domingo, 15 de fevereiro de 2015

Indicados ao Oscar: Sniper Americano


      sorrateiramente Sniper americano entrou para o circuito de premiações, especificamente para o Oscar que acontecerá dia 22 de fevereiro. podemos nos referir a ele como o azarão da festa já que está indicado como melhor filme, melhor ator e nas categorias técnicas e tem modestas chances graças a propaganda patriótica em volta do filme. podendo portanto desagradar aos brasileiros com o olhar mais atento a isso. O filme é um drama de guerra sobre a vida de Chris Kyle, o atirador militar mais letal dos Eua, o filme é a adaptação da biografia do mesmo intitulada American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Military History. titulo grande não é mesmo? tão grande quanto o numero de mortes causadas pela mira certeira de Kyle. No filme o protagonista fica assustado com a própria marca registrada de mortes. partindo dessa premissa o protagonista poderia se sair como vilão mas durante todo o filme ele é tratado como herói. afinal ele fazia o trabalho dele, matava as pessoas ruins para proteger as boas. 
O filme já começa com uma das suas missões e um empasse, uma criança e uma mulher com um explosivo, o que fazer? matar ou não matar? os pensamentos do atirador voam para sua casa, sua esposa, seus filhos. E esse desvaneio familiar o faz querer mais do que nunca tomar a decisão certa. E o resultado... você mesmo (a) verá.
Surpreendi-me com o nome na direção do longa, Clint Eastwood, não por esse ser super diferente de seus projetos anteriores, diferente mesmo foi os Jersey boys lançado meses atrás, (isso prova o quanto o diretor é incansável) apenas por que não sabia da ligação do diretor ao projeto até pouco antes de ver o filme que anteriormente seria dirigido por Steven Spielberg. Esse é um acerto para Clint mesmo que seu nome passe despercebido para quem assistir. afinal todos estão interessados na historia da "Lenda" que foi Chris kyle e não no "próximo filme de Clint Eastwood" mas sua mão tem força já que ele retorna com seu estilo de retratar as consequências dos atos dos protagonistas e sua influencia na vida dos familiares e pessoas próximas, e foca mais uma vez nas origens do mesmo. Chris Kyle recorda sua infância e as atitudes fascistas de seu pai que autorizava os próprios filhos a baterem em quem se metessem com eles e ainda ensinava o jovem Kyle a atirar, justificando sua precisão na hora do tiro quando adulto, habilidade que vem de berço, vem da família, o autoritarismo do pai o levou a querer pertencer a marinha (após ver pela tv os atentados as torres gêmeas) mesmo que muito tardiamente já que antes ele perdia tempo sendo Cowboy. Podemos perceber as características tipicas do perfil de um americano. 
Cowboy, militar, cristão, marido, pai de família, herói e acima de tudo patriota..... mais estilizado impossível.
Bradley cooper interpreta de forma verdadeira mas sua indicação ao Oscar é desnecessária, é só ver e compara-la aos seus concorrentes, ele não chega nem perto. não há brilhantismo e nem perfeição em sua atuação, mesmo que ele sempre surja dedicado aos seus papeis não era para tanto. Até Sienna miller surpreende mais, pois já derrapou em muitos papeis e ainda não tinha mostrado ao que veio. Desta vez ela faz uma tipica esposa de militar, preocupada e atenciosa, a diferença é que ela não o despreza e não o critica até ele querer desistir como são retratadas as esposas em tantos filmes com temática de guerra por ai, ela só quer ajuda-lo mas não sabe como pois o marido sai do Iraque mas o Iraque não sai dele. 


      Sniper americano é um bom filme sobre o tema justamente por que não foca na guerra em si, até porque filmes sobre a guerra do Iraque existem aos baldes, ele apenas foca na trajetória do atirador que passa as cenas mais eletrizantes do filme deitado mirando em seus alvos, esses momentos de tensão é o que faz o filme valer a pena. as escolhas certas e erradas. Por vezes você perde o folego junto com ele. os enfrentamentos no campo de batalha são empolgantes, surge até um enfrentamento entre Kyle e outro excelente atirador, porem terrorista. Kyle é o vingador de seus soldados, ele os protege e os auxilia na guerra, diretamente da mira. O filme transpassa o tamanho da responsabilidade dessa função dentro das forças armadas. 
O que incomoda é o patriotismo exacerbado, ele é tão obcecado pela sua pátria amada que tenta convencer a todos de que os EUA é o melhor pais do mundo e critica aqueles que não concordam com ele. seus amigos e até seu irmão estão saturados com a guerra e parecem deixar seu patriotismo de lado, para a revolta de Chris. Apesar das coisas horríveis que já viu e teve que fazer em serviço seu espirito americano continua intacto. [SPOILER] no final ele é morto aos 38 anos por um ex soldado e sua morte vira um desfile e mobiliza toda cidade, ou seja, morreu como um verdadeiro herói....um herói que matou muita gente. mas que estava cumprindo seu dever. cabe ao telespectador avaliar se Kyle merecia ou não um filme autobiográfico, se suas distorções de valores foram cabíveis e se sua submissão a pátria era aceitável.... talvez essa estranheza ao patriotismo americano exagerado seja apenas uma divergência com nosso nível brasileiro de patriotismo, ou seja, nenhum.  

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