Quando Glee
estreou em 2009 fiquei extasiada ao ver o primeiro episódio. Para escrever esse
texto além do ultimo episódio também vi o primeiro afim de sofrer mais. Dito e
feito, foi tão nostálgico relembrar o momento da minha vida quando vi Glee pela
primeira vez. Eu estava no ultimo ano do colegial e lembro de querer com todas
as minhas forças que meu colégio fosse como essa revigorante série. Mas ele não
era....
Era um colégio
comum, com nada de especial. Mais um colégio brasileiro que segue a cartilha ou
o currículo da rede publica de educação. Aulas de português, matemática,
biologia, física, química, a tortura chamada educação física (onde só havia um
esporte: handebol, o ano inteiro, todos os anos) e era basicamente isso. Sem
nenhum programa que incentivasse a cultura e a arte. Provavelmente a sua escola
também era, ou é assim. E se não era, (ou é) você não faz idéia do quanto é
sortudo.
Coral, aulas de
canto, dança, as lideres de torcida, teatro. Como eu queria que tudo isso
existisse na minha retrograda escola. É claro que estou dando uma americanizada
nas coisas, mas esse é só um desejo profundo que eu tinha de pertencer a algo
especial. Assistindo Glee eu me sentia próxima de todas essas coisas. Aquilo
era a ficção que eu gostaria que fosse minha realidade.
Nunca recebi
raspadinhas coloridas na cara, nunca sofri o bullying que os personagens da
série receberam por serem gays, filhos de gays (no caso da Rachel), gorda,
cadeirante, asiática, burra, esquisita ou qualquer outra coisa e agradeço a
Deus por isso, esses são motivos pelos quais jovens do mundo inteiro se
identificaram com a série, no meu caso me identifiquei com a Rachel,
simplesmente pelo fato de também ser invisível. Eu não sei o que dói mais, uma
raspadinha gelada ou o fato das pessoas te “conhecerem” por anos e nem saberem
seu nome, o fato de chegar ao terceiro ano do ensino médio após estudar 3 anos
com as mesmas pessoas e uma delas (um garoto, sempre tem que haver um idiota)
virar pra você e dizer: você fala? Achei que fosse muda! Mas as coisas
melhoraram pra mim e pra Rachel Berry também, pois deu a volta por cima, deixou
de ser a nariguda fracassada da primeira temporada para ser a vencedora do tony
na última. Lea michele fez da Rachel um dos personagens mais icônicos da televisão,
porque mesmo quando ela ainda era invisível, ela era ambiciosa, guerreira,
inteligente, talentosa, independente e única. Com uma personalidade que nem dez
Quinn’s fabray alcançariam. (No quesito atuação também, Lea é bem melhor do que
a chata da Dianna Agron)
Passamos seis
incríveis anos no Mckinley acompanhando a evolução desses personagens
incríveis. Sr Shue, Rachel, Finn, Mercedes, kurt, Artie, tina, Santana,
Britanny, Quinn, puck, emma e a ladra de holofotes Sue sylvester. Toda vez que
Jane Lynch aparecia com sua presença e suas piadinhas preconceituosas (confesso
que ria quando ela chama kurt de porcelana) era um show a parte.
Cada um desses personagens
abordou um tema tabu para os adolescentes. Quantos depoimentos vemos de teen
que se assumiram por causa de Glee? A série inovou na sua proposta de trazer a
mesa assuntos não muito explorados em outras séries. A homossexualidade, sexo.
Gravidez, síndrome de down, obesidade, toc, bullying, suicídio, alcoolismo e
até no ultimo momento o show de Ryan Murphy quebrou mais um tabu ao abordar a
barriga de aluguel como forma de ajudar casais gays (Rachel grávida de kurt e
blaine é muito amor) tudo era discutido abertamente para conscientizar o telespectador
e abrir os olhos dos pais que assistiam junto. Minha mãe assistia só por causa
das baladas românticas apresentadas por eles. Rs
E por falar em
musica, não há como negar que os covers eram o maior atrativo da produção.
Quantas musicas conheci através de Glee, e quantas delas eu só ouço na voz
deles? É claro que algumas eles não conseguiram salvar e algumas versões não
ficaram tão boas como as originais, como Girls Just wanna have fun, que deveria
ser uma versão divertida das meninas, mas fizeram uma versão mais melancólica
que não colou. Eles mesmo tiram sarro de algumas versões em alguns episódios.
Além das musicas também existem as milhares referencias aos musicais, desde
funny girl, Chicago, os miseráveis, hair, cantando na chuva até frozen. Sempre
fui fã de musicais e saber que a série era musical foi o principal atrativo
para começar a assisti-la. Virei fã de Barbra streisand só por que seu nome foi
citado 300 vezes por Rachel. A ligação de Glee com a cultura pop e cinematográfica
também era muito forte. O próprio nome da protagonista era por causa de outra Rachel
de uma série super popular com os melhores friends ever.
E por falar em
amizade a série nos ensina que nunca é bom ficar sozinho, sempre é melhor
trilhar com alguém ao nosso lado. Os integrantes principais criaram um laço
muito forte e no começo eles se odiavam. E acompanhar esses laços afetuosos que
era o gostoso da série, mas os criadores apertaram um botão do controle remoto
que avançaram muito as coisas. Quando eles criaram um vinculo, logo Ryan Murphy
(the diretor) deu um jeito de separá-los. Acreditei que Rachel, kurt, blaine e
Santana em nova York renderia ótimas tramas mas o cansaço foi repentino e logo
o publico queria a volta do elenco principal ao mckinley, onde tudo era mais
familiar, simples e bom. Trocaram eles por copias totalmente sem brilho. Nem se
deram ao trabalho de inovar na composição dos mesmos, nos deram versões
pioradas dos originais. Atores sem força e presença alguma. Aquela Marley
(Melissa Benoist) era um sonífero cantante, não sei da onde ela tirará talento
para interpretar a super girl. A que fazia a Quinn 2.0 também, outra cheerleader
crente do rabo quente. Além de outras duplicatas que não deram certo e sumiram em
seguida. Esse foi o erro de Glee, por isso que pessoas como eu que amava a
série deixou de assisti-la. Ela sumia com personagens bons que poderiam ser
ótimos se bem explorados, como a Sunshine do começo da 2° temporada, o Jesse,
que apareceu na ultima temporada já casado com berry e tantos outros. Além da
Demi e do Adam que apareciam eventualmente, sem nada a acrescentar. Temos que
admitir que apenas as duas primeiras temporadas valeram realmente a pena.
E quem diria
que terminaríamos a série sem Corey? O protagonista Finn que era carismático e
burrinho mas que tinha uma voz encantadora. As homenagens prestadas são de
encher os olhos d’água.
O Glee club acabou.
Não da forma que merecia, o ultimo episódio não foi tão emocionante, mas tudo
bem. Torcemos para que eles tenham sorte e que surjam mais séries com a mesma
proposta, e que elas dêem certo, que não flopem como Smash. Sentiremos saudades
do Mckinley, mas a lição principal aprendemos na sala do coral: Don’t stop
believin...
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