O
medo dos 13 é um documentário narrado por Nick Yarris que conta sua própria história
de vida e sua trajetória como presidiário e como alguém no corredor da morte. E
o mais triste, por um crime que ele não cometeu.
O
começo do documentário já mostra que veremos algo marcante, o tempo dentro de
uma cela de prisão deve ser realmente agoniante, você pode optar por se tornar
alguém como o Nasir de The Night of ou alguém como o Nick, que continuou sendo
quem ele era e encontrou forças na leitura.
Ele
não era um homem perfeito, ninguém é, ele teve sua adolescência conturbada,
roubava carros com um amigo para vender e com o dinheiro comprar drogas, desde
novo já era viciado e por conta disso foi parar na cadeia, o roubo acarretou
outros crimes que o levaram quase a pegar prisão perpetua, ele seria absorvido
de sua sentença se não tivesse contado uma mentira e se enrolado nela.
Quem
assiste simpatiza com a figura dele, vemos que ele estava falando a verdade,
ele não era um assassino, mesmo que o acusassem a gente acredita na inocência
daquele homem simpático, bem articulado e de sorriso expressivo... ele parece
aquele tio que a gente tanto gosta.
Dá
pena perceber que ele não tinha ninguém ao seu lado, que eventualmente ele
sempre acabava sozinho e sem respaldo nenhum, os advogados por mais experientes
que fossem não se esforçavam no caso dele, perdiam exames, amostras, não iam
afundo nas investigações, o deixavam ao relento. Uma moça que ele namorou
enquanto esteve lá foi o grande alicerce dele por muitos anos, mas ela também
se cansou, afinal foram mais de 10 anos e nada mudava, o processo não andava, o
sistema estava se “lixando” para ele, nessa parte vemos o quão bom ele era, ao
ficar feliz por ela ter partido, afinal ela estava literalmente presa junto com
ele.
Nem
os pais pareciam se importar com ele, ele cita a mãe e o pai algumas vezes, mas
a impressão é que eles também não eram totalmente presentes. Esse homem tinha
que se apegar a alguma coisa e assim ele fez, se apegou aos livros, a literatura
foi a grande aliada dele, ele leu cerca de 1000 livros em um espaço de tempo e
isso transformou a vida dele, ele não era um homem de instrução, tinha uma
educação básica e só, mas depois que começou a ler se tornou um homem
inteligente, que consegue se expressar muito bem e que conhece muito sobre
muitas coisas. Hoje em dia ele dá palestras para os jovens falando da
importância da educação e como ela pode empoderar alguém.
Essa
parte do documentário é uma das que me deixou mais emocionada pois amo
literatura, estudo literatura, e nem cursando faculdade de Letras tenho a
metade da desenvoltura e do conhecimento daquele homem, conhecimento esse que
vai além do adquirido nos livros, mas na vida também, ele passou a entender as
pessoas.
O
documentário tem muitos momentos marcantes, cenas como a de um preso cantando
por que seu companheiro estava sendo transferido, os relatos de violência que
ele sofreu, a infância dele e um trauma que ele viveu e que o marcou para
sempre. A narração é linear e simples, se mistura com flashbacks da prisão, da
infância e da juventude, enfim... toda sua trajetória. A sonorização também tem
um papel importante pois há pequenos barulhos de tiros e pancadas que ajudam na
visualização dos acontecimentos, alguns desses barulhos feitos pelo próprio
Nick.
Nem
o melhor diretor, melhor equipe, melhor roteiro de hollywood poderiam exprimir
a história impactante desse homem, nem mesmo um excelente ator poderia interpretar
com tanta sensibilidade ou narrar da forma que ele narrou, e de forma tão
singela, apenas sentado em um banco e passando todas suas esperanças, medos e
traumas. O final é surpreendente e daqueles que nos fazem chorar rios, com ele
vemos que traumas vividos na infância podem se tornar um trem descarrilhado que
transforma tudo que viveremos a seguir. Esse documentário está na Netflix e
vale cada instante do seu tempo.
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