domingo, 26 de fevereiro de 2017

Indicados ao Oscar: Um limite entre nós


          Dos indicados ao Oscar esse é o que menos gostei. Ele é aquele típico filme boring feito somente para concorrer a prêmios. Sabe aqueles filmes indicados que são assistidos só pelos cinéfilos e só por que eles estão fazendo uma maratona do Oscar? Esse filme é ele. Aquele tipo de filme que a gente assiste uma vez para nunca mais e que não indica para as pessoas normais por que sabe que elas vão odiar.
          Fences é um filme baseado numa peça de teatro muito aclamada e conta a história de Troy, um ex jogador de beisebol que sonhava em se tornar profissional mas acabou trabalhando como lixeiro.
            No filme vemos o retrato de um homem frustrado que está infeliz com o rumo que levou sua vida, mas em nenhum momento sentimos pena dele graças a sua arrogância e seu jeito ignorante de ser. Ele é um homem muito real. Ao ver esse personagem nos remetemos a pelo menos uma pessoa que conhecemos e que é assim (eu posso citar uns cinco entre parentes e conhecidos) ele é aquele típico macho alfa que acha que a mulher deve viver somente para ele, o alimentando, cuidando dele e fazendo tudo que ele manda, pois é o dever dela como esposa.
           Ele dá ordens a ela o tempo todo e sempre joga na cara que ele é um ótimo marido simplesmente pelo fato de trabalhar e botar comida na mesa. Faz comentários sexuais embaraçosos na gente do amigo dele e trata os filhos como lixo, principalmente o mais novo que também quer ser jogador, mas o pai não aceita por inveja já que ele não conseguiu realizar seu sonho. 


          Troy é interpretado por Denzel Washington que também dirige o filme. Sua direção é quase apática e quase inexistente, não vejo razão pela indicação a melhor direção. Mas sobre o quesito atuação sabemos que Denzel é excelente, não há como dizer o contrário, mas nesse filme ele está apenas ok. Logicamente existem cenas em que seu talento como ator é melhor explorado e ele se destaca, mas na maioria das cenas seu trabalho é tão mecanizado, tão calculado, que parece estar no teatro.
          Como a maioria dos críticos falaram, esse filme realmente parece uma peça de teatro, ele pegou o mesmo texto da peça, foram para um estúdio de cinema e filmaram a peça, a impressão é essa. Eles não enxugaram e não melhoraram nada. Tanto que os diálogos são chatos e intermináveis, parece que a trama não evolui, não anda, parecem estagnados naquele mesmo espaço para sempre e isso é muito ruim para um filme. Teatro é teatro, cinema é cinema, são mídias completamente diferentes, eles deveriam ter trabalhado melhor nisso.
          Quem salva o filme é Viola Davis que faz a doce Rose e brilha nas cenas em que aparece. Por mais que o roteiro tente pôr a culpa nela sabemos quem é o verdadeiro culpado ali. Há uma reviravolta no filme que nos faz acordar. Viola como Rose magoada e de coração partido protagoniza a melhor cena do filme, e a cena por qual ela foi indicada ao Oscar. Provavelmente ele levará o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
             Um limite entre nós é um filme que testa nossa paciência. O começo do filme então é um martírio, só depois da reviravolta citada acima que ele ganha força. Mas o pior de tudo é a forma que os personagens ficam endeusando seu protagonista escroto, falando coisas boas que ele proporcionou a cada um, coisas que não convencem. Antigamente sabemos que as coisas funcionavam dessa forma, o homem podia ser um ogro mas se ele botasse comida na mesa ele era um herói. O assustador é parar para refletir e pensar que ainda hoje existem mulheres que se submetem a isso. Se vocês também estão fazendo maratona do Oscar recomendo que veja esse filme, mas do contrário passe longe, a não ser que você seja uma pessoa muito paciente.  

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