sexta-feira, 20 de abril de 2018

Review filme Um Lugar silencioso


          É muito raro quando um filme de terror se destaca por suas qualidades técnicas e recentemente alguns filmes desse porte foram surgindo, como Invocação do mal, A Bruxa e Corra! (não podemos esquecer de Fragmentado) e quando um filme desses pega algo tão inabitual como o silêncio, trabalha com ele brilhantemente e imerge a audiência nele, até mesmo nas salas de cinema, devemos dar lhe crédito.
          Uma família vive em uma fazenda no interior dos EUA, que foi tomado por criaturas que são sensíveis ao som e por isso essa família deve ficar em absoluto silêncio.
            O silêncio é algo que poucas pessoas apreciam, na maioria de nossas conversas nós dizemos “mas tem momentos que eu só quero ficar sozinho(a), em silencio” então imagina viver em silêncio o tempo todo e ele ser a razão para sua sobrevivência? Deve ser algo extremamente difícil (o filme passa a tensão dessa ideia) estamos fazendo barulho o tempo todo, até mesmo quando estamos sossegados. Um passo dado, um esbarrar sem querer, um som corporal, não tem como vivermos em absoluta quietude. Os jovens de hoje em dia morreriam em um segundo por causa de seus objetos tecnológicos, as crianças com seus brinquedos (e por serem crianças) e os idosos com suas reclamações diárias (e por serem idosos). O filme tem sucesso em nos fazer pensar em relação a isso.


          Seu sucesso também está em suas atuações. Emily Blunt tem o melhor momento de sua carreira aqui, sua personagem sabe dos riscos e sente medo por isso, mas é forte e aguenta firme por sua família. As expressões agonizantes dessa mulher são sensacionais. Ela é o James Mcavoy desse ano no quesito atuação excepcional em filme de terror, mas que será esquecida nas premiações pelo tempo e pelo gênero do filme. Seu marido no filme e na vida real John Krasinski também está bem, mas não no nível de sua esposa, mas isso parece proposital, como diretor do filme ele parece querer exaltar sua parceira (a prova é ela maravilhosa na cena final) e extrair o melhor dela. As duas crianças interpretadas pelo Noah Jupe (de Extraordinário) e pela Millicent Simmonds (que é deficiente auditiva na vida real também) estão muito bem, ela principalmente, pois sua personagem tem um sentimento de culpa constante e o menino transmite o medo que qualquer pessoa sentiria naquela situação.
          Esse é o terceiro filme dirigido por Krasinki (que também assina como roteirista e produtor mais uma vez) que nunca tinha sequer atuado em um filme de terror e é conhecido por atuar em comédias românticas e comédias, principalmente por The Office, série que ele atuou por muitos anos. Por isso é surpreendente seu êxito aqui, ele conseguiu fazer um trabalho excelente bem longe de sua zona de conforto. O que aconteceu também com o diretor de Corra! Jordan Peele que também só fazia comédias.  
           Um Lugar silencioso é um filme que tem o poder de atrair cinéfilos e grandes massas, sua ideia é extremamente interessante e ele possui qualidades de atuação, direção, roteiro e efeitos visuais (os monstros são muito bem feitos) há sim uns jump scares exagerados e um momento ou outro que talvez seja piegas para alguns como a cena da dança e a que ele demonstra amor pela filha pela primeira vez (achei as duas muito bonitas e necessárias) e o final pode desagradar uma audiência mais chata, tanto que já estão cogitando uma sequencia, algo completamente desnecessário pois o filme terminou como começou, corajoso, diferente e imaginativo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário