A esperança é a terceira parte do estrondoso sucesso
chamado Jogos Vorazes, saga que é muito mais do que o clichê adolescente. Não é
sobre seres sobrenaturais e não abusa do romantismo para conquistar ninguém.
(neste o teor romântico é mais reduzido ainda, apesar dela passar mais tempo
com Gale) É um filme sobre a força de uma garota que vai contra um governo
ditador. Só essa explicação deveria ser o suficiente para afastar a garotada,
mas por incrível que pareça eles foram a razão dos dois primeiros filmes terem
ficado no topo das bilheterias durante semanas, se eles entendem a proposta do
filme isso fica difícil saber.
Nesse terceiro filme vemos o resultado e os traumas dos
episódios anteriores. Katniss conseguiu sobreviver há dois dos jogos vorazes
(uma espécie de reality assassino promovido pela capital) mas apesar de ser uma
garota forte e destemida agora surge insegura e vulneral. Com toda razão, eu
ali não teria nem sobrevivido a primeira cena do primeiro filme. Mas ela é
badass, uma espécie de Rambo feminino e por isso sobreviveu e burlou o sistema
no primeiro Jogos vorazes e no Em chamas quando apagou todas as câmeras com uma
única flechada. Literalmente ta gente? Nesse ela e os sobreviventes vivem sob a
liderança da presidente Coin e convivem com a ameaça do poderoso Snow que usa
Peeta para impedir Katniss e os habitantes de Panem. Há todo momento você
percebe um clima tenso no ar. Como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer
e em alguns momentos você acha que Katniss vai explodir e não irá aguentar mais
nenhum tipo de pressão imposta a ela. Porque o que percebemos é que o destino
daquele povo está nas mãos dela, uma menina no meio de uma guerra sem saber em
que direção seguir. Isso até a metade do filme quando ela se levanta e
finalmente se impõe ao dizer a frase: “Se nós queimarmos vocês queimam com a
gente”. Outro momento forte da personagem é quando ela canta a canção de
liberdade deles Hanging tree, uma canção beeem melancolia e mais depressiva do
que todas as músicas da Adele juntas. Mas essa musica vira uma espécie de hino
para os que se rebelam ao lado da nossa heroína. A versão dublada da canção é
um pouco broxante e desafinada, recomendo ela na voz da própria Jennifer
Lawrence (versão que por acaso já baixei). E por falar nela como era de se
esperar a ganhadora do Oscar está arrasando como sempre, provando mais uma vez
que ela é sim uma das melhores atrizes de nossa geração, se não for a melhor. A
forma como ela se entrega ao personagem sem pudor e sem medo de parecer feia ou
esquisita é genial. Ela não se contem, ela chora escandalosamente, grita,
arregala os olhos até não poder mais e nos arrepia em todas as cenas. Seria
cedo demais para considera-la a próxima meryl Streep?
Todo o elenco é bastante eficiente, com raras exceções
como o Liam Hemsworth (gale) o irmão caçula e inexpressivo de Thor. E com pesar
que digo isso, o Sam Claflin (Finick) que por acaso irá interpretar futuramente
meu personagem literário preferido mas que ainda não se mostrou bom o
suficiente. No Em chamas ele foi coerente pois fazia o tipo conquistador mas
nessa versão traumatizada do personagem lhe faltou muito torrão de açúcar. Só
quero ver como ele se sairá ao interpretar um tetraplégico ranzinza e afetado
(e lindo, charmoso e maravilhoso)....prefiro nem pensar! Fora eles todo o
elenco jovem é eficiente. Josh Hucherson (Peeta) soube lidar com a evolução do
personagem, jena Malone (Joana) que apesar de ter apenas uma cena neste se
mostrou eficiente no Em Chamas, Willow shilds (Prim) que faz a irmã de Katniss
e nesse filme está mais presente e as novas aquisições como Natalie Dormer
(Cressida) que se mostra bastante confiante em sua atuação.
Do elenco adulto não preciso nem comentar Juliane Moore
(Coin) que é uma figura marcante em qualquer personagem que faça. Nem o cabelo
horroroso e que foi muito zoado no filme e nos bastidores conseguiu ofuscar sua
forte presença. Juliane está em trezentos filmes recentes e há quem o diga que
ela está bem perto de seu merecido Oscar. E Philip seymour Hoffman que faleceu
este ano e ganhou um In memoriam nos créditos finais. Mas deixou um excelente
personagem, assim como todos que ele fez.
A esperança pode ser lento e arrastado em algumas partes
mas quando você se vê cansado lá vem uma explosão ou uma atuação primordial que
te faz acordar.Isso provavelmente foi ocasionado pela nostalgia dos jogos que
são o ponto alto da trama e te faz grudar os olhos na tela. Dos três ainda
prefiro o Em Chamas mas não posso desmerecer esse de forma alguma. Na verdade a
saga não pode ser posta de lado nem por adultos e muito menos pelos
adolescentes. Como disse lá no comecinho Jogos vorazes é muito mais do que um
filme Teen. Ele critica o marketing midiático a todo custo, mesmo que subliminarmente,
porque apesar do caos e da destruição lá estão as câmeras mostrando a todos o
que acontece, numa espécie de reality pós show. Mesmo que neste eles tenham
usado esse recurso ao seu favor, mas é claro que Snow usou para manipular os
habitantes de Panem e por isso ele é um filme realista, político, revolucionário
e que por vezes se assemelha com o governo de muitos países e por isso acende
em nós um sentimento de querer sair dali e lutar pelas injustiças ditatoriais,
mesmo que esse sentimento só dure apenas até o filme acabar. Posso estar
divagando mas o mockingjay (demorei metade do filme pra saber que isso
significava tordo) pode ser eu e você numa arena chamada Brasil.
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