terça-feira, 15 de novembro de 2016

Review Livro e filme Madame Bovary


         O que fazer quando nada preenche você? Nem dinheiro, belos vestidos, uma bela casa e nem mesmo o “amor”? Esse é o fardo de Emma, a madame Bovary e esse é um livro sobre a depressão de uma mulher.
         Madame Bovary é um romance de 1857 que conta a história de Emma, uma moça romântica que se casa por conveniência com o médico Charles que mesmo sendo bondoso e amável com a esposa é um homem entediante que quer viver a vida toda no interior, o que contraria o desejo de aventura e paixão que Emma tem.
          Esse é considerado um dos maiores romances já escritos e foi a primeira obra da Literatura realista (que tanto estudamos na escola e eu agora também na faculdade) ele foi escrito por Gustave Flaubert, um escritor Francês que foi levado a julgamento por causa desse livro, foi acusado de ofensa a moral e a religião, motivados principalmente pelo adultério, assunto retratado no livro e que como é de se esperar causou espanto na sociedade conservadora da época.

          Imagina o escândalo dos puritanos ao lerem um livro onde uma mulher casada tem dois amantes? Esse é certamente um livro a frente do seu tempo, tanto pelo assunto polêmico quanto pela naturalidade que o autor trata a traição, ele não procura vilanizar a personagem por conta da sua conduta, ele a retrata apenas como uma mulher desesperada pelo tão idealizado romance que ela lê nos livros.
          Emma achou que a vida de casada seria a melhor época de sua vida, ela era iludida e depositava sua felicidade nos outros, ela claramente não se sentia confortável consigo mesma e se sentia sozinha mesmo estando com Charles. Muitas vezes ao ler o livro nós damos razão a moça, afinal Charles era realmente chato, não conversava, não queria sair de casa, mesmo com dinheiro não a levava para viajar, não era bom de cama... não era bom em nada, nem mesmo em sua profissão ele se esforçava para ser o melhor, tanto que há um capitulo onde faz uma asneira com um paciente causando revolta na esposa que deixava de admira-lo ainda mais. E mesmo que as pessoas não digam, admiração importa e muito. Charles só era um bom homem e bom marido, mas isso não é o suficiente, não era naquela época e não é hoje.

          Por conta dessas desilusões ela teve dois amantes, Leon que era um rapaz tão avido como ela e Rodolphe, um conquistador que fez Emma cair de amores por ele. Emma era tão desesperada e obcecada por eles que acabou por diluir a afeição deles. Além das dívidas que ela começou a fazer por conta de seus caprichos e suas viagens para ver Leon. E isso acabou por afunda-la ainda mais, fora que as pessoas começaram a comentar sobre suas infidelidades. 

         
          É claro que esse livro tão famoso tem suas adaptações para o cinema e a Tv, eu assisti ao filme de 2015 onde a Mia Wasikowska (de Alice no pais das maravilhas) vive a Emma Bovary e mesmo sendo uma atriz limitada ela conseguiu fazer uma boa Emma, justamente por sua limitação e sua aparência apática, que é exatamente como soa a personagem principal do livro, uma mulher que oscila entre a agradável (quando lhe convém) e a antipática. E também com as pessoas onde tem seus surtos de patroa chata com a empregada, a humilhando, e as vezes a trata como amiga, o que foi bem retratado no filme (mesmo que no livro os maus tratos sejam mais constantes) ainda bem que o filme nos poupou de vê-la se desfazendo da filha Berta, eles não a colocaram como mãe no filme e por isso não vemos a pobrezinha sofrer com a indiferença e a ausência da mãe e claro ele nos poupa do destino sofrido que a menina teve. Isso foi até bom para que quem assistisse não tenha ainda mais ódio da personagem.
          Quem vive o marido é Henry lloyd (Harry Potter) e os amantes são Ezra Miller (The Flash) como Leon e Logan Marshall (que estará em Spider man: Homecoming) como Rodolph. Também tem outros rostos conhecidos como o Paul Giamatti e o Rhys Ifans. O visual campestre do filme é muito bonito e os cenários é a materialização perfeito do que lemos, o figurino também é lindo, os vestidos de Emma são maravilhosos, adequados a época e de cores vivas que ficam deslumbrantes.
           O filme é bem fiel ao livro, tirando algumas ressalvas como a ausência da filha, de alguns personagens menores, o final que foi um pouco modificado mas terminou bem e algumas cenas que faltaram, mas todas sem muita importância.
           Apesar da época que foi escrito, o livro é fácil de ler, ele flui muito bem, mesmo com uma palavra ou outra que não conhecemos. O autor deixa a cargo do leitor julgar Emma e suas ações, sabemos que ela não era uma boa esposa e muito menos uma boa mãe,  era difícil de lidar, mas mesmo assim simpatizamos com o sofrimento dela e sua busca constante pela felicidade, pois nos identificamos com isso, em certo momento do livro ela fala sobre a liberdade que os homens tem, ela diz que queria ter tido um filho homem por que em suas palavras: “um homem pelo menos é livre, pode explorar todas as paixões e todas as terras, mas uma mulher é continuamente impedida de tudo” hoje em dia isso mudou bastante mas a liberdade da mulher ainda é mal vista. Deixando a parte da infidelidade e da insistência em ser amada de lado, quantas “Emmas” não conhecemos? Ou melhor, nós mesmas não somos como ela as vezes? 

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