O
ano está bom em relação aos filmes indicados ao Oscar, dos que assisti até
agora nenhum foi ruim ou mediano, todos os quatro foram muito bons. O quarto
filme assistido foi Lion, que é baseado em fatos reais e é a adaptação do livro
autobiográfico A Long Way Home. Lion funciona bem como um filme emotivo e
também mostra uma nova vertente da questão da adoção.
Saroo
é um menino de cinco anos que se perde do irmão em uma estação de trem e passa
um tempo tentando sobreviver sozinho até que é adotado por um casal de
Australianos. Quando o menino cresce sente um forte desejo de reencontrar sua
família biológica.
Geralmente
historias que retratam o começo da vida de um personagem até a fase adulta dão
um pulo rápido para essa fase ou se não intercala flashbacks. Aqui vemos um
equilíbrio entre prolongar uma tocante historia de um menino de cinco anos
perdido e depois sua busca pelo passado. Não contente somente com a ajuda de
flashbacks o filme também mostra imagens imaginativas do personagem já adulto
vendo o irmão mais velho em situações precárias de pobreza. Algumas dessas
cenas são um pouco piegas, mas elas ajudam a contrastar a boa vida que saroo
tem agora e a vida de miséria que a família provavelmente está levando na
índia.
A
primeira fase do filme, que como já dito, se prolongou mais do que o normal. Porém
não há incomodo nisso, por vezes nem dá vontade que o personagem cresça dada a
agradável figura do mini ator Sunny Pawar que é a coisa mais fofa e talentosa
desse mundo. Ele passa muita verdade em sua atuação, seu sofrimento é real
assim como seu sorriso. Quem o olha tão novinho e tão competente se espanta.
Todas as coisas que ele passa nas ruas, sua perspicácia em relação as
armadilhas que surgem em seu caminho, seus pequenos momentos de felicidade,
tudo isso é acompanhado com risos e lagrimas de quem assiste. Sua relação com
sua família e principalmente com seu irmão é muito bonita, tanto que ele nunca
os esqueceu.O filme peca em criar um motivo bom o suficiente que o tenha impulsionado a procurar sua família, já que ele não é mais uma criança a algum tempo e poderia ter começado a procurar antes. Seus amigos indianos e sua namorada o ajudam (mesmo que o relacionamento com a namorada tenha seus autos e baixos) e ele tem medo da reação da mãe adotiva quando for contar que está procurando sua família. Ele não quer magoa-la.
Dev
Patel que interpreta Saroo em sua fase adulta está ótimo como sempre. Ele
mostrou que tem talento desde que surgiu no cinema com Quem quer ser um
milionário e aqui tem uma atuação equilibrada. Sua namorada é interpretada por
Rooney Mara que não faz muito coisa aqui a não ser estar ao lado dele e algumas
vezes nem tanto. O pai é interpretado por David Wenham que está mais velho e
quase irreconhecível, nem o associei ao seu personagem divertido de Van
Helsing. Ele também está bem, mas não faz grandes coisas. Quem arrebata a cena
é sem duvida Nicole Kidman como a mãe adotiva.
Há
muito tempo ela vem fazendo apenas filmes B e algumas participações em alguns
filmes, a audiência até esqueceu o quão talentosa ela é e aqui conseguimos nos
lembrar muito bem. Assim como em As Horas, ela está bem diferente do seu visual
costumeiro da mulher loira e bonitona. Ela está com cabelos curtos vermelhos e
encaracolados e aparenta ser bem mais velha do que é. Parece uma verdadeira
dona de casa e encanta como uma mãe dedicada e carinhosa que não desiste dos
filhos. Além de Saroo ela adota Mantosh que tem alguns problemas psicológicos e
ela tem que ser forte para lidar com ele.
A
trilha sonora do filme é maravilhosa. Ela mescla musicas indianas com musicas instrumentais
usadas para elevar o nível de sofrencia das cenas emocionantes. Inclusive uma
sequencia em que Saroo flerta com sua namorada em seu primeiro encontro vira
quase uma cena de musical graças às batidas da musica indiana inserida.
O
diretor Garth Davis é novato e antes só dirigia propagandas, o que ajudou
bastante na propaganda escrachada do Google Earth, recurso que nós podemos até
conhecer mas nunca saberíamos que funciona tão bem (pelo menos eu não sabia)
aposto que o uso dele aumentou consideravelmente.
Lion
é sem duvidas um dos filmes mais emocionantes dessa temporada de premiações. E
também é cheio de qualidades. O roteiro não tenta exagerar na jornada de saroo
e torna-la épica após ele querer procurar sua mãe e os irmãos, quando ele os
encontra é bem rápido, até por que a verdadeira peleja ele passou quando
pequeno. Talvez esse seja “O Quarto de Jack” desse ano. Ambos arrancam varias
lagrimas e tem uma criança fofa que se destaca, mas nesse o tema posto em pauta
é a adoção e como adotar uma criança é um dos maiores atos de amor que poderia
existir.
Adorei a lista, meu favorito foi Lion Uma Jornada para Casa é inconsistente e possui seus defeitos, mas em nenhum momento isso inibe a força e sua carga emocional. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Também gostei muito do filme Dunkirk um dos melhores filmes ação 2017, não conhecia a história e realmente gostei. Parece surpreendente que esta história tenha sido real, considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do ator Tom Hardy, seu talento é impressionante.
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