sábado, 23 de maio de 2015

Review série O Demolidor


         Se você ainda não assistiu a série, sugiro que vá de mente aberta e esqueça o filme estrelado por Ben Affleck. O filme do demolidor de 2003 parece um filme de paródia em comparação a nova série da Netflix. Mais uma vez gostaria de destacar a qualidade da Netflix, que começou como quem não quer nada e agora só nos presenteia com produções próprias super dignas. O demolidor deixa até Agents Of Shield da abc (grande emissora americana de televisão) comendo poeira.
         Para os que não conhecem a historia ou esqueceu por causa do filme (eu te entendo) O Demolidor na verdade é Matt murdock um advogado cego que age conforme a lei de dia e desobedece a lei a noite, quando encarna o mascarado herói. O termo desobedecer não implica que ele é um fora da lei (ta, chega dessa palavra) apenas que ele tenta salvar as pessoas e combater os bandidos. Porém tudo com um propósito. Na série ele tenta combater os mandos e desmandos de Wilson Fisk o rei do crime em Hell’s kitchen, nova York. A cada episódio ele vai chegando mais perto de encontrar o poderoso chefão, mas em contrapartida ele tem medo do que se tornará quando encontra-lo. A série aborda um tema não muito explorado pelas outras produções cinematográficas e televisivas da Marvel, aquela contradição entre o certo e o errado, mato ou não mato? É pecado matar? E com isso ele trás uma percepção religiosa não muito presente nas outras produções. O capitão América do cinema é aparentemente cristão, mas não confirma nada, apenas age com boa conduta e isso é o melhor testemunho que ele e qualquer cristão possa dar. Nem palavrão é permitido perto dele. Matt é católico e vive com duvidas sobre seus valores. As conversas com o padre amigo dele levantam varias questões interessantes, em uma delas Matt pergunta ao padre se o diabo existe. De forma sensata e convincente ele responde que sim. Esse impasse é o que torna o personagem bem humano. Ele não é 100% herói e nem 100% vilão. Ele é um cara comum que tem suas convicções e que “Peca” como qualquer pessoa normal e isso o torna tão igual a mim e a você.
         E por falar em capitão América, vingadores e etc..... É claro que a série tem vários links desse universo. Alguns complementos de agents of Shields e referencias explicitas de Os vingadores, apenas desatentos não conseguiram capta-las. No primeiro episódio Matt afirma que conseguiu um ótimo preço pelo escritório que alugaram graças ao “evento” que destruiu a cidade de nova York. O setor imobiliário lucrou bastante com a batalha do primeiro filme dos vingadores e um dos objetivos do vilão é até “reconstruir a cidade” ele quer fazer de Hell’s kitchen um lugar melhor, pelo menos é isso que ele procura passar na mídia.
         As cenas de ação é umas das melhores coisas da série. O estilo de luta e o parkour fazem quem está assistindo sentir cada golpe e ficar preocupado com o herói pois as cenas são muito convincentes, cada soco, chute e arranhão é bastante verossímil. A luta é muito física o que difere do universo cinematográfico onde predomina os efeitos especiais e os poderes miraculosos. O demolidor não tem escudo, não tem martelo, não tem armadura e não usa armas de fogo, sua defesa são seus punhos e por isso que ele precisa de Claire (Rosário Dawson) a enfermeira noturna que o “conserta”. Este é outro elemento verossímil da série, ele não leva porrada e na cena seguinte aparece recuperado, ele sofre, sente dor, permanece quebrado e por isso precisa dela.

Considerada por 98% da audiência, a melhor cena de combate foi a do 2° episódio quando ele vai salvar o garotinho e mesmo estando todo esfolado ele vai por um corredor entrando de sala em sala arrebentando a cara dos bandidos. Ele sozinho, machucado e cego! Ok essa cena não foi muito verdadeira, mas foi incrível. Esse é o entretenimento senhoras e senhores. E assistindo ao demolidor você tem muito disso.


         
         Quem faz o demolidor é Charlie Cox que atuou em Boardwalk empire e stardust. Este ultimo com cara de galãzinho bobo tão diferente de seu Matt murdock. Ele surpreendeu com sua boa atuação cômica e dramática, sem estereotipar o herói e nem o deficiente visual. Seu árduo treinamento para interpretar um cego e para as lutas valeram muito a pena. Outro que foi estupendo e se revelou um dos grandes vilões dos últimos tempos foi Vicente D’Onofrio no papel de Fisk. Um homem enorme, mas que em alguns momentos parece uma criança solitária e em outras um assassino frio e calculista...e alto! Vicente está idêntico ao vilão dos quadrinhos e sua atuação é impecável. A serenidade com que fala e a brutalidade com que ameaça nem parece vinda da mesma pessoa. Outro lado positivo da série são os flashbacks. É mostrada a infância e o amadurecimento do herói e do vilão. E o motivo pelos quais ambos são como são. Matt teve uma infância difícil e poderia ter se tornado como Fisk, mas não o fez. O retrocesso ao passado esclareceu muitas coisas, mas em certos momentos se torna cansativo, mais pela parte de Matt pois a de Fisk é bem interessante e chocante.
         Os coadjuvantes são Foggy Nelson (Helden henson) o sócio e melhor amigo de Matt e Karen Page (Deborah ann woll) a secretária e amiga da dupla. Há muita química entre os três e é de Foggy as melhores piadas. Ele é o perfeito alivio cômico. Karen é quase seu interesse romântico e a atriz de true blood reforça o time de bons atores. O único problema (ou bom diferencial) da série é que não há desenvolvimento dos casais. Eles flertam, mas não desenvolvem o romance, menininhas como eu ficam esperando o namoro de Matt com Claire ou de foggy com Karen, mas nada acontece, (talvez na próxima temporada), o romance que mais foi adiante na série foi de Murdock e Nelson. A amizade deles não é colorida, mas é linda, um dos bromances mais honestos e fofos da atualidade. O episódio em que eles passam por uma DR e Foggy começa a lembrar de quando conheceu Matt (sim o amor dos dois é nesse nível) é um dos mais legais da série. E a cena de Matt chorando é de cortar o coração.
         Se você ainda não viu O demolidor (what the hell?) sugiro que faça isso. O visual soturno, as cenas de ação, os links com a Marvel, as atuações (até o capanga de Fisk, James vivido por Toby Leonard Moore é ótimo em ser sínico) o bromance, a filosofia e a volta por cima do herói dos quadrinhos são motivos suficientes para vê-la. Eu confesso que torci o nariz quando anunciaram a produção da série, mas agora que vi os 13 eps na Netflix só quero que chegue logo o ano que vem para ver a nova temporada.

Obs: ainda serão lançadas outras três séries de heróis da Marvel: A.K.A Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro que juntos com O Demolidor serão “Os Defensores”. Os vingadores da televisão. Se essas séries tiverem a qualidade de Daredevil estamos certos de que virá coisa boa pela frente.

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