quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Review Planeta dos macacos: A Guerra (and Clássico do dia: o de 1968)


          Todas as adaptações cinematográficas de Planeta dos macacos vieram do livro de 1963 escrito por Pierre Boulle, muitas pessoas reclamam da diferença entre as obras, principalmente a diferença do livro para o filme clássico de 1968, por causa da aproximação de datas, o meu impasse quanto a isso se dá pelo fato de ainda não ter lido o livro, mas independente do seu conteúdo, as adaptações para o cinema conseguiram ganhar vida própria, tanto que muitos desconhecem a existência do livro mas conhecem os filmes lançados e essa trilogia talvez seja a adaptação mais amada e elogiada, e não só dentro do universo do planeta dos macacos, ela é uma das trilogias mais bem construídas dos últimos tempos, e o ápice do cuidado, da dedicação e da excelência vem com esse filme, agora sim esses filmes terão o reconhecimento que merecem.
          Planeta dos macacos: a guerra é sobre a guerra entre os macacos e um coronel inescrupuloso junto com seu exercito.

              Esse é o terceiro filme desse reboot que muitos acham ser o quinto filme do Planeta dos macacos quando na verdade existem muitos outros além desses, há o original Planet of apes de 1968, do Tim Burton de 2001 e outros filmes foram lançados em 1970 (De volta ao planeta dos macacos) 1971(Fuga do planeta dos macacos), 1972 (A conquista do planeta dos macacos) e 1973 (Batalha do planeta dos macacos) sim, um filme por ano e sabemos quanto Hollywood gosta de espremer a fruta até não sobrar mais caldo (olar Velozes e Furiosos e transformers) espero sinceramente que não façam isso com esse reboot.
          A guerra citada no titulo é mais modesta do que parece, ela não é uma guerra grandiosa pelo planeta terra e para provar quem é o animal mais racional, a guerra é pequena e pessoal, os macacos só querem ficar quietos em seu habitat natural que é a floresta, mas é claro que os humanos não poderiam permitir isso. O ser humano é um ser de características dominadoras, o racismo é um problema ainda hoje por conta dessa supremacia que só o homem branco elitista consegue enxergar e para provar sua superioridade ele precisa atacar as minorias, essa ideia foi perpetuada e debatida sutilmente desde Planeta dos macacos: A origem e aqui ela continua fazendo sentido e sendo uma metáfora para os dias de hoje e o cenário político que vivemos, onde já se viu os homens sendo controlados pelos símios? O jeito é escraviza-los e segrega-los. Outra metáfora, dessa vez à escravidão, mazela que anda lado a lado com o preconceito.

               Por isso a motivação do vilão talvez não seja forte o suficiente, mas convence por que isso é o que realmente acontece. E ele é interpretado pelo sempre eficiente Woody Harrelson, que apesar de ser conhecido por interpretar personagens que oscilam entre o drama e a comédia aqui consegue se sustentar apenas no drama e na tirania do coronel. 


          O Cesar é mais uma vez interpretado através da captura de performance do Andy Serkis que é o nome mais conhecido nesse tipo de atuação, tendo interpretado o Smigol em O Senhor dos anéis e o Kong em King Kong. Antes a captura era chamada de captura de movimentos, mas com a evolução dessa técnica agora ela é chamada de captura de perfomance, pois essa técnica foi se aprimorando e extraindo o melhor de cada ator, tornando suas emoções cada vez mais humanas e reais. Em A guerra esse movimento está aprimoradissimo, cada sentimento do personagem é passado de forma extraordinária, não deixando nada a desejar para a atuação convencional. Andy já tomou Cesar para si e o tornou um personagem icônico. E não somente ele, mas há todo um elenco capacitado ao seu redor, muitos deles ótimos atores que sempre interpretam personagens secundários em outras produções, como Steve Zahn e a Judy Greer (que trabalhou com Andy em De repente 30) não conheço bem os trabalhos de Karin Konoval, mas aqui ela também está ótima como o orangotango Maurice. Todos eles trazem sensibilidade para os macacos, os tornando mais humanos do que os próprios humanos.
                  A única humana que tem sentimentos como a compaixão é a atriz Amiah Miller, que não tem falas no filme (o motivo seria um spoiler) e sua personagem é a responsável pelo destino do coronel, mesmo que indiretamente. (ok, talvez isso seja um spoiler, mas nem tanto né?)
                  E voltando as comparações, esse ultimo filme tem varias referencias ao de 1968, no filme protagonizado pelo Charlton Heston os macacos também já são a maioria da população e eles que dominam. Nele há uma personagem bem parecida com a menina que vimos em A Guerra, uma menina que também não fala e parece mais primata do que os próprios primatas. Há a mesma forma de sacrificar os macacos em forma de X e também há uma boneca misteriosa. O filme clássico é essencial para quem gosta dessa trilogia, apesar dos macacos parecerem mascaras de carnaval e de uns close ups no rosto dos atores serem bem engraçados é um filme que qualquer cinéfilo (ou não) não pode deixar passar. A trilha sonora é bem pontual, assim como o roteiro que é muito bem desenvolvido e abrange gêneros como o drama, a ficção cientifica, a ação e a comédia. Referencias pops ligadas aos macacos como os três macacos cego, surdo e mudo também tem espaço na trama, assim como a bíblia dos macacos e a passagem que diz que o Todo Poderoso criou o macaco a sua imagem e semelhança (claramente uma das melhores frases do cinema).
            Planeta dos Macacos a guerra ao mesmo tempo em que parece um filme independente dos demais é uma evolução dos outros filmes, tanto em questão de narrativa quanto tecnicamente. Vejo esse reboot como uma escada (solida e bem estruturada) para alcançar o clássico de 1968 e partir dele em possíveis filmes no futuro, onde três astronautas posarão na terra depois que Cesar e os outros macacos a dominaram. O mais importante é que vemos o quanto Cesar foi ganhando força e como ele ultrapassou o papel de líder para se tornar uma lenda.



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