quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Review HQ Miss Marvel


          Assim como nos cinemas e nas séries de TV, as HQs vêm se adaptando ao nosso contexto atual. Novas heroínas estão surgindo e com elas representatividade, empoderamento e muito Girl Power. Elas vêm desempenhando um novo papel na sociedade que é mostrar para as meninas do mundo todo que elas podem sim ser o que elas quiserem. Miss Marvel vem me iniciar nesse novo mundo “feminino” das HQs e me deixar sedenta de outras HQs protagonizadas por mulheres.
          Kamala Khan é uma adolescente de 16 anos de origem paquistanesa que vive em Jersey e após fugir de casa para ir numa festa é envolvida em uma espécie de fumaça que é a nevoa de terrigeno dos inumanos e nela e aparece para Kamala os vingadores e eles concedem a menina um desejo, de se tornar heroína.
               Assim que o desejo da garota é realizado ela se transforma na Capitã Marvel, pois na mente dela uma heroína deve ter o tipo físico da Capitã. Deve ser loira alta, de botas cano longo, linda e popular, mas logo ela percebe que ser ela mesma é importante, não só para ela e sua falta de autoestima, mas também para as meninas que vão vê-la.
                Kamala é a típica menina que lê HQs. Nerd, estudiosa e não popular. É fácil se familiarizar com ela, eu mesma me identifiquei bastante. Ela tem uma família muito religiosa, principalmente sua mãe e seu irmão. O pai também é, mas moderadamente,  ele diz para o filho parar de rezar e ir arrumar um emprego o que quebra aquela imagem de que todos da cultura oriental seguem cegamente o Islamismo e acima de tudo são uns fanáticos religiosos.


           Outra imagem preconceituosa que temos das meninas mulçumanas e cai por terra nessa HQ é o fato de acharem que todas elas usam a burca como obrigação religiosa e por pressão da família, mas a amiga de Kamala (personagem que foi pouco explorada nessa primeira HQ) diz que usa por que ela quer. Essa aceitação é maravilhosa.
             Em outro momento da historia a heroína confronta o pai pelo fato dela não poder ir a festa e diz que se fosse um menino ela poderia ir. Nós meninas já vivenciamos isso pelo menos uma vez na vida. Meninos podem ir para festas, podem beijar a quantidade de pessoas que quiserem, podem viajar, beber, falar palavrão e fazer tudo o que tiverem vontade, pois são privilegiados por natureza, mas a mulher é má vista se fizer metade dessas coisas. Viajar por exemplo só acompanhada, e de um homem, por que se for acompanhada de outra mulher as pessoas dirão que ela está sozinha.
           Além do poder de tocar nessas feridas da sociedade a heroína tem seus poderes físicos. Ela pode mudar de aparência, pode aumentar e diminuir de tamanho e ela também tem a habilidade de se curar. Tanto que para se adequar a esses poderes seu amigo Bruno faz uma roupa especial para ela. Roupa muito legal por sinal. Uma roupa que não a supersexualiza e faz questão de respeitar suas crenças.
              Ler Miss Marvel é algo libertador, dá vontade de já preparar a fantasia para a próxima Comic Com experience. Ela aborda o assunto das minorias como nenhuma outra HQ faz (pelo menos das que eu li) e Kamala é uma mistura de Homem aranha com suas nerdisses, inseguranças e responsabilidades junto aos poderes incríveis do Homem formiga. Estou ansiosa para ler as próximas HQs e meu sonho seria que cada menina desse mundo que enfrenta seus medos e inseguranças pudessem ler essa preciosidade um dia.

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