quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Review Documentário Medo dos 13


          O medo dos 13 é um documentário narrado por Nick Yarris que conta sua própria história de vida e sua trajetória como presidiário e como alguém no corredor da morte. E o mais triste, por um crime que ele não cometeu.
           O começo do documentário já mostra que veremos algo marcante, o tempo dentro de uma cela de prisão deve ser realmente agoniante, você pode optar por se tornar alguém como o Nasir de The Night of ou alguém como o Nick, que continuou sendo quem ele era e encontrou forças na leitura.
            Ele não era um homem perfeito, ninguém é, ele teve sua adolescência conturbada, roubava carros com um amigo para vender e com o dinheiro comprar drogas, desde novo já era viciado e por conta disso foi parar na cadeia, o roubo acarretou outros crimes que o levaram quase a pegar prisão perpetua, ele seria absorvido de sua sentença se não tivesse contado uma mentira e se enrolado nela.

            Quem assiste simpatiza com a figura dele, vemos que ele estava falando a verdade, ele não era um assassino, mesmo que o acusassem a gente acredita na inocência daquele homem simpático, bem articulado e de sorriso expressivo... ele parece aquele tio que a gente tanto gosta.
            Dá pena perceber que ele não tinha ninguém ao seu lado, que eventualmente ele sempre acabava sozinho e sem respaldo nenhum, os advogados por mais experientes que fossem não se esforçavam no caso dele, perdiam exames, amostras, não iam afundo nas investigações, o deixavam ao relento. Uma moça que ele namorou enquanto esteve lá foi o grande alicerce dele por muitos anos, mas ela também se cansou, afinal foram mais de 10 anos e nada mudava, o processo não andava, o sistema estava se “lixando” para ele, nessa parte vemos o quão bom ele era, ao ficar feliz por ela ter partido, afinal ela estava literalmente presa junto com ele.


          Nem os pais pareciam se importar com ele, ele cita a mãe e o pai algumas vezes, mas a impressão é que eles também não eram totalmente presentes. Esse homem tinha que se apegar a alguma coisa e assim ele fez, se apegou aos livros, a literatura foi a grande aliada dele, ele leu cerca de 1000 livros em um espaço de tempo e isso transformou a vida dele, ele não era um homem de instrução, tinha uma educação básica e só, mas depois que começou a ler se tornou um homem inteligente, que consegue se expressar muito bem e que conhece muito sobre muitas coisas. Hoje em dia ele dá palestras para os jovens falando da importância da educação e como ela pode empoderar alguém.
            Essa parte do documentário é uma das que me deixou mais emocionada pois amo literatura, estudo literatura, e nem cursando faculdade de Letras tenho a metade da desenvoltura e do conhecimento daquele homem, conhecimento esse que vai além do adquirido nos livros, mas na vida também, ele passou a entender as pessoas.
       O documentário tem muitos momentos marcantes, cenas como a de um preso cantando por que seu companheiro estava sendo transferido, os relatos de violência que ele sofreu, a infância dele e um trauma que ele viveu e que o marcou para sempre. A narração é linear e simples, se mistura com flashbacks da prisão, da infância e da juventude, enfim... toda sua trajetória. A sonorização também tem um papel importante pois há pequenos barulhos de tiros e pancadas que ajudam na visualização dos acontecimentos, alguns desses barulhos feitos pelo próprio Nick.
            Nem o melhor diretor, melhor equipe, melhor roteiro de hollywood poderiam exprimir a história impactante desse homem, nem mesmo um excelente ator poderia interpretar com tanta sensibilidade ou narrar da forma que ele narrou, e de forma tão singela, apenas sentado em um banco e passando todas suas esperanças, medos e traumas. O final é surpreendente e daqueles que nos fazem chorar rios, com ele vemos que traumas vividos na infância podem se tornar um trem descarrilhado que transforma tudo que viveremos a seguir. Esse documentário está na Netflix e vale cada instante do seu tempo. 

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