quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Review livro Menina Má


            Esse livro foi publicado pela primeira vez em 1954 e foi um sucesso instantâneo, tanto que a introdução do livro é só com elogios a ele. Vários autores celebres da época elogiaram a obra e a escrita do autor William March que nem teve tempo de apreciar seus frutos já que morreu um tempo depois da publicação dele. Menina má é um livro fácil gramaticamente (mesmo que muito bem escrito), mas difícil psicologicamente, já que nos faz questionar nossa natureza e a natureza daqueles que julgamos ser tão inocentes.
       O autor teve uma infância pobre e difícil, não teve uma boa educação e se via atormentado por isso. E como cresceu em um lar rígido e religioso se sentia um depravado diante de seus pensamentos. Ele nunca se casou e também nunca souberam dele com nenhuma namorada, mas reza a lenda que ele se apaixonou por uma menina rica chamada Bessie que acabou virando uma das personagens mais importantes de Menina má e dona da maior reviravolta do livro.
              A impressão era que ele admirava e temia as mulheres ao mesmo tempo, em certo momento no livro uma personagem diz: “então pensei comigo mesma, vou ser tão inteligente quanto qualquer homem do mundo, e nos termos deles” “ quem os homens pensam que são, afinal de contas? Andando por ai como se fossem os criadores do universo! Vou mostrar a eles como é que a banda toca”
            William também gostava de observar o comportamento das pessoas e nesse livro as mulheres são mais astutas e más que os homens, capazes de transmitir a semente de sua ruindade por gerações. E para a surpresa dos leitores o autor nem sequer gostava de crianças o que talvez explique a precocidade com que ele retrata a protagonista Rhoda, que era diferente de seus colegas, muito mais adulta, responsável, organizada e madura.
                Vamos a sinopse, no livro a menina Rhoda, sua mãe Christine e seu pai Kenneth acabam de se mudar para uma cidade pequena e Christine começa a ver as coisas mudarem quando a filha vai a um piquenique da escola e um coleguinha morre afogado. Depois desse evento ela vai notando comportamentos estranhos na menina, mais estranhos do que o normal.


          Em boa parte das historias sobre psicopatas eles são pessoas normais que passam despercebidos na sociedade, o que difere de Rhoda, pois ela é extremamente diferente das crianças de sua idade. Ela usa roupas antigas e nunca as suja, ela é muito limpa, educada e prendada. Le livros e faz amizade facilmente com os adultos, ao contrario das crianças que por isso a odeiam, não importa aonde ela estude.
            Como o próprio titulo do livro denuncia já sabemos que tem alguma coisa muito errada com essa menina, mas durante a narração do livro seus crimes não são descritos já que o livro é narrado sob a perspectiva da mãe dela. A mãe vai descobrindo eles aos poucos e vai descobrindo coisas do seu próprio passado também, como a origem de seus pais biológicos e a ligação da sua mãe com Rhoda. Esse paralelo é muito interessante e ao mesmo tempo muito perturbador, pois nos faz temer nossa própria linha genealógica.
         Além da psicopatia da menina há outros temas pesados abordados no livro como incesto e pedofilia. Até onde vai o amor e a posse de um irmão pelo o outro? E até onde vai a admiração e a implicância de um homem mais velho, casado e com filhos por uma menina que o desafia? O livro levanta todas essas questões.
          Todos os personagens são muito bem contextualizados. A mãe Christine com sua dedicação e doçura tão diferente da filha. A senhoria Monica muito atenciosa que adora as vizinhas, mas nem desconfia da menina. O faxineiro Leroy que é bastante irritante e nojento na maioria das vezes. As diretoras do colégio, a mãe do menino afogado que lamenta sua perda e tantos outros personagens bem construídos.
              Após a leitura eu assisti a sua adaptação cinematográfica The bad seed que aqui no Brasil recebeu o horrível titulo de A Tara maldita (sim, parece titulo pornô) o filme é de 1956 e é dirigido por Mervyn Leroy, um dos diretores de O Mágico de Oz. Ele adaptou muito bem o livro, o deixando fiel. Na época o filme recebeu 3 indicações ao Oscar. De melhor atriz para Patty Mccormack que faz Rhoda e é realmente a melhor atuação no filme, arrasando como a psicopata mirim. Melhor atriz coadjuvante para a bela Nancy Kelly, que está bem, mas tem trejeitos tão exagerados que torna sua atuação caricata algumas vezes. E também foi indicado como melhor fotografia em preto e branco e ela é realmente linda.
              O filme mudou um pouco o final do livro, mas gostei das adaptações que eles fizeram. Essa é a primeira vez na vida que prefiro o final do filme e não do livro.
           Menina má foi um sucesso no passado e agora também está sendo graças a linda edição lançada pela darkside. Rhoda foi inspiração para outros personagens como Chucky o boneco assassino, Damien de a profecia e a menina do exorcista e servirá para outros personagens no futuro.  

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