“banheiro para negros” sim, ela não pode usar o banheiro das demais
funcionarias, todas obviamente brancas. Há uma cena que ela está molhada e
vulnerável onde ela explode e diz tudo que ela tem guardado, essa cena é de
arrepiar. É claro que depois as coisas começam a mudar, só bastou um toque de
realidade. A única coisa que irritava algumas vezes era a voz sussurrante da
atriz, que não recordo se é dela mesma ou só foi para compor a personagem.
Outros
atores que compõem o elenco e estão bem são o Kevin Costner que nesse filme sai
de sua hibernação facial e mostra mais expressões do que está acostumado. Glen
Powell que é o astronauta carismático que se dá bem com as meninas, nem parece
o paspalho de Scream Queens e Mahershala Ali que se destaca mesmo em um papel
pequeno como namorado da protagonista.
Jim
Parsons representa uma nova versão menos esquisita do seu personagem mais
famoso Sheldon de The Big Bang Theory. Ele não está necessariamente ruim, mas
não se destaca, apenas faz um trabalho regular.
A
trilha sonora também tem papel importante na trama. Ela é composta por Pharrell
William, Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch, a margem de erro para a trilha é
pouquíssima.
Estrelas
além do tempo é um filme importante, ele mostra que capacidade independe de
raça, cor, orientação sexual e etc... Mostra como mulheres são capazes de fazer
o que elas quiserem e alcançar o que muitos duvidam. Talvez daqui a algum tempo
não venhamos a se lembrar desse filme, ele é emocionante, mas não memorável, mas
creio na importância de suas indicações e creio no poder de empoderamento que
ele dá. Sim eu direi essa palavra até que ela seja alcançada. Esse não é o
melhor filme da temporada de premiações, mas enquanto for inspirador dessa
forma: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/heroinas-de-estrelas-alem-do-tempo-inspiram-garotas-em-trabalho-de-escola-nos-eua.ghtml ele será necessário.
O diretor Theodore Melfi, por sua vez, merece créditos por evocar a pressão experimentada pelo trio principal em momentos como aquele no qual vemos Katherine encostada na parede, ao fim de um corredor que parece espremê-la, ou ao estabelecer um paralelo relevante com as marchas promovidas por Martin Luther King e outros líderes negros quando Dorothy conduz suas subalternas em uma caminhada rumo ao novo departamento no qual trabalharão. Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Adorei 7 Minutos Depois da Meia Noite, dos melhores filmes baseados em livros , porque tem toda a essência do livro mais sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.
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