Master
of None é como Unbreakable Kimmy Schmid, só que menos divulgada ainda! Assim
como a série da doidinha da kimmy, Master é divertida e possui um texto muito
inteligente. Daqueles que você pode até não rolar de tanto rir mas que com
certeza você dá aquele sorriso por ter captado a referência. O humor das duas
podem ser semelhantes mas suas propostas são bem diferentes.
Master
of none é uma série da Netflix criada e estrelada por Aziz Ansari (de Parks and
recreation) e nela conhecemos Dev, um ator que chegou a casa dos 30 anos e
começa a se questionar sobre coisas a sua volta, coisas que ele vive ou que
deveria estar vivendo como casamento, filhos e ter uma carreira consolidada
como ator em Nova York.
Como
criador da série, roteirista, produtor e janela para as crises existenciais dá
para perceber que Aziz usufruiu de toda liberdade que teve para discutir todas
as suas inquietações. Cada capitulo é sobre assuntos delicados que as vezes não
queremos discutir. E o mais legal é que ele não problematiza em apenas algumas
cenas, ele coloca o problema no título e durante o episódio discute ele com
sensatez e bom humor. Quem assiste não
fica desconfortável, apenas admite que aquelas coisas realmente acontecem e por
deixarmos elas acontecerem nos tornamos tremendos babacas. Ele tenta mostrar os
dois lados da coisa. O lado de quem sofre com determinado preconceito e daquele
que pratica algo preconceituoso e as vezes nem sabe que está praticando. Se
você estiver no segundo grupo e após as questões levantadas no episódio mesmo
assim se sentir ofendido repense suas atitudes pois deve estar fazendo muita
merda por ai....
Um
dos episódios é sobre vida após os 30, quando a sociedade tenta nos impor o
casamento e os filhos. Todos tentando nos convencer de que se estar casado e
com filhos é sempre ótimo e você está sempre feliz. Quando na verdade alguns
casais usam isso de fachada mas vivem vidas miseráveis. É muito engraçado como
Dev tenta lidar com os filhos dos amigos e em apenas um dia com eles se sente
destruído. Me identifiquei bastante com esse episódio (na verdade me
identifiquei com a maioria... rs) tenho 23 anos e me sinto passada para trás
pelas meninas de 18 anos que eu conheço e que já são casadas e outras na minha idade
que tem filhos. E não são poucas! É muito triste ter menos de 30 e se pegar
pensando nessas coisas. Enquanto essas meninas Já tem uma família (mal
planejada é claro) aqui estou eu ansiosa por Star Wars – O despertar da força!
Ta chegandooooooo!
Os
outros episódios são sobre nossos pais, que tem muita história para contar e
nós pouca paciência para ouvir. Os idosos, nossos avós que cuidaram da gente e
mesmo assim insistimos em larga-los em asilos. Os indianos, episódio super
pessoal do ator que critica a falta de papel para as etnias diferentes, nesse
caso os indianos que sempre atuam em papeis estereotipados, (na retrospectiva
inicial senti falta de alguns personagens indianos) o meu atual interesse pela
índia me fez adorar esse episódio <3 os altos e baixos de morar junto, de como
depois de um tempo se deixarmos tudo esfria. A busca por uma carreira
promissora e por seus sonhos e claro ele não poderia deixar de falar do
feminismo, trazendo um episódio delicado sobre como as mulheres se sentem
coagidas e desprotegidas. E de como alguns homens de bem as vezes nem percebem
suas más atitudes. Aposto que abriu os olhos de muitos homens sobre nossa
condição. É tão real a cena em que Dev e seu amigo saem do bar e mesmo pegando
atalhos perigosos chegam em casa em segurança. Mas uma moça sai do mesmo bar e
é perseguida por um cara. É claro que poderia acontecer algo com eles, poderiam
ter sido roubados, nova York também é perigosa, mas a mulher corre um risco
muito maior, ela pode ser roubada, estuprada e morta. É o risco que
infelizmente estamos propensas a correr.
Os
amigos de Dev são um grupo bem diversificado, que emana estereótipos pra cada
ponta. Dev, o indiano, Brian o asiático inteligente, Arnold o gigante desengonçado
e esquisito que é péssimo com as mulheres e Denise a amiga lésbica. A namorada
de Dev é Rachel, uma menina doce e divertida do velho e bom estilo Zoey Deschanel
de ser, a hipster descolada.
Apesar
de poucos terem ouvido falar dessa série definitivamente ela precisa ser vista.
O bom texto e as boas atuações fazem dessa uma das melhores surpresas da
netflix esse ano. Só ela traz um tipo de humor “final feliz” sem ser conto de
fadas. Do tipo Isso deu errado então vida que segue, cada fim é um novo começo
e o que importa é ser feliz.
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