Outro
clássico que pude apreciar graças a Netflix foi Annie Hall. No português noivo
neurótico, noiva nervosa. Sim um título horrível e completamente nada a ver,
mas this is Brasil! Esse é um filme de Woody Allen onde ele é ator, diretor,
roteirista, produtor e auxiliar de serviços gerais. Todo mundo sabe que ele faz
praticamente tudo em seus filmes e mesmo assim corre dos créditos, se recusa a
receber os prêmios por isso, prefere ensaiar com sua banda. Prioridades!
Annie
Hall apesar do título não é sobre a mocinha em questão, e também não é
totalmente sobre o mocinho esquisito Alvy Singer, personagem de Woody que é um
judeu comediante cheio de manias e que faz analise há 15 anos. O filme é sobre
relacionamentos. Ele conta um pouco dos relacionamentos passados de Alvy, e
onde e porque fracassaram e dá uma pincelada em alguns de Annie também que é
uma cantora. O foco mesmo é na dinâmica do relacionamento dos dois.
Eleito
como um dos melhores e mais divertidos roteiros da história, allen não queria
fazer graça com esse filme mas é complicado não utilizar do humor para amenizar
os problemas dos relacionamentos. Ele queria 99% drama e 1% humor mas quem já
viu sabe que não é isso que acontece. Ele entrega um roteiro original e muito
bem escrito, que conversa com seu telespectador. Esse é um recurso muito
utilizado por ele, ele está focado em cena mas de repente olha para a câmera e
solta uma intriga. Uma das melhores cenas do longa e que personifica essa
técnica é quando está Alvy e Annie numa fila de cinema e o cara atrás, um
professor de faculdade, começa a falar mal de uma determinada pessoa (não me
recordo se era um escritor ou diretor de algo, ou os dois) incomodado o
protagonista começa a falar mal do chato da fila com o telespectador e logo em
seguida chama o homem que está sendo criticado em cena. Ele diz: como seria se
isso acontecesse na vida real? Ai você está lá na fila do cinema criticando o
Michael Bay ou um ator (a) ruim e de repente ela surge ao seu lado te cobrando
uma explicação. Seria no mínimo constrangedor. Mas na tela foi uma técnica
bastante interessante.
O
inovador do filme é que ele é uma visão realista do que acontece nas nossas
vidas. Ele embarca em vários planos secundários para nos mostrar as relações. A
família conturbada de Alvy, cheia de gritaria e intolerância (isso lhe soa
familiar?) ele vivia numa casa embaixo de uma montanha russa, o que é fácil de
aceitar quando pensamos naquelas pessoas que vivem ao lado de linhas de trem
com as maquinas passando, fazendo barulho e sacudindo tudo. Ele passa a morar
junto com Annie e as relações se estreitam pois começam a conhecer
verdadeiramente um ao outro. Nada mais é tão magico como antes (e isso lhe soa
familiar?) os meios de trabalho que não são nada glamorosos. Annie canta num
bar onde ninguém presta a atenção nela, continuam conversando, pedindo bebidas
e quebrando coisas. O flashback pelos relacionamentos passados e aquela amostra
grátis e dolorosa da onde foi que eles erraram. Além das manias irritantes do
protagonista. Ele tem horror a frutos do mar (vivos), não entra numa sessão de
cinema quando o filme já começou (mesmo que só tenha 3 minutos de começado),
não toma banho em banheiros públicos, não entra no palco depois de outro comediante,
tem paranoia com as coisas que as pessoas falam, acha sempre que alguém o
insultou e etc... e o mais bizarro é que tirando a parte do comediante eu me
identifiquei com todas as outras coisas.
Noivo
neurótico, noiva nervosa ganhou 4 categorias no Oscar. Melhor filme, melhor
diretor, melhor roteiro (Woody e Marshall Brickman) e melhor atriz para Diane
Keaton, (com quem Woody teve um relacionamento e atuou junto diversas vezes)
esse é um daqueles filmes cults divertidos que cutucam nossa mente. Como sempre
Woody allen faz.
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