segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Clássico do dia: Cidadão Kane


          É muito chato ver um filme com um grande mistério já sabendo a resolução do mesmo. Nas minhas andanças internéticas por meio de críticas e vlogs de cinema eu já havia esbarrado muitas vezes com Cidadão Kane. Muita gente o considera a maior obra prima do cinema, portanto não poderia deixar de inclui-lo na minha listinha de clássicos para assistir, o problema é que fui atingida por spoilers sobre o filme, um deles era sobre quem ou o que era “Rosebud” pra minha sorte recebi spoilers equivocados de críticos que não observaram bem quem ou o que era Rosebud.
              Cidadão Kane é um filme de 1941 que começa a partir da morte de Charles Foster Kane, um magnata podre de rico que morre com um globo de neve nas mãos e uma palavra nos lábios: Rosebud! Depois de sua morte o jornalista Jerry Thompson é encarregado de descobrir quem afinal é essa tal de Rosebud e para isso ele entrevista a segunda ex esposa de Kane, seus amigos do passado e seu mordomo. Nessa trajetória ele começa a saber mais sobre a vida desse homem fascinante porem corrupto. De origem humilde mas um adulto rico, dono de várias propriedades, inclusive de vários jornais.

          O começo da trajetória de Kane é apresentada em forma de documentário para posteriormente ser desenvolvida como uma película normal. Alguns desfechos importantes serão contados nesses 10 minutos iniciais de documentário por isso o telespectador pode se sentir perdido quando no decorrer do filme eles não surgirem. O filme não segue uma ordem cronológica. Os flashbacks não são lineares e se isso pode confundir você desse tempo moderno imagina quem assistiu nos anos 40 quando essa técnica era totalmente nova. Esse filme foi um verdadeiro marco do cinema por proporcionar várias técnicas inovadoras. Além dessa, houve mudanças na forma como se contava a história, com a câmera que nos leva para um tour nos cenários. Na primeira cena já somos apresentados a essa técnica. A forma como ele filma o teto dos cenários, os enquadramentos faciais e as sombras presentes nos momentos onde kane mostra seu pior lado. E é claro o fator principal: se Kane estava sozinho na hora de sua morte como os outros personagens ficaram sabendo das suas últimas palavras? O que pode parecer uma falha, na verdade é um tipo de interação do filme com quem está assistindo, como se quem está do outro lado da tela tivesse contado esse segredo. E isso tudo da mente de Orson Welles, na época um jovem de 25 anos que vinha do teatro. É ele que interpreta o protagonista em todas suas fases. E por isso também podemos aplaudir o trabalho de maquiagem excepcional. Ao assistir me perguntava se era o mesmo ator conforme o personagem envelhecia. Além de diretor e ator, Orson também produziu e escreveu o filme. Certamente uma das mentes brilhantes da sua época. 


          Cidadão Kane abre os olhos para a podridão dos bastidores do jornalismo e como a barganha manipula o conteúdo apresentado. Na época muitas pessoas criticaram o filme por causa disso e saiam dos cinemas na metade da sessão. Kane não era como os galãs cheio de boa intenção da época, ele era manipulador, egocêntrico e ambicioso. Podemos até justificar essa sua última característica pela sua infância pobre onde saiu da casa dos pais para ter uma boa educação se tornando um milionário. Em sua fase adulta se interessou pelo jornalismo e decidiu fazer isso sua profissão, se dedicava tanto que arruinou seu primeiro casamento. Logo se engajou na política mas perdeu o cargo por causa de um escândalo. Acostumado com todos fazendo o que ele desejava forçou sua segunda esposa a uma carreira que ela não queria e a perdeu também. Morrendo sozinho em seu castelo Xanadu. Em certos momentos o sentimento por ele é simplesmente de pena. Afastou todos que se importavam com ele por puro capricho, ele queria reger a vida das pessoas já que parecia reger o mundo. O clássico homem que é rico mas pobre de espirito e de paz.

Sobre Rosebud.... (spoilers)

Assim como tudo que ele prezava em sua vida era material, Rosebud não poderia deixar de ser também e era um trenó. Lembranças de uma infância realmente boa. Na neve, com sua família pobre e feliz. Junto do trenó o tal globo de neve despertavam a melhor parte dele. Aquela que ninguém conheceu e que jamais poderia recuperar graças a sua ganancia e ostracismo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário