São
poucos os filmes que conseguem tratar do preconceito de forma tão sutil como
Get out. Por coincidência no mesmo dia que assisti esse, assisti também O sol é
para todos, um filme clássico que também aborda esse tema, mas ao contrario
desse ele esfrega na nossa cara o que realmente acontece. Get out foi os chutes
e o Sol é para todos foi o soco na cara.
Em
Corra! Chris parte com sua namorada Rose para a casa dos pais dela a fim de
passar um final de semana com eles para conhecê-los. Mas coisas esquisitas
começam a acontecer.
Logo
no começo Chris pergunta a namorada se os pais sabiam que ele é negro e ela diz
que sim e afirma que eles não são preconceituosos. Quem assiste não acredita
muito, afinal pelos trailers já sabemos que algo estranho irá acontecer, algo
relacionado a cor dele já que o começo do filme acusa isso.
E
as bizarrices começam na estrada. Eles atropelam um animal e quando a policia
chega, eles pedem para ver a carteira de motorista dele, sendo que a menina que
estava dirigindo. Mas esse é só um aperitivo. Brincadeira de criança perto do
que está por vir.
A
coisa mais interessante do filme é que quem assiste se identifica com o
protagonista. As reações que ele tem são as mesmas que as nossas. Ele é os
nossos olhos dentro daquele cenário. A sincronia em relação a isso foi
intencional e criada perfeitamente pelo roteiro e pela direção. Todas as
criticas desse filme levanta essa característica e ela é tão perceptível que
não tem como não cita-la.
Na
casa os sogros são completamente diferentes do que o publico e o protagonista
pensava. Assim como Rose disse, eles não são preconceituosos. Os empregados da
casa são negros (sentimos um certo estranhamento ao constatar isso) mas são
tratados bem, o que leva a nos simpatizar com eles.
Porém
esses empregados são bem peculiares, agem de forma diferente. Não só eles, mas
outros personagens também, só que esses são brancos que tem uma admiração
esquisita pelos negros. Acham que todos são iguais, são fortes, viris e
agressivos. Para a surpresa deles Chris é bem diferente desses estereótipos.
Alguns admiram celebridades negras. E na imensidão branca há alguns negros que
eles têm como “parte da família” assim como os pais de Rose.
Chris
é interpretado pelo ator Daniel Kaluuya, que fez algo tão bizarro quanto esse
filme na série Black Mirror. Ele ganhou um MTV movie awards recentemente por
esse filme e merecia muitos outros prêmios, pois sua atuação aqui está
impecável. Ele é alguém para ficar de
olho, pois é um baita ator. Rose é interpretada pela Allison Williams de Girls
e também tem uma excelente atuação, principalmente no ato final do filme. Seus
pais também são muito bem interpretados pelo Bradley Whitford e pela Catherine
Keener.
O
alivio cômico fica a cargo do amigo de Chris, o Lil rel Howery que quebra o
clima tenso sem prejudicar o ritmo da trama.
Get
Out é o tipo de filme que engana. Você acha que sabe exatamente o que vai
acontecer, mas depois fica de queixo caído. A forma como Chris descobre o podre
da família é simples demais, como se quisessem que ele descobrisse (talvez
queriam) mas quando ele descobre é chocante, e o que ele vai descobrindo depois
é mais freak ainda. Esse é um filme que não cansa de surpreender. O diretor e
roteirista Jordan Peele, mostra que na cabeça de um comediante pode existir
muita profundidade. O tema do preconceito é sutil e ao mesmo tempo um tapa na
cara, são coisas que é difícil de perceber e o filme abre nossos olhos para
isso. Get Out é um filme importante, chocante e um dos melhores suspenses do
ano (talvez em dezembro contatemos que é o melhor) deve ser assistido.
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