sexta-feira, 6 de abril de 2018

Review Jogador numero 1


          É inegável que o cinema atual tem certo encantamento pelos anos 80. Sejam aqueles cineastas que viveram e fizeram filmes naquela época ou aqueles que eram adolescentes e se inspiraram nos filmes e nos diretores do primeiro grupo citado. Os anos 80 foi uma década incrível para o cinema, a musica, os programas de TV e etc... e é através desse saudosismo que vive Jogador Numero 1, novo filme do Steven Spielberg, um dos diretores que fez coisas magníficas naquela década.
          O ano é 2044 e a humanidade está um caos, a única válvula de escape é o Oasis, um mundo virtual criado por James Halliday, que morreu, mas antes disso escondeu easter eggs no jogo, para que alguém encontre e se torne o dono dele.
             Esse filme é a adaptação do livro homônimo escrito pelo Ernest Cline, distopia que comecei a ler antes de assistir ao filme, mas a curiosidade para ele foi tanta que não consegui terminar a tempo, mas continuarei lendo (e anotando todas as referências oitentistas). Portanto, não terei embasamento para comparar livro e filme. O livro foi lançado em 2011 e por isso já ouvi falar muito dele, tanto em blogs quanto em vídeos de canais literários no youtube, e como há o fator “anos 80” que me agrada muito (pois sou apaixonada por essa década) a curiosidade para ler ele sempre esteve presente e continuarei lendo.
           Wade Watts é um menino com uma vida muito difícil, perdeu os pais muito cedo e por isso se vê obrigado a viver com a tia e com o namorado dela. Essa dinâmica familiar eu posso dizer que é diferente da apresentada no livro, a morte da mãe e a personalidade da tia são bem diferentes, talvez quisessem dar uma amenizada no drama familiar. Com os abusos sofridos, ele busca refugio no Oasis e é uma espécie de expert no jogo.
             Como qualquer jogo, ele tem seu avatar de nome Parzival e seu estilo não poderia ser mais legal, ele é como uma versão moderna de Marty Mcfly, até seu carro é um Delorean. Ele é a personificação do que fazemos nos jogos e na internet, quando nos tornamos quem quisermos, nossas imperfeições estéticas são substituídas por personagens lindos e perfeitos. O visual do Oasis é estonteante, eles usaram todo seu aparato tecnológico para tornar aquele universo mais plausível (os olhos dos personagens são tão expressivos que arrepiam) e ao mesmo tempo usam um pouco dos efeitos das antigas. 


          E é nesse mundo que surge as referências aos anos 80 (talvez em um primeiro momento esse seja o maior motivo para as pessoas terem ido ao cinema) se piscar você perde, nem todas as referências estão bem na sua cara, as vezes estão ao fundo em fotos e cartazes, e quando mostradas em primeiro plano o filme faz questão de apontar cada uma, só resta saber se o publico estará disposto a pesquisa-las melhor depois.
           A trilha sonora também é um deleite para aqueles apaixonados pelas musicas da década (eu), o único problema é que apesar delas serem ótimas, são as mesmas que tocam em vários filmes por ai (sejam dos anos 80 ou não) eles poderiam ter inovado um pouco, usado algumas que são conhecidas, mas pouco usadas em outros filmes. Contudo, é sempre maravilhoso ouvir Jump do Van Halen e Take on me do A-ha pela milésima vez.
          Quem interpreta Wade é Tye Sheridan que faz um bom trabalho, assim como sua coadjuvante Olivia Cooke que interpreta Samanta/art3mis que está comendo pelas beiradas e se destacando em seus projetos (assim como Tye). Mark Rylance é quem interpreta o poderoso dono do Oasis e sua interpretação do nerd introvertido pode parecer caricata para alguns, mas é apenas alguém que tem suas paixões, mas só sabe exteriorizá-las criando jogos e sendo arrogante algumas vezes (como muitos nerds) ninguém está passivo de falhas. Ogden interpretado pelo Simon Pegg é seu companheiro na criação do Oasis e apesar de seu personagem ser importante e passar uma valiosa lição de amizade no final (tão Spielberg <3) ele não se destaca, mas é sempre bom ver o ator nas produções. Ben Mendelsohn é o vilão e o ator parece ter encontrado o tipo de personagem onde se sai melhor, pois ultimamente só vem interpretando os caras malvados. Ele está muito bem, mas dá uma derrapada em suas maldades algumas vezes, nos fazendo perder o medo dele, principalmente no final, que é apressado e contraditório à sua personalidade.
          Steven Spielberg é quem está por trás de toda essa overdose de nostalgia e não consigo pensar em diretor melhor para a tarefa, aliás, ele foi o responsável por lançar filmes icônicos dos anos 80 como ET e Tubarão (eu preciso escrever ou gravar um podcast sobre ele urgentemente). O mais surpreendente é que quase ao mesmo tempo ele estava dirigindo The Post, um drama político totalmente diferente desse filme de aventura juvenil, e conseguiu acertar a mão nos dois, provando ser sim um dos diretores mais versáteis de Hollywood.
            Jogador numero 1 é um filme recheado de nostalgia mas que não se limita a isso, ele caminha com as próprias pernas ao apresentar uma aventura divertida e atraente, mas que também tem dramas pesados. Além de nos presentear com boas memórias da nossa infância/adolescência e lições valiosas sobre amizade e como temos que valorizar o que é real, pois nossa realidade é tudo o que temos e devemos fazer dela a melhor possível. Mais uma vez obrigado Spielberg.  

Um comentário:

  1. Adorei a crítica. Já conhecia o livro, eu li faz muito tempo quando era criança e é um dos meus preferidos. Gostei muito do filme e achei genial, cheio de boas referências. Jogador n1 é muito divertido! Já tinha visto algumas boas críticas, mas o vi recentemente e realmente me surpreendeu, como um dos melhores filmes de ação que já vi já que nos prende a respiração do início ao final e com belos efeitos especiais. Foi uma grande surpresa de animação. É um filme excelente. Maravilhoso trabalho do Spielberg!!! Assisti 2 vezes no cinema

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