sexta-feira, 2 de março de 2018

Indicados ao Oscar: Review I Tonya


          Classificado como comédia no Globo de ouro, esse filme está mais para um drama cheio de personagens problemáticos (mas não no sentido de má construção) que agem de forma tão absurda que faz algumas cenas parecerem cômicas de tão improváveis.
            O filme acompanha a vida de Tonya Harding, uma ex-patinadora dos anos 90 que teve altos e baixos na vida e na carreira.
          Tonya foi uma patinadora impressionante, o filme mostra como desde nova ela tinha paixão pelo que fazia e mesmo que a mãe a pressionasse muito, ela gostava de patinar e desde muito nova já estava nas pistas de gelo. Seus movimentos no esporte com certeza inspiraram muitas patinadoras pelo mundo, mesmo que ela não seja tão conhecida assim no mundo fora dessa modalidade (pelo menos não por mim e pelas pessoas que conversei), mas toda sua dedicação e amor pela patinação trazem como pano de fundo uma vida muito triste e relacionamentos conturbados.
               Quando criança a menina é abandonada pelo pai e vive com uma mãe abusiva, que a machuca e explora seus talentos, e por conta disso ela se casa muito nova com Jeff, um homem que também é agressivo com ela. Em certa cena através do recurso da quebra da quarta parede ela chega a afirmar isso, que se a mãe a batia, mas a amava, o marido fazia o mesmo. Ela aceitava uma condição que para ela era o normal, tanto que quando uma das suas colegas de competição se machuca e todos ficam preocupados ela não entende o porquê do estardalhaço, pois ela apanhou a vida toda e está “bem” com isso.
                Essa quebra da quarta parede é uma das coisas mais incomodas do filme e que o faz perder alguns pontos. Se há entrevistas, para que usar a quebra? Fica exagerado e expositivo, com o tempo as piadas obvias vão perdendo a graça e se tornam too much. 


          Outro recurso a se queixar é o CGI empregado nas cenas de patinação, era visível o copia e cola ali, com o rosto da Margot Robbie nos movimentos da patinadora. Só algumas cenas mais simples que dá para perceber que é realmente a Margot, mas nos movimentos mais radicais temos outra pessoa, antes tivessem investido em perucas e formas de esconder o rosto dela nessas cenas, como aconteceu em Flashdance, (aliás, aqui também há a famosa musica Gloria que faz parte da trilha de Flashdance e que é tocada quando a amiga da protagonista do filme dos anos 80 participa de uma competição de patinação no gelo) Contudo na parte de figurino e maquiagem não há do que reclamar, a própria maquiagem exagerada que Tonya usava estava ali.
           O elenco está excelente. Margot Robbie desde seu primeiro trabalho provou que é muito mais do que um rosto bonito, ela atua com muita paixão e nesse filme equilibra bem os dramas pessoais e a loucura da personagem. Sua mãe abusiva é interpretada por Allison Janney, que é uma atriz que faz muitas comédias, mas que arrasa na mesma proporção fazendo drama, finalmente está tendo a visibilidade que sempre mereceu, ganhou o Globo de ouro e provavelmente levará o Oscar. Ela interpreta muito bem essa mãe desprezível e cruel. Outro que está ótimo também e que merecia uma indicação é Sebastian Stan (a melhor pessoa das fotos de comic con) que aqui também tem sua chance de provar o quão bom ele é (e também não só um rosto bonito) ele é outro personagem desprezível que faz coisas horríveis para e pela Tonya. A atriz Mckenna Grace que interpreta Tonya criança também está muito bem, mesmo em poucas cenas, sua performance está na sua maturidade em frente as situações, mesmo com sua pouca idade.
              A direção é de Craig Gillespie que antes foi bem sucedido com seu filme A Garota ideal (que tem mini review lá no instagram do blog) e que são filmes completamente diferentes, mesmo que em ambos tenham personagens peculiares, A garota ideal tem uma estética e narrativa completamente diferente. O roteiro é de Steven Rogers mais conhecido por roteiros de filmes românticos como Ps: eu te amo e Quando o amor acontece.
             I Tonya talvez não seja o melhor filme da temporada de premiações e se comparado há alguns filmes de esporte a sua estrutura é a mesma, a não ser o final que diverge dos finais vitoriosos que estamos acostumados, e apesar de todas suas falhas e de não se aprofundar nos podres do mundo da patinação (quando o maior podre é causado por um dos personagens de fora) é um bom filme que mostra a realidade de pessoas desajustadas e a luta pela independência de uma mulher que só queria ser respeitada como pessoa e patinadora.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário