segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Review série Atypical


          A diversidade dos temas está cada vez mais presente nas séries e não apenas na retratação de personagens que representam minorias, mas também de condições clinicas que quase não vemos sendo retratadas, pelo menos não com fidelidade. E Atypical traz essa fidelidade que nos encanta e nos impressiona.
          Atypical é uma série da Netflix que conta a história de Sam, um menino portador do autismo que quer ser mais independente e quer ser tratado como uma pessoa normal.
             O autismo é um tipo de transtorno que prejudica a capacidade de se comunicar e interagir com as outras pessoas, isso é o que todos sabemos sobre o autismo mas a série vai além do obvio. Ela mostra como é a vida de um adolescente com transtorno de espectro autista, e como a sociedade o vê. Como os outros adolescentes da escola o encaram ora como um possível alvo para praticar bulliyng e ora como um coitadinho.
             Os pais e a irmã são super protetores com ele, principalmente a mãe, que o trata como uma criança, até as roupas dele é ela que escolhe. Mas toda essa proteção tem um motivo, além da condição dele também aconteceram coisas que a fizeram ser ainda mais zelosa. Fora que apesar do autismo de Sam ser bem controlado, há fatores que prejudicam sua convivência em sociedade, como barulhos e luzes. Tanto que a série trabalha com a instabilidade de sons e luzes para mostrar como Sam vê o mundo. Por isso os familiares precisam de atenção dobrada sobre ele.
                   O pai vai se aproximando dele cada vez mais na série e o laço entre os dois vai aumentando, quando antes o menino só queria saber da mãe. A irmã mesmo bruta também é super protetora e é ela que cuida de Sam na escola. Além de viver sua própria trama com o novo namorado e a tentativa de passar em uma escola de atletas.


           A série parte do ponto em que Sam decide começar a namorar, mas no começo ele fica perdido, pois não sabe lidar com as meninas, sua sinceridade (que esbarra com a grosseria) atrapalha bastante suas tentativas de relacionamento, mas para melhorar ele recebe dicas de Zahid, seu melhor amigo, interpretado por Nik Dodani, que funciona muito bem como alivio cômico. Ele é o típico amigo garanhão que acha que sabe tudo das mulheres quando na verdade não sabe nada. Porém ele vai ajudando Sam com sua timidez e outros empecilhos decorrentes do autismo e ele começa a socializar. Inclusive ele tem um “crush” pela sua psicóloga Julia.
        Sam é interpretado pelo ator Keir Gilchrist que é um rosto desconhecido mas que é excelente, ele encarna perfeitamente alguém com autismo, a forma como não olha nos olhos, como se mexe com nervoso, quando tem seus ataques de pânico, o ator se sai muito bem em todos os episódios, ele parece uma versão menos nerd do Sheldon de The big bang theory, porque apesar de ser inteligente, seus interesses são apenas pinguins e outros assuntos relacionados a biologia. Pinguins, calotas polares e esses interesses de Sam traz uma ambientação azul a série, que combina perfeitamente com a cor que simboliza o autismo. O azul o representa porque o autismo é mais comum nos meninos do que nas meninas.
         Seus pais são bem interpretados por Jennifer Jason Leigh (de Os oito odiados) e Michael Rapaport (de Prison Break) mas os dois não tem nenhuma atuação extraordinária, mesmo que a personagem de Jennifer tenha tido um grande destaque, é por conta de um segredo dela que possivelmente tenha uma 2° temporada. A irmã de Sam, a casey, é interpretada pela Brigette Lundy-paine que é uma atriz que não estava a altura de sua personagem, Casey tem vida própria dentro da série e funciona como alivio cômico e também como catalisadora do drama e nas mãos de uma atriz mais expressiva e talvez mais experiente poderia roubar a cena de Sam. Já a atriz que faz a namorada de Sam é ótima e consegue fazer o que Brigette não fez, ir do drama à comédia muito facilmente.
              Atypical é uma série muito bem escrita que mostra um novo lado do autismo, de como eles querem se enturmar e participar, de como eles podem trabalhar, namorar e ter interesses próprios. Ela expõe as nossas falhas com relação a essas pessoas e como as vezes as nomeamos de uma forma pejorativa, ou como não a incluímos da forma devida, o baile silencioso no final na temporada foi uma das coisas mais sensíveis e bonitas que já vi sendo retratado em uma série, não sei se ela teria muita coisa para ser contada em uma próxima temporada mas gostarei muito de reencontrar esse personagem tão maravilhoso que é o Sam pois sim, ela foi renovada!

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