sexta-feira, 20 de abril de 2018

Clássico do dia (e analise) : As Pontes de Madison


Você abriria mão da sua família por um amor?

          As Pontes de Madison é um filme de 1995, estrelado pela Meryl Streep e o Clint Eastwood, que também dirige o filme e sai completamente de sua zona de conforto, tanto na atuação, quanto na direção.
          Esse filme é a adaptação de um livro que apresenta Robert (Clint) um fotografo do National Geographic que vai fotografar as pontes de Madison, na cidade de Iowa, e lá conhece Francesca (Meryl) uma dona de casa que está sozinha, pois seu marido e seus filhos estão fora participando de uma competição.
                Robert é um homem livre, que já teve varias mulheres e que não cria raízes em lugar nenhum. Totalmente o oposto de Francesca, que saiu da Itália já comprometida e fincou raízes no interior dos EUA, onde vive desde então para cuidar do marido e dos filhos. Ela não viveu grandes aventuras como Robert, e vê nele a chance de começar a vive-las. A maneira como ela se interessa pelo passado dele, os lugares onde visitou e as pessoas que conheceu, inclusive as mulheres. (mesmo que ela demonstre ciúmes quando ele conta) Ela se interessa até por suas aventuras sexuais, pois é algo excitante para ela. Não é spoiler dizer que a amizade deles evolui rapidamente para algo mais, talvez até na vida real isso fosse inevitável. 
                O romance entre os dois é tão bonito, tão sexy, tão irresistível que é fácil esquecermos de que aquilo é algo errado. A forma como eles se conhecem e se envolvem é tão natural que confundimos um pecado com algo puro e correto. Francesca soa como uma mulher livre que merece viver um grande amor e por que devemos negar a ela essa felicidade? Somos inclinados a se compadecer pela falta de reconhecimento que a família tem para com ela. O marido é um bom homem, mas que não presta atenção nela, a mesma coisa com os filhos, que nem sequer falam com ela direito, talvez ela mereça sim uma aventurazinha. Será esse o sonho de milhares de “Francescas” espalhadas pelo mundo? Um Robert que chegue com sua beleza, seu charme, carinho e papo interessante para tira-las da rotina. 


          E Francesca também é uma mulher apaixonante. Mesmo em sua simplicidade ela é uma mulher maravilhosa. Meryl mesmo sem maquiagem e com roupas de dona de casa do interior nunca esteve tão linda. Seus traços, a forma que ela fala, o amor que ela transmite. Robert se apaixona por ela na medida que nos apaixonamos também. E ela está aberta para aquela experiência, coisa que antes não era do seu feitio, mas agora faz todo sentido, simplesmente porque ela quer, porque ela está se sentindo amada, estão prestando atenção nela, ela se sente bem com seu próprio corpo e ela faz o que quer fazer.
          Até os filhos de Francesca se surpreendem com a postura da mãe, pois o filme começa com eles já crescidos lidando com a morte dela e descobrindo o romance da mãe através de diários. Obviamente no começo a atitude deles é acusatória, eles são quem assiste, e assim como nós, aos poucos, vão cedendo ao lindo romance que eles tiveram.
          A tal cena do carro no final é uma das cenas mais bonitas, significativas e angustiantes já feitas. Naquele momento, quando Robert pendura aquele objeto, ele diz: “vem comigo, vamos fazer nossas próprias aventuras” “pensa em você, no que você quer” e ela luta consigo mesma diante da maçaneta do carro. É triste e belo ao mesmo tempo. Ela sabia que não poderia fazer aquilo. Não poderia abandonar seu passado, até porque ele iria junto com ela.
           E se ela fizesse? Será que duraria? Será que ela seria plenamente feliz como sempre quis ou se arrependeria em uma semana e voltaria para casa? Será que ele a trataria bem como o marido (bem ou mal) tratava? ou se arrependeria daquele compromisso e procuraria outra mulher como sempre fez? Não dá para saber e nem importa essas cogitações, o que importa ao assistir são os momentos presentes entre os dois, a química deles, as conversas, os olhares, como parecem pertencer um ao outro. E vem aquele pensamento: por que eles não se encontraram antes para viver esse tórrido romance sem amarras nenhuma? Bem, a vida é assim mesmo, alguns “Roberts” até voltam para nossas vidas, outros não. Eles viveram separadamente, mas sempre estiveram no coração e no pensamento um do outro. A Wikipédia deu a melhor descrição possível dos dois, eles são alma gêmeas que se conheceram tarde demais e é realmente o que são, duas pessoas que deveriam ter se conhecido e se amado loucamente, não importa as circunstancias e o tempo breve que passaram juntos.

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