sábado, 28 de novembro de 2015

Review Master of none


          Master of None é como Unbreakable Kimmy Schmid, só que menos divulgada ainda! Assim como a série da doidinha da kimmy, Master é divertida e possui um texto muito inteligente. Daqueles que você pode até não rolar de tanto rir mas que com certeza você dá aquele sorriso por ter captado a referência. O humor das duas podem ser semelhantes mas suas propostas são bem diferentes.
          Master of none é uma série da Netflix criada e estrelada por Aziz Ansari (de Parks and recreation) e nela conhecemos Dev, um ator que chegou a casa dos 30 anos e começa a se questionar sobre coisas a sua volta, coisas que ele vive ou que deveria estar vivendo como casamento, filhos e ter uma carreira consolidada como ator em Nova York.
Como criador da série, roteirista, produtor e janela para as crises existenciais dá para perceber que Aziz usufruiu de toda liberdade que teve para discutir todas as suas inquietações. Cada capitulo é sobre assuntos delicados que as vezes não queremos discutir. E o mais legal é que ele não problematiza em apenas algumas cenas, ele coloca o problema no título e durante o episódio discute ele com sensatez e bom humor.  Quem assiste não fica desconfortável, apenas admite que aquelas coisas realmente acontecem e por deixarmos elas acontecerem nos tornamos tremendos babacas. Ele tenta mostrar os dois lados da coisa. O lado de quem sofre com determinado preconceito e daquele que pratica algo preconceituoso e as vezes nem sabe que está praticando. Se você estiver no segundo grupo e após as questões levantadas no episódio mesmo assim se sentir ofendido repense suas atitudes pois deve estar fazendo muita merda por ai....

          Um dos episódios é sobre vida após os 30, quando a sociedade tenta nos impor o casamento e os filhos. Todos tentando nos convencer de que se estar casado e com filhos é sempre ótimo e você está sempre feliz. Quando na verdade alguns casais usam isso de fachada mas vivem vidas miseráveis. É muito engraçado como Dev tenta lidar com os filhos dos amigos e em apenas um dia com eles se sente destruído. Me identifiquei bastante com esse episódio (na verdade me identifiquei com a maioria... rs) tenho 23 anos e me sinto passada para trás pelas meninas de 18 anos que eu conheço e que já são casadas e outras na minha idade que tem filhos. E não são poucas! É muito triste ter menos de 30 e se pegar pensando nessas coisas. Enquanto essas meninas Já tem uma família (mal planejada é claro) aqui estou eu ansiosa por Star Wars – O despertar da força! Ta chegandooooooo!


          Os outros episódios são sobre nossos pais, que tem muita história para contar e nós pouca paciência para ouvir. Os idosos, nossos avós que cuidaram da gente e mesmo assim insistimos em larga-los em asilos. Os indianos, episódio super pessoal do ator que critica a falta de papel para as etnias diferentes, nesse caso os indianos que sempre atuam em papeis estereotipados, (na retrospectiva inicial senti falta de alguns personagens indianos) o meu atual interesse pela índia me fez adorar esse episódio <3 os altos e baixos de morar junto, de como depois de um tempo se deixarmos tudo esfria. A busca por uma carreira promissora e por seus sonhos e claro ele não poderia deixar de falar do feminismo, trazendo um episódio delicado sobre como as mulheres se sentem coagidas e desprotegidas. E de como alguns homens de bem as vezes nem percebem suas más atitudes. Aposto que abriu os olhos de muitos homens sobre nossa condição. É tão real a cena em que Dev e seu amigo saem do bar e mesmo pegando atalhos perigosos chegam em casa em segurança. Mas uma moça sai do mesmo bar e é perseguida por um cara. É claro que poderia acontecer algo com eles, poderiam ter sido roubados, nova York também é perigosa, mas a mulher corre um risco muito maior, ela pode ser roubada, estuprada e morta. É o risco que infelizmente estamos propensas a correr.
           Os amigos de Dev são um grupo bem diversificado, que emana estereótipos pra cada ponta. Dev, o indiano, Brian o asiático inteligente, Arnold o gigante desengonçado e esquisito que é péssimo com as mulheres e Denise a amiga lésbica. A namorada de Dev é Rachel, uma menina doce e divertida do velho e bom estilo Zoey Deschanel de ser, a hipster descolada.
          Apesar de poucos terem ouvido falar dessa série definitivamente ela precisa ser vista. O bom texto e as boas atuações fazem dessa uma das melhores surpresas da netflix esse ano. Só ela traz um tipo de humor “final feliz” sem ser conto de fadas. Do tipo Isso deu errado então vida que segue, cada fim é um novo começo e o que importa é ser feliz.

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