É
muito raro quando um filme de terror se destaca por suas qualidades técnicas e
recentemente alguns filmes desse porte foram surgindo, como Invocação do mal, A
Bruxa e Corra! (não podemos esquecer de Fragmentado) e quando um filme desses
pega algo tão inabitual como o silêncio, trabalha com ele brilhantemente e
imerge a audiência nele, até mesmo nas salas de cinema, devemos dar lhe
crédito.
Uma
família vive em uma fazenda no interior dos EUA, que foi tomado por criaturas
que são sensíveis ao som e por isso essa família deve ficar em absoluto silêncio.
O
silêncio é algo que poucas pessoas apreciam, na maioria de nossas conversas nós
dizemos “mas tem momentos que eu só quero ficar sozinho(a), em silencio” então
imagina viver em silêncio o tempo todo e ele ser a razão para sua
sobrevivência? Deve ser algo extremamente difícil (o filme passa a tensão dessa
ideia) estamos fazendo barulho o tempo todo, até mesmo quando estamos
sossegados. Um passo dado, um esbarrar sem querer, um som corporal, não tem como
vivermos em absoluta quietude. Os jovens de hoje em dia morreriam em um segundo
por causa de seus objetos tecnológicos, as crianças com seus brinquedos (e por
serem crianças) e os idosos com suas reclamações diárias (e por serem idosos).
O filme tem sucesso em nos fazer pensar em relação a isso.
Seu
sucesso também está em suas atuações. Emily Blunt tem o melhor momento de sua
carreira aqui, sua personagem sabe dos riscos e sente medo por isso, mas é
forte e aguenta firme por sua família. As expressões agonizantes dessa mulher
são sensacionais. Ela é o James Mcavoy desse ano no quesito atuação excepcional
em filme de terror, mas que será esquecida nas premiações pelo tempo e pelo
gênero do filme. Seu marido no filme e na vida real John Krasinski também está
bem, mas não no nível de sua esposa, mas isso parece proposital, como diretor
do filme ele parece querer exaltar sua parceira (a prova é ela maravilhosa na
cena final) e extrair o melhor dela. As duas crianças interpretadas pelo Noah
Jupe (de Extraordinário) e pela Millicent Simmonds (que é deficiente auditiva
na vida real também) estão muito bem, ela principalmente, pois sua personagem
tem um sentimento de culpa constante e o menino transmite o medo que qualquer
pessoa sentiria naquela situação.
Esse
é o terceiro filme dirigido por Krasinki (que também assina como roteirista e
produtor mais uma vez) que nunca tinha sequer atuado em um filme de terror e é
conhecido por atuar em comédias românticas e comédias, principalmente por The
Office, série que ele atuou por muitos anos. Por isso é surpreendente seu êxito
aqui, ele conseguiu fazer um trabalho excelente bem longe de sua zona de
conforto. O que aconteceu também com o diretor de Corra! Jordan Peele que
também só fazia comédias.
Um
Lugar silencioso é um filme que tem o poder de atrair cinéfilos e grandes
massas, sua ideia é extremamente interessante e ele possui qualidades de
atuação, direção, roteiro e efeitos visuais (os monstros são muito bem feitos)
há sim uns jump scares exagerados e um momento ou outro que talvez seja piegas
para alguns como a cena da dança e a que ele demonstra amor pela filha pela
primeira vez (achei as duas muito bonitas e necessárias) e o final pode
desagradar uma audiência mais chata, tanto que já estão cogitando uma
sequencia, algo completamente desnecessário pois o filme terminou como começou,
corajoso, diferente e imaginativo.
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