segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Clássico do dia: Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa)


          Outro clássico que pude apreciar graças a Netflix foi Annie Hall. No português noivo neurótico, noiva nervosa. Sim um título horrível e completamente nada a ver, mas this is Brasil! Esse é um filme de Woody Allen onde ele é ator, diretor, roteirista, produtor e auxiliar de serviços gerais. Todo mundo sabe que ele faz praticamente tudo em seus filmes e mesmo assim corre dos créditos, se recusa a receber os prêmios por isso, prefere ensaiar com sua banda. Prioridades!
         Annie Hall apesar do título não é sobre a mocinha em questão, e também não é totalmente sobre o mocinho esquisito Alvy Singer, personagem de Woody que é um judeu comediante cheio de manias e que faz analise há 15 anos. O filme é sobre relacionamentos. Ele conta um pouco dos relacionamentos passados de Alvy, e onde e porque fracassaram e dá uma pincelada em alguns de Annie também que é uma cantora. O foco mesmo é na dinâmica do relacionamento dos dois.

         Eleito como um dos melhores e mais divertidos roteiros da história, allen não queria fazer graça com esse filme mas é complicado não utilizar do humor para amenizar os problemas dos relacionamentos. Ele queria 99% drama e 1% humor mas quem já viu sabe que não é isso que acontece. Ele entrega um roteiro original e muito bem escrito, que conversa com seu telespectador. Esse é um recurso muito utilizado por ele, ele está focado em cena mas de repente olha para a câmera e solta uma intriga. Uma das melhores cenas do longa e que personifica essa técnica é quando está Alvy e Annie numa fila de cinema e o cara atrás, um professor de faculdade, começa a falar mal de uma determinada pessoa (não me recordo se era um escritor ou diretor de algo, ou os dois) incomodado o protagonista começa a falar mal do chato da fila com o telespectador e logo em seguida chama o homem que está sendo criticado em cena. Ele diz: como seria se isso acontecesse na vida real? Ai você está lá na fila do cinema criticando o Michael Bay ou um ator (a) ruim e de repente ela surge ao seu lado te cobrando uma explicação. Seria no mínimo constrangedor. Mas na tela foi uma técnica bastante interessante.


          O inovador do filme é que ele é uma visão realista do que acontece nas nossas vidas. Ele embarca em vários planos secundários para nos mostrar as relações. A família conturbada de Alvy, cheia de gritaria e intolerância (isso lhe soa familiar?) ele vivia numa casa embaixo de uma montanha russa, o que é fácil de aceitar quando pensamos naquelas pessoas que vivem ao lado de linhas de trem com as maquinas passando, fazendo barulho e sacudindo tudo. Ele passa a morar junto com Annie e as relações se estreitam pois começam a conhecer verdadeiramente um ao outro. Nada mais é tão magico como antes (e isso lhe soa familiar?) os meios de trabalho que não são nada glamorosos. Annie canta num bar onde ninguém presta a atenção nela, continuam conversando, pedindo bebidas e quebrando coisas. O flashback pelos relacionamentos passados e aquela amostra grátis e dolorosa da onde foi que eles erraram. Além das manias irritantes do protagonista. Ele tem horror a frutos do mar (vivos), não entra numa sessão de cinema quando o filme já começou (mesmo que só tenha 3 minutos de começado), não toma banho em banheiros públicos, não entra no palco depois de outro comediante, tem paranoia com as coisas que as pessoas falam, acha sempre que alguém o insultou e etc... e o mais bizarro é que tirando a parte do comediante eu me identifiquei com todas as outras coisas.
          Noivo neurótico, noiva nervosa ganhou 4 categorias no Oscar. Melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro (Woody e Marshall Brickman) e melhor atriz para Diane Keaton, (com quem Woody teve um relacionamento e atuou junto diversas vezes) esse é um daqueles filmes cults divertidos que cutucam nossa mente. Como sempre Woody allen faz.

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