Nunca fui fã de 007 ou se quer de outros filmes de
espionagem, a identidade e a supremacia bourne assisti de bom grado assim como
os infinitos 007’s do mundo do cinema, mas passam longe de serem filmes
imperdíveis para mim. Porém não posso questionar a qualidade dos filmes e a
tamanha importância que eles têm para a sétima arte. Tanto é que Kingsman é um
filme do estilo homenagem/sátira a esses filmes e séries de espionagem. As referências
são muitas e as piadinhas também. Como o questionamento aos planos malignos dos
vilões que sempre têm personalidades incomuns. Eles sempre explicam como será
executado o plano maligno e sempre planejam algo impossível e bem desastroso.
E assim é Kingsman, um filme sobre espionagem que tem como
principal o rapaz eggsy (taron egerton) que é um desordeiro e tem problemas com
o padrasto e sua gangue de maus caráteres, até que ele conhece Harry (Colin
Firth) um “coroa” sangue no olho que acaba com a raça desses caras e leva o
menino para ser recruta em uma agencia de espionagem bem militarizada. Lá ele
recebe o treinamento e vai vendo que entrar ali é fácil em comparação a se
manter. Além do treinamento ser pesado e um tanto inusitado, seus colegas (com
exceção de uma colega que acaba virando sua parceira, mas não há interesse romântico)
fazem tudo ficar mais difícil. De um lado há Eggsy (que estava pedindo para ser
zoado de “ovo” com um nome desses) um menino de classe média baixa e de outro
os riquinhos esnobes. Essa é uma das causas discutidas pelo filme. Das pessoas
que nasceram em berço de ouro e vivem de menosprezar os outros. Com o tempo
“Egg” vê que não pode rotular todos os ricos como vilãos, até por que nem todos
os pobres são os mocinhos, vide a tal gangue do padrasto dele que pertencem a
sua classe mas agem como idiotas. Dinheiro ou a falta dele não define caráter.
O protagonista
rebelde, impulsivo e maluquinho contudo corajoso, engraçado e bom filho é
interpretado por Taron Egerton um novato que surpreendeu a todos com sua boa
atuação. Tanto nos diálogos, quanto nos combates e principalmente nas
interações bem humoradas (como pode alguém conhecer My Fair Lady e não conhecer
Uma Linda mulher? Essa cena foi mais surreal que as de porradaria)
principalmente com Harry, personagem de Colin Firth, que mais uma vez
interpreta um lorde, só que dessa vez com armas e guarda chuvas multiuso nas
mãos. Ele perdeu peso para o filme e é quase convincente nas cenas de briga, se
não fosse pela câmera que pega o rosto do dublê diversas vezes. Ele sempre
procura diversificar em seus papeis e esta foi mais uma missão dada que foi
cumprida. O vencedor do Oscar está melhor do que nunca, um verdadeiro
cavalheiro kingsman, o que ele é na maioria dos seus filmes. Sempre um lorde,
digo e repito. Até como um homossexual enrustido cantando e dançando em Mama
mia.
Samuel L. Jackson está em todos os lugares, dessa vez ele
não está ao lado dos heróis usando um tapa olho, ele é o vilão de língua presa
e visual rapper que não gosta de fazer o serviço sujo por que tem horror a
sangue. (what?) Um homem bilionário que pretende exterminar o “vírus” que está
matando o planeta terra, vírus mais conhecido como raça humana e para isso ele
cria um chip que promete ligações, mensagens e internet gratuita. O sonho de
qualquer viciado em tecnologia como eu e você, porem quando inserido no
dispositivo móvel ele faz as pessoas ficarem com raiva e quererem matar umas às
outras, ou seja é melhor ficarmos com nossos chips de operadoras que sempre tão
sem área e come todos nossos créditos. Seu nome é valentine, um nome
propositalmente oposto a sua conduta. Ele tem uma assistente chamada Gazelle
que põe em pratica suas loucuras e ainda banca a segurança dele. Sua maior arma
são suas pernas, que não são usadas para seduzir e sim para cortar seus
inimigos em pedacinhos. Uma grande ideia, o encaixe perfeito.
As cenas de violência são um espetáculo à parte. Mathew Vaughn
retorna com sua forma peculiar e sanguinária de fazer as coisas, sempre dando
atenção aos detalhes em cena, desta vez não se vê muito sangue, mesmo em meio a
cenas de mutilações e tiros certeiros na cabeça porém a violência continua
exagerada e um dos maiores atrativos do filme, tal como Kick ass. E esse pode
ser um dos melhores trabalhos do diretor até agora. Abriu mão de X-men dias de
um futuro esquecido por esse e por isso se dedicou ao máximo para fazê-lo
espetacular. Bom, ele conseguiu e ainda dedicou o excelente resultado a sua
falecida mãe.
Kingsman assim como a maioria dos filmes da atualidade
também é baseado em quadrinhos, o artista é Mark Millar. É claro que é difícil
ter o mesmo efeito que os quadrinhos de herói tem sobre o público, mas é algo
tão grandioso e bem feito quanto as adaptações cinematográficas que já
surgiram. A cena da igreja pode causar certa polemica, mesmo que há uma
justificativa para o massacre que acontece lá. Muitos religiosos poderiam se
sentir ofendidos, isto se o filme tivesse dado boca a boca. Ainda estamos nos
recuperando da febre cinquenta tons e em transição pra a febre Vingadores 2, ai
não deram a devida importância ao filme. Talvez quando sair na tv a cabo, quem
sabe?. Neste vemos o líder e os membros religiosos totalmente estereotipados e
fanáticos, a justificativa nesse é o tal do chip, mas nem dá tempo de xiar por
conta da eletrizante cena do Freak out de Harry na igreja porque foi umas das
coisas mais loucas e sensacionais que o cinema já proporcionou. A cena final
também é digna de reprise. Eggsy se transforma na segunda Hit girl de mathew
(numa versão mais boazinha e menos letal) e domina as cenas de ação de
encerramento, a porta dos fundos foi super merecida ;)