É
muito chato ver um filme com um grande mistério já sabendo a resolução do
mesmo. Nas minhas andanças internéticas por meio de críticas e vlogs de cinema
eu já havia esbarrado muitas vezes com Cidadão Kane. Muita gente o considera a maior
obra prima do cinema, portanto não poderia deixar de inclui-lo na minha
listinha de clássicos para assistir, o problema é que fui atingida por spoilers
sobre o filme, um deles era sobre quem ou o que era “Rosebud” pra minha sorte
recebi spoilers equivocados de críticos que não observaram bem quem ou o que
era Rosebud.
Cidadão
Kane é um filme de 1941 que começa a partir da morte de Charles Foster Kane, um
magnata podre de rico que morre com um globo de neve nas mãos e uma palavra nos
lábios: Rosebud! Depois de sua morte o jornalista Jerry Thompson é encarregado
de descobrir quem afinal é essa tal de Rosebud e para isso ele entrevista a
segunda ex esposa de Kane, seus amigos do passado e seu mordomo. Nessa
trajetória ele começa a saber mais sobre a vida desse homem fascinante porem
corrupto. De origem humilde mas um adulto rico, dono de várias propriedades,
inclusive de vários jornais.
O
começo da trajetória de Kane é apresentada em forma de documentário para
posteriormente ser desenvolvida como uma película normal. Alguns desfechos
importantes serão contados nesses 10 minutos iniciais de documentário por isso o
telespectador pode se sentir perdido quando no decorrer do filme eles não
surgirem. O filme não segue uma ordem cronológica. Os flashbacks não são
lineares e se isso pode confundir você desse tempo moderno imagina quem
assistiu nos anos 40 quando essa técnica era totalmente nova. Esse filme foi um
verdadeiro marco do cinema por proporcionar várias técnicas inovadoras. Além
dessa, houve mudanças na forma como se contava a história, com a câmera que nos
leva para um tour nos cenários. Na primeira cena já somos apresentados a essa
técnica. A forma como ele filma o teto dos cenários, os enquadramentos faciais
e as sombras presentes nos momentos onde kane mostra seu pior lado. E é claro o
fator principal: se Kane estava sozinho na hora de sua morte como os outros
personagens ficaram sabendo das suas últimas palavras? O que pode parecer uma
falha, na verdade é um tipo de interação do filme com quem está assistindo,
como se quem está do outro lado da tela tivesse contado esse segredo. E isso tudo
da mente de Orson Welles, na época um jovem de 25 anos que vinha do teatro. É ele
que interpreta o protagonista em todas suas fases. E por isso também podemos
aplaudir o trabalho de maquiagem excepcional. Ao assistir me perguntava se era
o mesmo ator conforme o personagem envelhecia. Além de diretor e ator, Orson
também produziu e escreveu o filme. Certamente uma das mentes brilhantes da sua
época.
Cidadão
Kane abre os olhos para a podridão dos bastidores do jornalismo e como a
barganha manipula o conteúdo apresentado. Na época muitas pessoas criticaram o
filme por causa disso e saiam dos cinemas na metade da sessão. Kane não era
como os galãs cheio de boa intenção da época, ele era manipulador, egocêntrico
e ambicioso. Podemos até justificar essa sua última característica pela sua
infância pobre onde saiu da casa dos pais para ter uma boa educação se tornando
um milionário. Em sua fase adulta se interessou pelo jornalismo e decidiu fazer
isso sua profissão, se dedicava tanto que arruinou seu primeiro casamento. Logo
se engajou na política mas perdeu o cargo por causa de um escândalo. Acostumado
com todos fazendo o que ele desejava forçou sua segunda esposa a uma carreira
que ela não queria e a perdeu também. Morrendo sozinho em seu castelo Xanadu.
Em certos momentos o sentimento por ele é simplesmente de pena. Afastou todos
que se importavam com ele por puro capricho, ele queria reger a vida das
pessoas já que parecia reger o mundo. O clássico homem que é rico mas pobre de
espirito e de paz.
Sobre
Rosebud.... (spoilers)
Assim
como tudo que ele prezava em sua vida era material, Rosebud não poderia deixar
de ser também e era um trenó. Lembranças de uma infância realmente boa. Na
neve, com sua família pobre e feliz. Junto do trenó o tal globo de neve despertavam
a melhor parte dele. Aquela que ninguém conheceu e que jamais poderia recuperar
graças a sua ganancia e ostracismo.
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