terça-feira, 7 de março de 2017

Review filme Logan


          Wolverine sempre foi um personagem conhecido por sua força e sua brutalidade, mesmo que nos outros filmes a violência não seja tão escancarada como é nesse, nós reconhecíamos essas características do personagem. Os fãs de quadrinhos então são mais familiarizados ainda. Os que assistiram (assim como eu) o desenho X men evolution no SBT (na hora do almoço, ah que saudade) também conhecem esse lado do herói. Agora você pensa num filme em que esse personagem está destruído, derrotado, humanizado... Esse é Logan, o filme que dentre muitos aspectos te ganha pela dor e pela emoção.
          O filme se passa em 2024 e nesse futuro os mutantes estão praticamente extintos e uma instituição está transformando crianças mutantes em assassinas por isso Logan e professor Xavier devem proteger uma dessas crianças, a X 23, dos vilões que estão atrás dela.
              A humanização do herói começa pelo titulo do filme, que já não é mais “Wolverine” e sim Logan, o ser humano que se esconde dentro do herói. E no começo já dá para perceber que as coisas estão diferentes. O futuro é sujo e empoeirado e Logan está trabalhando como motorista de limusines. Ele anseia por uma vida normal, mas ele sabe que isso não é possível.
           Ele e outro mutante chamado de Caliban tomam conta de um Charles Xavier debilitado, magro e com alzheimer. Para nós fãs que acompanhamos os filmes dos X men desde o começo é pesado ver o Xavier daquela forma. Tanto que particularmente sofri mais com esse personagem do que com o próprio Logan. Charles é o mutante mais poderoso do mundo graças a sua mente, mas aqui está apenas um velhinho acamado e gagá. É a mesma coisa de ver aquele seu avô que era forte e cheio de saúde mas agora está doente e a beira da morte. A minha sensação foi essa. O embrulho no estomago e o aperto no peito por causa dele permaneceu durante todo o filme.
          O Patrick Stewart está sensacional nesse filme, essa é realmente sua melhor atuação como Charles Xavier. Ele perdeu 10 kgs para fazer o personagem e todo seu sofrimento é bem aparente. Ele forma a dupla perfeita com Hugh Jackman que também está em seu melhor momento. A culpa e a dor que Logan carrega refletem em sua aparência física, Hugh parece uns 20 anos mais velho do que realmente é, os seus traumas do passado estão presentes nas feridas que não se cicatrizam, no cabelo grisalho, na vista avermelhada e na aparência cansada. Os laços dos dois personagens se estreitam ainda mais nesse filme, fazendo parecer como se os dois fossem pai e filho.
             A Novata Dafne Keen foi um tiro no alvo como a mutante Laura. A menina é incrível e encanta tanto em sua atuação como uma criança calada quanto nos momentos de porradaria quando ela chuta a bunda de todos os vilões. Há uma força e energia muito grande nela. Ela é ótima quando está silenciosa, quando é agressiva com Logan e quando briga com os vilões. Mesmo com a pouca idade ela encontrou o tom da personagem.


          A relação da menina com os personagens principais é muito interessante. De um lado temos uma versão doce dela ao lidar com Charles, como uma neta e seu avô e do outro temos ela e Logan onde os dois brigam bastante, mas há um afeto não dito.
         Os grupo de vilões é encabeçado pelo capanga Donald Pierce interpretado pelo ator Boyd holdbrook, que faz um bom personagem e até trás diálogos bem humorados algumas vezes.
          Um personagem de quem gostei bastante é do “babá” do Xavier, o Caliban interpretado pelo ator de comédia Stephen Merchant que está ótimo como o mutante que é uma versão de nosferatu (como ele mesmo diz) dos mutantes. Ele é bondoso, preocupado e fiel aos seus companheiros, e essa fidelidade gera uma cena maravilhosa.
        No cinema onde assisti só havia copias dubladas e posso dizer que a dublagem está excelente. A voz do dublador Isaac Bardavid é sempre bem vinda ao personagem, e seus momentos com o Hugh Jackman aqui no Brasil estão emocionantes. A voz dele sempre ajudou a acentuar a maturidade que o personagem exigia, mesmo nos primeiros filmes onde nem a cabeleira e as costeletas de Jackman conseguiam envelhecer sua carinha de bebe. Outra voz que estava muito boa na versão dublada era a voz do Caliban, ela colaborou ainda mais na empatia pelo personagem.
         O filme tem ótimas sequencias de ação, às vezes interruptamente, mas isso não o torna cansativo. São cenas muito bem coreografadas, mesmo que visivelmente esse não seja o foco do longa e sim no drama em si.
       Logan é um filme poderoso em diversos aspectos. Ele dá poder a uma menina com raízes latinas. Aborda a velhice em seu pior aspecto, o que é interessante já que não conhecemos os mutantes nessa fase da vida. Mostra uma versão esgotada do herói depois de anos salvando vidas, mostra também uma versão paternal de Logan e Xavier e comemora a morte como alternativa de paz e descanso e não de algo ruim como a maioria das pessoas a veem. O diretor James Mangold e Hugh Jackman encerram com chave de ouro a passagem desse personagem tão querido e icônico no cinema, esse é sem duvida o melhor filme com o personagem e um dos melhores e mais reais filmes de herói de todos os tempos. A dor e a saudade são definitivamente sentidas. Esse filme é um “adeus” e ao mesmo tempo um “pra sempre”.

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