Quando
fui assistir La La Land (sozinha) na hora de comprar o meu ingresso a menina da
bilheteria que estava me atendendo de forma bem simpática, disse assim que me
entregou o ingresso: “Me desculpa, esqueci de avisar que o filme é legendado” e
eu retribuindo o sorriso falei: “tudo bem, foi por isso mesmo que eu comprei” e
nesse momento a expressão dela mudou, ela deu um até logo bem sem graça e
partiu para atender o próximo. Por que isso aconteceu? Na hora nem eu entendi
direito. Por que dizer que queria assistir um filme legendado incomodou tanto
ela? Eu estava sorrindo quando falei aquilo. Mas ai me veio a memória todas as
expressões confusas e desdenhosas que já levei ao expor os meus gostos e
preferências ao decorrer da vida.
Quem
gosta de cinema, série, quadrinhos ou qualquer outra coisa relacionada a
cultura pop já se sentiu intimidado pelas expressões faciais citadas acima.
Caras tortas de pessoas que não entendem bem os nossos gostos ou que nos julgam
por eles. Hoje em dia a quantidade de pessoas que admiram essas coisas é
enorme, prova disso são as comic cons lotadas pelo mundo. Mas em nosso meio (ou
pelo menos no meu) sempre há aquelas pessoas que não nos compreendem. Que nos
acham estranhos, idolatras (experimente gostar dessas coisas sendo cristã, é
difícil) ou infantis.
Recentemente
me deparei com duas personagens (bem parecidas por sinal) que me inspiraram
para escrever esse texto. Uma delas é a Bela de A bela e a fera. A personagem é
classificada como “estranha” por que gosta de ler e por que não tem o casamento
como o maior sonho da vida dela (diferente das outras princesas). Tanto na
animação de 1991 quanto na versão Live Action desse ano, ela se sente
menosprezada pelas pessoas que falam isso dela, tanto que ela pergunta ao pai
se ela é assim, por que por mais que ela seja segura de si essas coisas
incomodam. E sabemos que às vezes nos incomodam também. Ela é a Bela, mas não é recatada e do lar
(desculpem a analogia podre rs) ela quer sair por ai e se aventurar, mas por
estar inserida em um mundo muito pequeno e limitado seu único jeito de viajar é
pelas paginas dos livros.
Então
imagina conhecer um homem (nesse caso uma fera) que tenha milhões de livros! Ela
fica deslumbrada. Mesmo que inicialmente ele seja um grosso sem paciência (seja
por conta da Fera nele ou não) e ainda há a discussão a cerca da síndrome de
Estocolmo onde a vitima se apaixona pelo seu sequestrador e também sobre ela
estar inserida em um relacionamento abusivo pois em algumas cenas ele grita com
ela. Tudo isso é bem problemático, pois dá esperança a muitas mulheres vitimas
de abusos. Mesmo amando o filme não posso fechar meus olhos para isso. Mas esquecendo
dos problemas, vemos que Bela é tachada de “diferente” por causa dos seu apresso
pela literatura.
Uma
coisa que gostei bastante nesse Live action é o fato deles discutirem sobre
alguns livros, o que não acontece na versão original. Quantas vezes já ouvi
comentários negativos só por que tenho o habito de ler bastante. Com a
faculdade de Letras e a indicação de livros clássicos esse habito só
intensificou. Quero ler Guerra e paz, os miseráveis e Anna Karenina tudo ao
mesmo tempo, todos calhamaços, por que meu amor pelos livros está mais voraz do
que nunca. Nunca fui tão Bela ou tão a personagem que citarei a seguir.
E
a personagem é Rory Gilmore da série Gilmore Girls. Quando criança eu assistia
alguns episódios esporadicamente na TV e agora que ela entrou no catalogo da
Netflix e ainda teve um revival comecei a assisti-la de verdade e no começo
estava difícil me prender a série, mas logo aprendi a me apegar justamente por
causa da Rory e seu gosto pela leitura. Ela lê muito, muito mesmo, tanto que
fiz questão de participar do Desafio literário Rory Gilmore e tenho a minha
“listinha” de livros citados por ela na série que lerei ao decorrer da vida.
Mas não foi apenas seu apreço literário que me fez incluí-la aqui.
[ALERTA
DE SPOILER] Estou na 4° temporada de Gilmore girls e nessa parte ela passou em
Yale e por conta disso os habitantes de Stars Hollow, começaram a achar que ela
não está mais se envolvendo nas atividades da cidade por que está metida por
ter passado em uma universidade de prestigio. E boa como a personagem é, ela
fica se desdobrando para estar em todos os lugares e provar que não mudou. Mas
e daí se mudou? Pessoas mudam. Adquirem novas e maravilhosas responsabilidades.
Então
parem de achar que uma pessoa é metida, soberba ou estranha só porque elas
preferem assistir filmes legendados, porque querem se dedicar aos estudos ou gostam intensamente de filmes, livros, séries,
HQs e qualquer outra coisa. Não achem que uma pessoa é estranha só porque tem
um gosto diferente do seu. Só porque ela prefere ouvir a trilha sonora de um
filme do que um sertanejo universitário ou musica gospel. Por que ela acha Oamante de Lady chatterley mil vezes mais excitante do que 50 tons de cinza (eu
mesma). E para pessoas com os mesmos dilemas que eu, eu digo, viver cercado de
pessoas que acham que Comic con experience é acampamento da igreja é muito
chato, mas faz parte, não se sinta mal por você amar essas coisas. Muitas vezes só queremos um tempo a sós para
curtir as coisas que amamos, só queremos maratonar O poderoso chefão comendo
biscoito e sendo feliz.
Oi! Então somos todos estranhos aqui em casa, junto com você, porque só assistimos filmes dublados quando não há mais entrada para o filme legendado. Não liga para esses doidos aí, que brincam de Deus e julgam os outros. Beijo em você.
ResponderExcluirwww.dicasdaclau.com
oie, vocês são maravilhosos então <3 beijos pra vc tb
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