Falta
de dinheiro para um orçamento gigantesco, falta de publico, ousadia nas
cenas... os motivos para o cancelamento da série são muitos e nenhum dos
responsáveis pela netflix respondem com clareza o que na verdade aconteceu. Os
fãs estão revoltados, mas também não há nada do que eles podem fazer, parece
que é irreversível, nenhum abaixo assinado fará com que eles voltem atrás, mas
pelo menos eles farão um episódio de duas horas para encerrar os trabalhos.
Apesar de continuar gostando da série e de ficar triste por ela ter terminado
com ganchos enormes para uma próxima temporada, eu particularmente não conseguia
enxergar um futuro para Sense8.
A
premissa básica é a de oito pessoas que nasceram no mesmo dia estarem
conectadas e nessa 2° temporada eles continuam fugindo daqueles que os
perseguem.
Sense8
tem uma fotografia linda e personagens bem representativos, trata a sexualidade
com naturalidade e não tem medo de ousar com cenas escancaradas de sexo,
inclusive as surubas clássicas da série, porém ela tem um grande problema de
roteiro. Principalmente em relação aos vilões, o susurro e o outro grupo sense8
que surge nessa 2° temporada são desconexos e entediantes. A chefona deles que
dá em cima do Wolfgang tem até um poder interessante, mas é aquela típica
personagem chata que só sabe provocar.
O
estado de Will nessa temporada também dá nos nervos. Até dá para entender o
motivo de ele usar as drogas, ele queria aliviar a dor, o sofrimento, a
perseguição e etc... Mas ver um personagem que na 1° temporada era tão saudável
e responsável e agora está assim é muito triste. Ainda mais que Riley só ajuda
a afunda-lo ainda mais, não me venha dizer que aquilo era um tipo de apoio a
ele.
Will
e Sun são os que enfrentam os problemas mais graves nessa temporada e
consequentemente os atores que os interpretam são os que têm as melhores atuações
também. De restante temos um elenco com atuação bem mediana.
A
vingança de Sun foi uma das melhores historias. Ela na cadeia e depois
perseguindo seu irmão. Esse núcleo durante o penúltimo episódio foi digno de um
ótimo filme de ação e perseguição e ela é sim a melhor personagem da série.
Enquanto
nos outros núcleos tivemos coisas mais desinteressantes como a perseguição de
Nomi pelos agentes, Kala não sabendo se continua ou não seu casamento por causa
dos sentimentos pelo Wolfgang (porém a cena onde eles “transam” é magnífica. Sexy
e muito bem executada) Capheus sofrendo perseguição na política e Lito tentando
lidar com as inseguranças de sua profissão, já que agora se assumiu gay. (um
tema delicado e que foi bem debatido mesmo não contando nenhuma novidade)
A
2° temporada de sense8 mantém o nível da 1° temporada. Nenhuma obra prima
televisiva, mas também não é uma série ruim. As irmãs Wachowski não trabalharam
juntas nessa 2°, até porque Lilly estava em seu processo de transição de
gênero, o que diminuiu um pouco a força na direção, mas Lana com sua equipe e
com todos os pesares não deixou a peteca cair e acertou em muitos aspectos. Talvez
se a netflix tivesse prolongado a série ela ficaria cansativa e perderia a
metade de seu publico, pois alguns episódios dessa temporada foram assim, o que
salvava eram os episódios bons intercalados.
A série foi corajosa e ousada, fez
coisas que nenhuma outra teve coragem de fazer, mostrou personagens reais que
nunca foram retratados, e com tanta espontaneidade. Tratou da sexualidade muito
naturalmente e inovou na forma de filmar em outros países e não com uma tela
verde atrás, tocou em feridas e nos fez quebrar preconceitos. É por isso tudo
(e pelos ganchos enormes deixados no ultimo episódio) que sempre haverá uma
esperança de uma volta definitiva e mesmo que não aconteça ela sempre terá um
espaço na nossa lista de séries queridas graças ao elenco, as cenas icônicas (seja
de ação ou de sexo) e claro o hino Whats up.
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