segunda-feira, 17 de abril de 2017

Review livro + série 13 reasons why (Com Spoilers)


          Depois de muita recomendação (principalmente dos booktubers que eu acompanho) finalmente me rendi ao livro Os 13 porquês. Confesso que meu interesse aumentou ainda mais depois que fiquei sabendo da série e também quando fiquei sabendo que a produtora era a Selena Gomez, estava curiosa para ver como seria e a surpresa pela repercussão foi enorme. Quem diria que a série ia dar tanto o que falar e que teria essa visibilidade toda. O fato da Netflix ser conhecida por produzir bom conteúdo e pelos 13 porquês já ter uma legião de fãs por causa do livro contribuíram bastante mas o mérito da série vai além disso.
          Os 13 porquês é um romance escrito pelo autor Jay Asher que foi lançado em 2007 e conta a historia da Hannah Baker uma menina que cometeu suicídio, mas que antes gravou 13 fitas para 13 pessoas responsáveis pela sua morte.  
            O livro já começa com as fitas na porta de Clay Jensen e a narrativa é intercalada entre ele e Hannah. O tipo de fonte utilizada é o que diferencia cada um deles e aos poucos vamos conhecendo a relação que os dois tinham e a relação de Hannah com as pessoas da fita. Demorou um pouco para que eu conseguisse mergulhar na narrativa e sentisse a dor de Hannah, mesmo ela sendo uma personagem interessante desde o começo, assim como Clay. 
         Os nomes dos personagens também me confundiram bastante no inicio. Eles tem nomes corriqueiros de teens americanos como Justin, Alex, Tyler, Zack e Ryan e isso me confundia, por vezes tinha que parar e lembrar de quem ela estava falando. A personalidade parecida de alguns deles só ajudava a embaralhar as coisas. A série que me ajudou a se situar melhor nos personagens.
             O livro tem uma narrativa fácil gramaticalmente, mas difícil por causa do tema. Esse foi o primeiro livro do autor e foi um bom pontapé inicial. Apesar de algumas inconsistências que irei citar abaixo quando falar da série, ele conseguiu entender muito bem como funciona a cabeça de uma adolescente, mesmo o autor tendo 31 anos na época quando escreveu o livro.


         A série é bem fiel ao livro, os mesmos personagens estão ali com suas atitudes estúpidas (até Hannah e Clay) e seus medos. Há cenas exatamente iguais as do livro. Ele foi muito bem adaptado, mas é claro que como estamos falando de uma série de TV, algumas mudanças precisaram acontecer.
             No livro o Clay ouve as fitas em uma tacada só, na mesma noite em que recebeu elas e por isso ele não tem muito contato com os outros personagens, apenas com Tony que se torna sua sombra em ambas as mídias. Na série ele ouve uma fita por episódio e por isso cada episódio abordou um “porque” o que ficou muito bem dividido. Mesmo que nos irritemos com Clay e sua lerdeza em ouvi-las (o próprio roteiro brinca com isso) temos que admitir que esse foi o melhor recurso para o prolongamento da historia.
          Uma coisa irritante de verdade em Clay é o fato dele ficar no pé dos bullies como se fosse um super herói, ou um vingador da Hannah. No livro ele apenas taca a pedra na janela de Tyler, na série ele procura se vingar de cada um.
            Outra mudança foi que na série eles mostram o relacionamento dos adolescentes com os pais. A partir deles sabemos por que alguns deles são do jeito que são. Destaque para a bela relação de Hannah com seus pais. Os dois tiveram muito mais tempo de tela e mostrou que eles tinham sim uma família feliz, apesar de alguns problemas. E que o suicídio de forma nenhuma partiu de uma má criação ou de maus tratos dentro de casa. E por isso surge de vez em quando uma acusação de egoísmo por parte da Hannah, de não ter pensado neles. Mas pela conversa com o orientador entendemos um pouquinho do que ela sentia em relação a deixa-los.
            O elenco teen é bastante competente, tanto que eles só potencializam nossa raiva por seus personagens. Justin (Brandon Flynn) é o primeiro namorado de Hannah e o primeiro “porque”, suas atitudes são justificadas na série por conta de sua mãe que não se importa com ele e que tem um relacionamento abusivo. Jessica (Alisha Boe) e Alex (Miles Heizer) são os típicos adolescentes que querem ser populares e por isso abandonam aqueles amigos que não são, como foi com Hannah. E Jessica ainda é estuprada por Bryce (Justin Prentice) o mais popular da escola e que reproduz o estereotipo do macho alfa quando na verdade é um abusador babaca sem respeito nenhum. Inclusive ele também estupra Hannah.


          Tyler (Devin Druid) é o Stalker sem noção, Zach (Ross Butler) é o filhinho de mamãe que consegue tudo o que quer e por isso achou que conseguiria Hannah facilmente só por que ela tinha fama de vagabunda. Marcus (Steven Silver) é outro popular idiota que também está acostumado a ter tudo o que quer. Courtney (Michelle) é o estereotipo daquela colega legal e prestativa que só vive de aparência pois quando na verdade ela está pouco se lixando para as pessoas ao seu redor. Enquanto Sheri (Ajiona) e Ryan (Tomy) que apesar de serem legais tomaram atitudes erradas com a menina, ok o Ryan nem tãooo legal assim.
           E o único adulto que é um dos porquês é o orientador de Hannah, o Sr Porter (Derek Luke) que não deu a devida atenção aos sinais de suicídio.
           Mas as grandes atuações da série ficam a cargo dos pais de Hannah interpretados pela Kate Walsh e pelo Bryan D’arcy James. O sofrimento no rosto deles é tão palpável que parte o coração, principalmente de Kate. De Christian Navarro como Tony, que dá muita sutileza e confiança a questão da sexualidade dele. E os protagonistas, a novata e já muito boa Katherine Langford que consegue exteriorizar sua alegria e sua tristeza muito bem, assim como Dylan Minnette como Clay, que esteve em O Homem nas trevas e teve um desempenho excelente na série. A química dos dois é evidente mesmo quando não estão contracenando juntos.
          Obviamente a série não é perfeita, ela tem um problema sério de ritmo, alguns episódios poderiam muito bem ser enxugados. E ela também tem algumas inconsistências que vieram do livro, como o fato da Hannah já ter tido experiências ruins em festas e mesmo assim ir em outra e se machucar mais ainda. O machucado incurável do Clay foi bastante comentado também e é sim uma falha, pois deduz que o expectador é burro, que as cores mais azuladas do presente e o colorido do passado na transição do tempo não são suficientes para o expectador entender em que tempo está e para isso precisa botar um machucado incurável na testa do protagonista.
                  Ambas as obras, livro e série, são muito importantes. Eles levam ao seu publico a verdade sobre problemas enfrentados pelos jovens e também por adultos, por que não? Por isso a importância dela. Recomendo os dois e escreverei um texto sobre a questão psicológica dela.


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