Há temporadas de premiações que nos trazem filmes realmente interessantes, outras nem tanto, apenas filmes dramáticos para pessoas cabeçudas que curtem coisas cults, esta temporada de 2015 surpreende a cada filme assistido. Este é sem duvida uma ótima surpresa. Nascido de um curta, Whiplash está conquistando diversos prêmios festivais a fora, não está tendo muita sorte nas premiações principais como o Globo de ouro onde venceu apenas na categoria de melhor ator coadjuvante, mas merecia muito mais. Pena que está sendo engolido pelos filmes principais com mega estrelas de Hollywood e bom marketing. Pelo menos está concorrendo na categoria de Melhor filme no Oscar, merecidamente (Na qual não deve ganhar, pois Boyhood deve vencer).
Whiplash retrata a busca pela perfeição de Andrew, um aluno do Shaffer conservatory que é um dedicado baterista. Ele é interpretado por Miles Teller um jovem bom ator que esteve em Divergente e no remake de Footloose. Fez também alguns filmes adolescentes onde sempre interpretava o mesmo personagem, o jovem engraçadinho que só quer saber de garotas e baladas, (por isso até agora não havia sido notado, inclusive tinha [ou ainda tenho um pouco] de implicância com ele) mas nesse ele sai de sua zona de conforto e interpreta um rapaz introvertido, sem amigos e que tem dificuldade pra se comunicar com as garotas (aqui seu interesse romântico é a balconista do cinema interpretada pela atriz Melissa Benoist de Glee e a futura supergirl) Cinema esse que ele frequenta com seu pai, interpretado por Paul Reiser um ator veterano que muitos ficaram contentes em rever, mas que eu não me recordo.
Miles surpreende com seu desempenho dramático e obsessivo, ele venera a bateria e seus ídolos bateristas, toca o instrumento com tanto afinco que tira sangue das próprias mãos e entre dores e machucados surpreende seu mestre da banda da faculdade (onde foi convocado pelo próprio), Terence Fletcher, que é um professor durão e com métodos extremistas, ele chega ao cumulo de jogar uma cadeira em Andrew e ele não se arrepende e nem pede desculpas pelo seu jeito de ensinar, pois segundo ele é assim que os alunos se tornam os melhores. Por muitas vezes ele testa o limite de Andrew, inventando rivalidades e o criticando ao máximo, ao ponto de fazê-lo chorar. Terence é vivido por J.K Simmons, que rouba a cena de Miles e isso na pele de mais um coadjuvante, antes viveu o chefe do Homem aranha no filme de Sam Raimi e o pai da Juno. Miles e ele são mestres em interpretar coadjuvantes, mas dessa vez Simmons surge com honras. Dando o melhor de si num personagem carrasco e perfeccionista. Alguém sonso que elogia, mas depois dá uma tapa na cara.
A historia do superior durão que escolhe uma vitima para amedrontar, pois secretamente vê potencial nela é corriqueiro. O Diabo veste Prada é um dos muitos exemplos. O protagonista em busca da perfeição também é visado em muitos filmes, Cisne negro, por exemplo, (aqui só muda o ritmo, não é Balé e sim Jazz) e nem por isso é um filme clichê que cai nas mesmices de seus antecessores. Já começa pela escolha do instrumento, a bateria. Um instrumento incomum para ser retratado num filme, enquanto a guitarra, o sax e o piano são os preferidos.
Um filme que te faz perder o ar algumas vezes, é eletrizante, tem boas atuações, bons diálogos, boa musica, bons ensinamentos e mostra a inversão do papel do herói que apesar de boa pessoa possui vários defeitos, é rude em alguns momentos e afasta tudo e todos para alcançar seu objetivo, só pensa em si mesmo e nem por isso conseguimos sentir raiva dele. Vamos torcer para que o filme ganhe algum Oscar nas categorias que está indicado, como melhor roteiro adaptado, melhor edição (grandes coisas) melhor mixagem de som (outro premio bosta) e claro, que Simmons conquiste seu Oscar e que Miles continue trilhando esse caminho para se tornar um ator dramático impecável, só dando uma parada na estrada para viver o Sr Fantástico no novo filme do quarteto da Marvel.