terça-feira, 25 de julho de 2017

Review série Feud


          “Conflitos não são sobre ódio, são sobre dor” essa frase de efeito dita no primeiro episódio consegue resumir tudo o que Feud é. Por mais que nos digam que essa é simplesmente uma série sobre a rixa entre duas grandes divas do cinema ao assistir entendemos que não se trata de duas pessoas que se odiavam sem motivo algum (talvez você continue pensando isso durante os primeiros episódios) mas a série fala sobre duas mulheres que eram manipuladas pela mídia e pelos homens ao seu redor.
            A temporada, intitulada Bette e Joan, centra-se na batalha de bastidores entre Bette Davis e Joan Crawford durante a produção do filme What happened to baby Jane.
             O produtor da série é Ryan Murphy, que se sai melhor produzindo séries antológicas como essa e American crime story do que com séries populares como Scream Queens e Glee. Particularmente gostava muito de Glee nas duas primeiras temporadas, mas depois a série foi por água abaixo, nem os ótimos covers conseguiam entreter mais. Scream Queens foi uma má ideia desde o começo, a 2° temporada então é inassistivel.
             E por conta desses erros de Murphy alguns podem não dar a devida chance para Feud e se arrepender depois, pois ela surpreende com seu roteiro, atuações, direção e tantos outros detalhes técnicos bem executados. As indicações ao Emmy foram extremamente merecidas.
             Quem interpreta Joan é Jessica Lange, que já trabalhou com Ryan em American horror story e aqui ela se entrega completamente. Fisicamente ela não é muito parecida com a Joan, mas mesmo assim é perfeita para o papel. Joan era uma verdadeira diva, sempre preocupada com a beleza, fazendo coisas absurdas como arrancar dentes para dar um formato bonito ao rosto. Ela não queria ser esquecida, queria ficar cada vez mais famosa e Jessica consegue passar essa urgência e essa obsessão que a atriz tinha. E que muitas atrizes têm até hoje, talvez a própria Jessica, já que era conhecida por sua beleza ao ser a primeira musa do King Kong.
            Bette Davis interpretada pela Susan Sarandon era diferente, ela queria ser reconhecida pelo seu talento, queria papeis que a desafiasse e que desse prêmios merecidos a ela. Como muitas que conhecemos também. Fisicamente Susan é muito parecida com Davis, os grandes olhos, os cabelos, o formato do rosto. Ela refazendo a cena de A Malvada é de arrepiar devido à semelhança.


             E desde o primeiro episódio notamos as diferenças entre as duas e também em como Bette era mais forte que Joan, ela sabia lidar com seu declínio e seus problemas na carreira, ao contrario de Joan, no começo até achamos que ela é uma megera implacável, mas depois vamos conhecendo um lado mais sensível da atriz. Da mesma forma que conhecemos esse lado de Joan, mesmo em meio aquele turbilhão de tramoias que ela engenhava para passar por cima de sua inimiga.
          É fascinante ver como as coisas funcionavam em Hollywood, e constatar que muitas delas não mudaram, pois ainda hoje os chefões manipulam seus atores, criando conflitos e intensificando eles. O bad blood de Kate Perry e Taylor swift não é nada em comparação a treta entre Bette e Joan. Elas faziam fofocas sobre a outra, inventavam boatos, roubavam papeis, maridos e até o Oscar uma da outra.
          O papel da mulher na indústria também é muito bem discutido. Em como elas não tinham voz em nada. Nem as próprias mulheres confiavam nas outras quando essas diziam que queriam ser diretoras ou algo mais. Os homens nem se fala, eles só queriam usa-las.
          Os atores coadjuvantes que interpretam esses homens, como o Alfred Molina que interpreta o diretor de Baby Jane e o Robert Aldrich que é um dos donos da Warner interpretado pelo Stanley Tucci estão excelentes em seus papeis. Através deles conhecemos suas funções dentro do cinema. As atrizes Jackie Hoffman, que interpreta Mamacita, a fiel escudeira de Joan e a Judy Davis que faz a jornalista sanguessuga Hedda Hopper também estão maravilhosas.
           Catherine zeta Jones e Kathy Bates fazem uma pequena participação em alguns episódios interpretando atrizes da época que conheciam a briga das personagens principais.
             Feud é sobre dor, inveja, medo do esquecimento, manipulações e principalmente sobre duas mulheres que apenas querem sobreviver. E ao mesmo tempo que se odeiam também se admiram (sem nunca reconhecer é claro) A série é afiada em todos os aspectos e por isso está concorrendo a vários Emmys, inclusive ao de melhor minissérie, e Susan e Jessica estão concorrendo ao de melhor atriz em minissérie ou filme para a TV, esse será mais um Feud que iremos ver....




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