Esse
é o segundo livro com personagens suicidas que leio em menos de um mês e é
surpreendente a quantidade de livros Young adults com esse tema. O suicídio é
tratado de perspectivas diferentes em cada livro, porém, em cada um vemos
pequenas ações tidas como inocentes crescerem dentro dos que sofrem de
depressão. Vemos como as decepções desencadeiam coisas terríveis e como as
vezes mesmo quando tudo está bem, uma crise surge e derruba a pessoa de vez.
Esse livro traz personagens simpáticos que lutam contra todos esses sintomas e
que através de suas próprias lutas ajudam um ao outro.
Violet
e Finch se conhecem quando estão na torre do sino da escola prestes a se
jogarem e logo vai crescendo uma amizade entre os dois enquanto precisam lutar
contra seus próprios demônios.
Logo
nas primeiras páginas, o que chama a atenção do leitor, é o senso de humor
sombrio de Theodore Finch, e como ele encara tudo como uma grande piada. Mesmo
sofrendo bastante com sua depressão, ele tenta viver sua vida da melhor forma
possível, mesmo que desde o princípio ele já veja um final curto e inevitável
para ela. O personagem é muito bem construído, ele é inteligente, engraçado e
interessante, tudo que uma garota do colegial gostaria de ter, se não fosse
pelo bullying praticado pelos típicos esportistas populares. Sim, o livro tem muitos
clichês, acho que nenhum livro desse gênero está a salvo dos estereótipos.Para sobreviver ao seu próprio eu, o menino inventa vários personagens para ele, a cada dia ele é alguém. O emo, o menino dos anos 80, o rebelde e tantos outros, ele é um camaleão e usa essas mascaras para experimentar novas personalidades e talvez para se esconder no meio de tantas camadas.
Com
o menino o buraco é mais embaixo, pois se trata de uma depressão de verdade, e
enquanto a família de Violet dá apoio, amor e proteção à menina, sempre a
confortando e acolhendo, a família de Finch é o oposto, eles não se importam
com ele. O pai mora com a nova mulher e o filho deles e tem seus momentos de
isolamento e raiva, onde se torna agressivo com o menino. A mãe não presta
atenção nele (para falar a verdade, nem nos outros filhos também) não procura
conversar sobre as atitudes estranhas dele e não se importa quando ele some ou
faz algo suspeito. A forma como ela ignora ligações e mensagens eletrônicas
irrita bastante, e personifica como ela ignora tudo e todos. A irmã dele também
não é diferente, em certo momento ela até acoberta ele em uma de suas crises de
depressão, mas é isso, não procura saber o que está acontecendo e também não se
importa nem um pouco. Enquanto Theodore é um menino doce e atencioso que sempre
procura o bem das pessoas, por isso acabou conquistando os pais de Violet que
não gostaram dele em um primeiro momento.
Por
lugares incríveis é um livro sensível que mostra o crescimento de uma bela
amizade que chegou em boa hora, ele intercala a narrativa entre os dois protagonistas
e mostra seus pontos de vista sobre cada um. São personagens falhos como
qualquer ser humano, mas também cheios de qualidades, o charme de Theodore e a
confiança de Violet só enriquecem o livro, as referências literárias através de
mensagens trocadas com trechos de livros de Virginia Wolf é outro ponto a
favor, assim como as aventuras do casal e o desenvolvimento do romance que
surge de forma natural e inevitável. Um filme com a Elle Fanning está
confirmado, espero que não demore muito a se tornar realidade para que possa
reencontrar esses personagens tão queridos.
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