É
inegável que o cinema atual tem certo encantamento pelos anos 80. Sejam aqueles
cineastas que viveram e fizeram filmes naquela época ou aqueles que eram
adolescentes e se inspiraram nos filmes e nos diretores do primeiro grupo
citado. Os anos 80 foi uma década incrível para o cinema, a musica, os
programas de TV e etc... e é através desse saudosismo que vive Jogador Numero
1, novo filme do Steven Spielberg, um dos diretores que fez coisas magníficas
naquela década.
O
ano é 2044 e a humanidade está um caos, a única válvula de escape é o Oasis, um
mundo virtual criado por James Halliday, que morreu, mas antes disso escondeu
easter eggs no jogo, para que alguém encontre e se torne o dono dele.
Esse
filme é a adaptação do livro homônimo escrito pelo Ernest Cline, distopia que
comecei a ler antes de assistir ao filme, mas a curiosidade para ele foi tanta
que não consegui terminar a tempo, mas continuarei lendo (e anotando todas as
referências oitentistas). Portanto, não terei embasamento para comparar livro e
filme. O livro foi lançado em 2011 e por isso já ouvi falar muito dele, tanto
em blogs quanto em vídeos de canais literários no youtube, e como há o fator
“anos 80” que me agrada muito (pois sou apaixonada por essa década) a
curiosidade para ler ele sempre esteve presente e continuarei lendo.
Wade
Watts é um menino com uma vida muito difícil, perdeu os pais muito cedo e por
isso se vê obrigado a viver com a tia e com o namorado dela. Essa dinâmica
familiar eu posso dizer que é diferente da apresentada no livro, a morte da mãe
e a personalidade da tia são bem diferentes, talvez quisessem dar uma amenizada
no drama familiar. Com os abusos sofridos, ele busca refugio no Oasis e é uma
espécie de expert no jogo.
Como
qualquer jogo, ele tem seu avatar de nome Parzival e seu estilo não poderia ser
mais legal, ele é como uma versão moderna de Marty Mcfly, até seu carro é um
Delorean. Ele é a personificação do que fazemos nos jogos e na internet, quando
nos tornamos quem quisermos, nossas imperfeições estéticas são substituídas por
personagens lindos e perfeitos. O visual do Oasis é estonteante, eles usaram
todo seu aparato tecnológico para tornar aquele universo mais plausível (os
olhos dos personagens são tão expressivos que arrepiam) e ao mesmo tempo usam
um pouco dos efeitos das antigas.
E
é nesse mundo que surge as referências aos anos 80 (talvez em um primeiro
momento esse seja o maior motivo para as pessoas terem ido ao cinema) se piscar
você perde, nem todas as referências estão bem na sua cara, as vezes estão ao
fundo em fotos e cartazes, e quando mostradas em primeiro plano o filme faz
questão de apontar cada uma, só resta saber se o publico estará disposto a
pesquisa-las melhor depois.
A
trilha sonora também é um deleite para aqueles apaixonados pelas musicas da
década (eu), o único problema é que apesar delas serem ótimas, são as mesmas
que tocam em vários filmes por ai (sejam dos anos 80 ou não) eles poderiam ter
inovado um pouco, usado algumas que são conhecidas, mas pouco usadas em outros
filmes. Contudo, é sempre maravilhoso ouvir Jump do Van Halen e Take on me do
A-ha pela milésima vez.
Quem
interpreta Wade é Tye Sheridan que faz um bom trabalho, assim como sua
coadjuvante Olivia Cooke que interpreta Samanta/art3mis que está comendo pelas
beiradas e se destacando em seus projetos (assim como Tye). Mark Rylance é quem
interpreta o poderoso dono do Oasis e sua interpretação do nerd introvertido
pode parecer caricata para alguns, mas é apenas alguém que tem suas paixões,
mas só sabe exteriorizá-las criando jogos e sendo arrogante algumas vezes (como
muitos nerds) ninguém está passivo de falhas. Ogden interpretado pelo Simon
Pegg é seu companheiro na criação do Oasis e apesar de seu personagem ser
importante e passar uma valiosa lição de amizade no final (tão Spielberg <3)
ele não se destaca, mas é sempre bom ver o ator nas produções. Ben Mendelsohn é
o vilão e o ator parece ter encontrado o tipo de personagem onde se sai melhor,
pois ultimamente só vem interpretando os caras malvados. Ele está muito bem,
mas dá uma derrapada em suas maldades algumas vezes, nos fazendo perder o medo
dele, principalmente no final, que é apressado e contraditório à sua
personalidade.
Steven
Spielberg é quem está por trás de toda essa overdose de nostalgia e não consigo
pensar em diretor melhor para a tarefa, aliás, ele foi o responsável por lançar
filmes icônicos dos anos 80 como ET e Tubarão (eu preciso escrever ou gravar um
podcast sobre ele urgentemente). O mais surpreendente é que quase ao mesmo tempo
ele estava dirigindo The Post, um drama político totalmente diferente desse
filme de aventura juvenil, e conseguiu acertar a mão nos dois, provando ser sim
um dos diretores mais versáteis de Hollywood.
Jogador
numero 1 é um filme recheado de nostalgia mas que não se limita a isso, ele
caminha com as próprias pernas ao apresentar uma aventura divertida e atraente,
mas que também tem dramas pesados. Além de nos presentear com boas memórias da
nossa infância/adolescência e lições valiosas sobre amizade e como temos que
valorizar o que é real, pois nossa realidade é tudo o que temos e devemos fazer
dela a melhor possível. Mais uma vez obrigado Spielberg.
Adorei a crítica. Já conhecia o livro, eu li faz muito tempo quando era criança e é um dos meus preferidos. Gostei muito do filme e achei genial, cheio de boas referências. Jogador n1 é muito divertido! Já tinha visto algumas boas críticas, mas o vi recentemente e realmente me surpreendeu, como um dos melhores filmes de ação que já vi já que nos prende a respiração do início ao final e com belos efeitos especiais. Foi uma grande surpresa de animação. É um filme excelente. Maravilhoso trabalho do Spielberg!!! Assisti 2 vezes no cinema
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