segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Review 2° temporada de Black Mirror



[ALERTA DE SPOILER]


          Já falei aqui no blog da 1° temporada da série e achava que a segunda não seria tão bizarra quanto ela, mas estava enganada pois o estoque mental de criatividade dos criadores foi além e conseguiu fazer coisas realmente assustadoras, a segunda temporada veio focando ainda mais nas bizarrices e o primeiro episódio trouxe a maior de todas.



          O 1° episódio foi protagonizado pela Hayley Atwell que é a Agente Carter do universo Marvel e pelo Domhnall Gleeson que é um dos queridinhos atualmente já que está em filmes como Star Wars o Despertar da força e Questão de tempo, filme amado por todos que o assistem. Eles interpretam um casal normal, mas o marido morre e a mulher precisa lidar com a dor da perda, para isso ela conhece um meio tecnológico onde pode conversar com o marido morto por mensagens e no ultimo nível da coisa ela pode tê-lo de volta em carne e o osso (ou quase isso)
          Perder alguém que se ama é muito doloroso e ter a oportunidade de ter essa pessoa de volta é tudo que poderíamos querer. Por isso ao mesmo tempo que esse esse episódio é bem assustador, entendemos o desespero dessa mulher que está grávida e acabou de perder o marido. O ponto positivo é que os criadores não o fizeram para ser malvado como tantas produções hollywoodianas que abordam esse tema da ressurreição. A nova versão do marido dela é gentil, amável, compreensivo, bom de cama e tantas outras coisas boas que uma mulher poderia querer, ele só tinha um problema... tirando a aparência física ele não era nada como o marido dela e aos poucos ela vai se frustrando com isso, vai ficando furiosa com aquele ser. O episódio mostra que por mais avançada que esteja a tecnologia e a inteligência artificial ela nunca substituirá a vida. A personagem não queria um robô escravo ela queria o marido de volta e isso ela nunca poderia ter. As atuações da Hayley e do Domhnall estão magníficas. Não poderiam ter iniciado a temporada com um elenco e com uma historia melhor.


      Pessoalmente o 2° episódio foi um dos menos empolgantes, mas reconheço a importância dele e de sua ideia principal. Nele temos Victoria (Lenora Crichlow) uma mulher desmemoriada que acorda em uma casa que não é a dela, a partir daí ela vai tentando descobrir como foi parar ali e quem ela é. Ao sair nas ruas ela percebe que todas as pessoas estão com a câmera do celular apontadas para ela como se ela fosse uma figura famosa ou algo do tipo...
        Nesse episódio temos a atriz Tuppence Middleton de Sense 8, ela que “ajuda” a protagonista a fugir daqueles “abutres” até no final surgir a grande revelação de que tudo aquilo é um programa de TV e Victoria nada mais é do que uma assassina que filmou o namorado matando uma criança. Essa foi uma das revelações mais bombásticas de todos os episódios, a punição dela faz todo sentido e em um primeiro momento até concordamos com ela, é aquela coisa de pagar na mesma moeda, mas depois começamos a perceber o exagero de tudo aquilo, ela sofre horrores nas mãos daqueles produtores e é quase desumano o tratamento que dão a ela, em contrapartida no nosso subconsciente desejamos que tivesse uma punição do tipo no sistema judiciário brasileiro pois pensamos na dor daquela criança que ela viu morrer e na família que sofreu com ela. Esse episódio é uma faca de dois gumes, ele nos faz mudar de ideia inúmeras vezes, eu pelo menos mudei umas 100 vezes, e você, gostaria que criassem algo do tipo por aqui?


          O 3° episódio foi um dos mais fracos e o que menos se dá para criar teorias até por que a verdade fica explicita nele e ele tem um dos desfechos mais tristes. Nele Daniel Rigby interpreta um comediante que dá vida a um ursinho boca suja e desaforado, coisa bem corriqueira no cenário da comédia atualmente e logo esse personagem criado por ele se vê inserido no mundo da política, pois não tem papas na língua e enfrenta seus representantes. Mas é claro que ser tão sincero tem um preço, as pessoas não gostam de ouvir a verdade, ainda mais vindo de um animal criado por animação que usa uma linguagem agressiva para dar opinião. O episódio é mais um criado para criticar a mídia sensacionalista e também para mostrar o lado do artista que sofre as consequências de estar inserido nesse meio e falar o que quer. Em certos momentos o bichinho é muito irritante, mas ele fala o que tem de ser dito, tanto que no fim aquele que lhe dá voz e movimento vira um fracassado e se torna um morador de rua. Esse é bem triste e mostra a realidade de muitos artistas, tanto os que vivem de criticar quanto tantos outros que atuam, apresentam programas, cantam e etc...


          A TV britânica é conhecida por seus especiais de natal e essa 2° temporada Black Mirror não ficou de fora. O episódio é protagonizado por Jon Hamm de Mad Men e Rafe Spall de As Aventuras de Pi. Nele o personagem de Hamm é uma espécie de conselheiro amoroso tecnológico e uma das consultas dadas a um rapaz (e assistida por outros) vai muito mal e o rapaz morre, todo o trabalho dele e essa fatalidade é contada ao personagem de Spall por ele mesmo. No principio não sabemos ao certo como eles se conhecem e como chegaram naquela cabana no meio do nada. Quando a historia do personagem de Rafe passa a ser narrada começamos a embarcar na verdadeira historia que o episódio queria contar e onde está a problemática a ser resolvida. Nele vemos um casal que aparentemente se dá muito bem até a mulher contar que está grávida e eles ficarem divididos sobre o que eles querem, a mulher não quer ter a criança, já ele quer, e nesse episódio é apresentado uma forma de bloquear as pessoas na vida real, assim as outras não podem vê-las e nem ouvi-las. O cara surta por querer o filho e a mulher bloqueia ele e assim fica.
          Ela tem a criança, ela cresce e ele só observa aquele borrão de longe. Inicialmente ficamos do lado dele, afinal imagina se ver proibido de conhecer a filha? Mas as ações dele começam a apontar a agressividade que o publico não conhecia, mas a esposa conhecia muito bem, tanto que no final ele termina com um fardo enorme a carregar e não somente ele, mas o personagem ouvinte também. Os dois protagonistas têm um horrível desfecho e apesar desse episódio ser um enigma em algumas cenas ele é um daqueles que mais se dá para analisar e destrinchar.
          Assim como na primeira temporada o forte dessa também é a qualidade de roteiro e atuação, o 1° episódio foi o que mais me marcou, fiquei acordada por horas pensando nele, agora ferrarei minha cabeça com a 3° temporada.

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