[ALERTA DE
SPOILER]
Já
falei aqui no blog da 1° temporada da série e achava que a segunda não seria
tão bizarra quanto ela, mas estava enganada pois o estoque mental de
criatividade dos criadores foi além e conseguiu fazer coisas realmente
assustadoras, a segunda temporada veio focando ainda mais nas bizarrices e o
primeiro episódio trouxe a maior de todas.
O
1° episódio foi protagonizado pela Hayley
Atwell que é a Agente Carter do universo Marvel e pelo Domhnall Gleeson que é
um dos queridinhos atualmente já que está em filmes como Star Wars o Despertar
da força e Questão de tempo, filme amado por todos que o assistem. Eles
interpretam um casal normal, mas o marido morre e a mulher precisa lidar com a
dor da perda, para isso ela conhece um meio tecnológico onde pode conversar com
o marido morto por mensagens e no ultimo nível da coisa ela pode tê-lo de volta
em carne e o osso (ou quase isso)
Perder alguém que se ama é muito doloroso e ter
a oportunidade de ter essa pessoa de volta é tudo que poderíamos querer. Por
isso ao mesmo tempo que esse esse episódio é bem assustador, entendemos o
desespero dessa mulher que está grávida e acabou de perder o marido. O ponto
positivo é que os criadores não o fizeram para ser malvado como tantas
produções hollywoodianas que abordam esse tema da ressurreição. A nova versão
do marido dela é gentil, amável, compreensivo, bom de cama e tantas outras
coisas boas que uma mulher poderia querer, ele só tinha um problema... tirando
a aparência física ele não era nada como o marido dela e aos poucos ela vai se
frustrando com isso, vai ficando furiosa com aquele ser. O episódio mostra que
por mais avançada que esteja a tecnologia e a inteligência artificial ela nunca
substituirá a vida. A personagem não queria um robô escravo ela queria o marido
de volta e isso ela nunca poderia ter. As atuações da Hayley e do Domhnall
estão magníficas. Não poderiam ter iniciado a temporada com um elenco e com uma
historia melhor.
Pessoalmente o 2° episódio foi um dos menos
empolgantes, mas reconheço a importância dele e de sua ideia principal. Nele
temos Victoria (Lenora Crichlow) uma mulher desmemoriada que acorda em uma casa
que não é a dela, a partir daí ela vai tentando descobrir como foi parar ali e
quem ela é. Ao sair nas ruas ela percebe que todas as pessoas estão com a
câmera do celular apontadas para ela como se ela fosse uma figura famosa ou
algo do tipo...
Nesse episódio temos a atriz Tuppence Middleton de
Sense 8, ela que “ajuda” a protagonista a fugir daqueles “abutres” até no final
surgir a grande revelação de que tudo aquilo é um programa de TV e Victoria
nada mais é do que uma assassina que filmou o namorado matando uma criança.
Essa foi uma das revelações mais bombásticas de todos os episódios, a punição
dela faz todo sentido e em um primeiro momento até concordamos com ela, é
aquela coisa de pagar na mesma moeda, mas depois começamos a perceber o exagero
de tudo aquilo, ela sofre horrores nas mãos daqueles produtores e é quase
desumano o tratamento que dão a ela, em contrapartida no nosso subconsciente
desejamos que tivesse uma punição do tipo no sistema judiciário brasileiro pois
pensamos na dor daquela criança que ela viu morrer e na família que sofreu com
ela. Esse episódio é uma faca de dois gumes, ele nos faz mudar de ideia
inúmeras vezes, eu pelo menos mudei umas 100 vezes, e você, gostaria que
criassem algo do tipo por aqui?
O 3° episódio foi um dos mais fracos e o que menos se dá para
criar teorias até por que a verdade fica explicita nele e ele tem um dos
desfechos mais tristes. Nele Daniel Rigby interpreta
um comediante que dá vida a um ursinho boca suja e desaforado, coisa bem
corriqueira no cenário da comédia atualmente e logo esse personagem criado por
ele se vê inserido no mundo da política, pois não tem papas na língua e
enfrenta seus representantes. Mas é claro que ser tão sincero tem um preço, as
pessoas não gostam de ouvir a verdade, ainda mais vindo de um animal criado por
animação que usa uma linguagem agressiva para dar opinião. O episódio é mais um
criado para criticar a mídia sensacionalista e também para mostrar o lado do
artista que sofre as consequências de estar inserido nesse meio e falar o que
quer. Em certos momentos o bichinho é muito irritante, mas ele fala o que tem
de ser dito, tanto que no fim aquele que lhe dá voz e movimento vira um
fracassado e se torna um morador de rua. Esse é bem triste e mostra a realidade
de muitos artistas, tanto os que vivem de criticar quanto tantos outros que
atuam, apresentam programas, cantam e etc...
A TV britânica é conhecida por seus especiais de natal e essa
2° temporada Black Mirror não ficou de fora. O episódio é protagonizado por Jon
Hamm de Mad Men e Rafe Spall de As Aventuras de Pi. Nele o personagem de Hamm é
uma espécie de conselheiro amoroso tecnológico e uma das consultas dadas a um
rapaz (e assistida por outros) vai muito mal e o rapaz morre, todo o trabalho
dele e essa fatalidade é contada ao personagem de Spall por ele mesmo. No
principio não sabemos ao certo como eles se conhecem e como chegaram naquela
cabana no meio do nada. Quando a historia do personagem de Rafe passa a ser
narrada começamos a embarcar na verdadeira historia que o episódio queria
contar e onde está a problemática a ser resolvida. Nele vemos um casal que
aparentemente se dá muito bem até a mulher contar que está grávida e eles
ficarem divididos sobre o que eles querem, a mulher não quer ter a criança, já
ele quer, e nesse episódio é apresentado uma forma de bloquear as pessoas na
vida real, assim as outras não podem vê-las e nem ouvi-las. O cara surta por
querer o filho e a mulher bloqueia ele e assim fica.
Ela tem a criança, ela cresce e ele só observa aquele borrão
de longe. Inicialmente ficamos do lado dele, afinal imagina se ver proibido de
conhecer a filha? Mas as ações dele começam a apontar a agressividade que o
publico não conhecia, mas a esposa conhecia muito bem, tanto que no final ele
termina com um fardo enorme a carregar e não somente ele, mas o personagem
ouvinte também. Os dois protagonistas têm um horrível desfecho e apesar desse episódio
ser um enigma em algumas cenas ele é um daqueles que mais se dá para analisar e
destrinchar.
Assim como na primeira temporada o forte dessa também é a
qualidade de roteiro e atuação, o 1° episódio foi o que mais me marcou, fiquei
acordada por horas pensando nele, agora ferrarei minha cabeça com a 3°
temporada.
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