O
Diário de Anne Frank é provavelmente um dos livros mais lidos da história,
mesmo tendo sido lançado em 25 de Junho de 1947, ainda hoje é muito popular e
leitura obrigatória, goste de literatura clássica ou não, até porque as pessoas
o leem por espontânea vontade, graças a grande mensagem dessa grande pequena
menina que passou tempos difíceis em confinamento e mesmo assim tinha esperança
na humanidade.
Annelies
Marie Frank foi uma menina judia que escreveu seu diário entre 12 de Junho de
1942 e 1° de agosto de 1944, durante a 2° Guerra mundial e a perseguição aos
Judeus, ela relatava a convivência com as pessoas que moravam naquele anexo e
os pesares que elas passaram.
Esse
é um livro que tem varias edições, desde as mais chiques no formato de um
verdadeiro diário até as edições mais simples, de bolso e etc... Como a minha,
também há uma versão em quadrinhos recentemente lançada. São muitas as formas
de propagar os relatos dessa menina que foi tão inteligente, independente,
falante, bem humorada e esperançosa, mesmo não tendo motivos para isso.Anne levava uma vida normal com sua família, seu pai era um banqueiro, sua mãe uma dona de casa e ela tinha uma irmã mais velha que era o modelo de perfeição, quem diria que Anne, que é vista como um ícone literário poderia ser a ovelha negra da família. Ela era uma menina muito honesta, que não pisava em ovos para expor suas insatisfações, dizia o que queria para quem fosse, era vista como uma menina petulante e respondona, quando na verdade, ela era uma menina de pensamento próprio, ela não ia pelas ideias dos outros, ela tinha opinião própria e essa é uma das características mais interessantes dela.
Através
de seu diário conhecemos seus pontos positivos e negativos, Kitty como ela
chamava seu diário era uma espécie de confessionário onde ela contava coisas
que não contaria para ninguém. Ela se sentia muito sozinha e mesmo antes do
anexo ela se sentia assim, por isso seu diário era seu passaporte de liberdade,
Já que ela não aguentava mais viver enclausurada naquele pequeno anexo.
Além
dela e sua família, ainda viviam mais quatro pessoas com eles, uma delas é
Peter, que quando chegou não fazia a menor diferença para Anne, mas depois foi
se tornando um grande amigo, sua companhia fez muito bem a ela em seus últimos
dias, já que a convivência com os próprios pais estava insuportável.
Anne
amava e admirava muito o seu pai, não era muito amiga de sua irmã, mas tinham
bons momentos, porém, é estranho ver como ela não tinha nenhum vinculo e nem
carinho com a sua mãe, as ideias de ambas eram muito conflitantes e elas sempre
estavam discutindo, há trechos onde ela diz que tem raiva dela, e que não sabe
como o pai pode se casar com ela, ou pior, que ela conseguiria lidar bem com a
morte dela (já a do pai é inconcebível). A vida da menina fora do anexo é
contada muito brevemente, pois ela ganhou o diário e pouco depois sua família
teve que fugir, por isso não se sabe muito bem se o irritamento com a mãe vem
de antes, ou por conta do confinamento, de qualquer forma essa é uma das coisas
que a torna tão real e humana.
A
situação daquelas pessoas no esconderijo foi se deteriorando, no começo ainda
havia bastante comida, os que os ajudavam, que antes trabalhavam com o pai de
Anne, conseguiam prover muita coisa, comida, objetos, roupas e etc... Mas aos
poucos tudo foi ficando mais difícil de conseguir, e o medo da descoberta era
muito grande. Eles viviam de janelas fechadas (obviamente) e não podiam falar
alto, pisar forte, fazer qualquer barulho, sequer tossir. Para fazer qualquer
coisa era muito difícil.
E
através desse livro vemos os horrores da guerra sendo contados diretamente
pelos que sofriam, eles não entendiam porque tanto ódio aos judeus, Anne dizia
que Hitler tinha tirado a nacionalidades deles e que alemães e judeus eram os
maiores inimigos na face da terra. O medo de serem capturados era constante.
Para passar o tempos eles liam e estudavam muito. Ouviam radio bem baixinho
algumas vezes também. Era um dos poucos privilégios que tinham.
Por
causa da idade Anne estava começando a ter seus primeiros desejos sexuais, ela
queria beijar alguém e conhecer seu corpo, certa vez quis que uma amiga tocasse
seus seios e ela os da amiga, mas isso não aconteceu. Ela estava começando a
descobrir as coisas e esse foi um dos motivos pelos quais o pai (e único sobrevivente)
não queria que publicassem seu diário, o outro era o sentimento contraditório
que ela tinha pela mãe.
Outra
particularidade da garota é que ela não tinha o pensamento das mulheres da
época, ela não queria ser apenas uma dona de casa e se dedicar só ao marido e
aos filhos, ela queria muito mais, queria ser jornalista, escritora, queria
viajar o mundo e tinha varias ideias que se aproximavam do feminismo. Ela não
entendia por que as mulheres eram vistas como inferiores aos homens (isso é
algo que ainda estamos tentando entender Anne) ela acreditava que a educação e
o trabalho era um progresso para as mulheres. Ela clamava por independência, respeito
e justiça. Seus ideais eram fantásticos para uma menina daquela época e de tão
pouca idade. A única coisa triste é saber que ela não viveu essas coisas, que
ela não tomou posse dessa liberdade, que ela começou a escrever um livro que
nunca terminou e nunca seria publicado.
Apesar
de muitos acharem que Anne era otimista todo tempo, ela pensou em morrer
algumas vezes e tomava remédio para depressão e ansiedade, quando falava de
morte ela dizia que queria ser cremada, mas não foi, morreu e foi jogada em uma
vala, ao lado de vários judeus inocentes que não haviam feito nada.
Anne
tinha seus defeitos, ela não é a menina perfeita que muitos idealizam, mas foi
uma criatura notável e extraordinária. Através de suas palavras conhecemos de
perto um trecho da história mundial, os ideais revolucionários dela, sua
inteligência, sagacidade, sarcasmo e claro seu otimismo apesar de todas as
coisas ruins que eles viveram. Meu sentimento ao terminar essa leitura foi de
que a vida é injusta, Anne Frank merecia ter tido um final feliz, em um
universo alternativo eu a imagino como uma ativista social que viajou o mundo
inteiro, que lançou vários livros e mesmo hoje aos seus 88 anos de idade conta
como ela sobreviveu à guerra e viveu tudo que queria. Eu te amo Anne Frank e um
dia espero visitar seu esconderijo na bela Amsterdã.
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