sexta-feira, 20 de abril de 2018

Review Livro e filme Com amor, Simon


          Uma pessoa conhece outra pessoa, eles começam a conversar, se conhecer e se apaixonam. Esse é Love, Simon, um romance sobre essas pessoas que se gostam, mas enfrentam certas questões para ficarem juntas. Essa premissa pode ser confundida com tantas outras por ai, a única diferença aqui é que esse casal é gay, na verdade, pode ser diferente para alguns, enquanto outros vivem esse dilema todos os dias, inclusive o dilema de “sair do armário”. Seja gay ou hetero, esse filme é sobre amor, portanto esse filme é para você.
             Simon é um adolescente que ainda não contou para as pessoas que é gay e ele se apaixona por Blue, um rapaz misterioso que estuda em sua escola e que ele se corresponde por email, até que Martin descobre os emails e começa a chantagea-lo.
                Esse filme é a adaptação do Young Adult Simon VS a agenda Homo Sapiens. Livro que estava na minha lista há um bom tempo, mas que só adiava a leitura. Quando saiu o primeiro trailer, finalmente comecei a ler ele e me apaixonei. A autora Becky Albertalli possui uma escrita descontraída e sagaz que combina perfeitamente com a mentalidade dos jovens de hoje em dia. E ela aborda com propriedade o tema da homossexualidade e os anseios de um jovem que não está se descobrindo, que já se descobriu há um tempo, mas que está se preparando para que as outras pessoas saibam dele.
               O filme é dirigido por Greg Berlanti, que é assumidamente gay e que é um roteirista e produtor conhecido no mundo das séries. Uma das séries mais famosas que escreveu e produziu foi Dawson’s Creek. No cinema ainda tem poucos trabalhos, principalmente como diretor, como roteirista escreveu Pan e Lanterna verde. Porém, Com amor Simon deve dar a ele credibilidade, pois o filme teve êxito de bilheteria (não tanto aqui no Brasil, ficando em quinto lugar nas bilheterias) e no Rotten tomatoes alcançou a nota de 91%.
                O elenco é um grande atrativo. Nick Robinson está em seu melhor momento até agora e faz tudo certinho, é carismático, charmoso e se sai bem nas cenas dramáticas. Josh Duhamel e Jennifer Garner que interpretam os pais do menino também estão ótimos, ambos são conhecidos por serem atores medianos, mas que fazem comédias românticas muito bem, mas aqui estão bem até nas cenas de drama. Eles são os pais que todo adolescente gay gostaria de ter. O grupo de amigos do menino também é encantador e foram muito bem escolhidos. A Katherine Langford que vive a melhor amiga dele está bem como a romântica Leah (mesmo que algumas vezes pareça estar interpretando a sua personagem mais conhecida, Hannah Baker), Alexandra Shipp está muito divertida e bela como a amiga Abby que entrou no grupo recentemente e para fechar o grupo temos Jorge Lendeborg que interpreta Nick, o melhor amigo engraçado de Simon. 


          Tony Hale que interpreta o diretor amigão de todos e Natasha Rothwell que faz a professora de teatro também estão ótimos e completam o time dos personagens engraçados do filme (como dá para perceber, são muitos, afinal, como na vida todos temos nosso senso de humor) há uma cena em que a professora dá sermão em certos personagens homofóbicos e é sensacional. E temos também os personagens que podem ou não ser Blue.
             A caça pelo Blue é angustiante por causa da curiosidade, mas é divertida também, e o filme usa o recurso das cores para sinalizar essa busca, usando o azul nas cenas onde um possível Blue aparece. É uma pena que o filme tenha pouco tempo para mostrar as conversas entre os dois e explorar mais o desenvolvimento do relacionamento deles. Deixando isso um pouco de lado para mostrar mais dos amigos e da família de Simon. Martin (Logan Miller), por exemplo, é muito mais pedante no filme do que no livro, ele tem algumas cenas fofas e engraçadas, mas o ator conseguiu fazer dele um chato de galocha. O final do filme é diferente do livro, no livro há momentos de “casalzinho” entre os meninos e seria interessante ver os dois fazendo todas aquelas coisas bonitinhas, mas isso não consegue desmerecer a emoção da cena final do filme.
             A Trilha sonora é bem jovial e intercala as musicas “de Bad” que tanto gostamos de ouvir e as mais animadas e populares. Há uma cena musical maravilhosa ao som de I Wanna Dance With Somebody da Whitney Houston.
               Com amor, Simon talvez seja o filme com temática LGBT mais otimista já feito, e isso é maravilhoso. As atuações, a direção, a trilha sonora, tudo torna o filme precioso e bem humorado. Ele é alto astral, mas faz questão de levantar boas questões e mostra determinadas realidades, como o pai que era homofóbico antes de descobrir que o filho é gay e a mãe que apesar de ser uma profissional que analisa os outros, ainda não sabia sobre o filho, mas que quando sabe, o trata com todo amor do mundo, assim como a irmãzinha e os amigos. É claro que assim como na vida real nem todos são legais, há apelidos, zoações e isso nem é spoiler, estou falando de algo obvio. Aposto que os gays devem enumerar varias outras coisas nas quais eles podem se identificar no filme (será que a tal pessoa gosta de mim ou só está sendo legal? Ela é gay ou hetero?) e isso é um avanço. O melhor de tudo é o sentimento bom que fica quando o filme termina, dá vontade de sair do cinema como o Simon no numero musical. Dica: assista e leve sua família toda com você.



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