Talvez
esse seja o filme mais popular que foi exibido no Festival do Rio, tanto que as
sessões estavam bem cheias. Ouvi falar dele muito casualmente e logo me
interessei, acredito que com a maioria do publico naquelas salas de cinema
aconteceu a mesma coisa, a temática LGBT (mesmo que o filme não procure
levantar a bandeira explicitamente) e o fato dele ser franco-italo-brasileiro e
estadunidense chamou bastante a atenção, além de ter sido bastante prestigiado
nos festivais. Esse é daqueles filmes que não é para ser rotulado como um
“filme gay” como muitos estão fazendo, algumas vezes de forma pejorativa, ele é
um filme sobre amor, desejo, amizade, primeiras experiências e experiências
únicas que poucos têm a oportunidade de ter em sua vida.
Me
chame pelo seu nome é baseado em um livro homônimo que conta a história de Elio
e Oliver, Oliver que está em processo de criar um livro e vai passar uma
temporada na casa de um escritor, o pai de Elio, assim eles se apaixonam.
Depois
do burburinho causado pelo filme no festival de Sundance, surgiu uma grande
curiosidade acerca desse romance, que me fez ler o livro antes. Ele foi escrito
por André Aciman e lançado em 2007. Ele é narrado em 1° pessoa, do ponto de
vista de Elio. Não posso falar acerca da tradução, pois li a versão original em
inglês e mesmo contendo palavras diferentes do velho e conhecido inglês
coloquial, consegui entender as coisas pelo contexto. A escrita é fácil de
compreender e muito poética, há um capricho nos diálogos e nos pensamentos de
Elio que torna a narrativa mais rica e bonita, até mesmo na famosa parte do
pêssego, aliás, no filme ela é um pouco diferente, mais amenizada, mas tem a
mesma função, que é mostrar as descobertas sexuais do protagonista.O filme é bem fiel ao livro e traz toda a beleza dele, os cenários bucólicos, as cores pasteis, o clima veraneio, está tudo ali. Além da química incrível entre os protagonistas. Timothée interpreta Elio, esse menino de 17 anos que é um leitor assíduo e que gosta de traduzir musica. Sua atuação é modesta, mas significativa, ele transmite emoções com muita facilidade, seu desejo por esse homem que acabou de chegar é transparente, assim como o embate entre o certo e errado que esse desejo acarreta. Oliver é interpretado por Armie Hammer, que mesmo fazendo esse príncipe encantado alto e sensual não fica caricato, seu rosto perfeito e corpo escultural não é um empecilho para sua atuação, que é ótima mesmo sendo sutil, aos poucos sua personalidade vai se sobrepondo e sua boa atuação está sempre presente.
As
escolhas para o restante do elenco também foram certeiras. Os personagens são
complexos em sua execução, mas ao mesmo tempo naturais e corriqueiros, e os
atores conseguem fazer isso muito bem, principalmente os pais de Elio e a atriz
Esther Garrel que interpreta a Marzia. No final há um dialogo muito tocante entre
pai e filho que fez muitas pessoas se emocionarem, acredito que ele afeta mais
ao publico LGBT, que sofrem tanto para se assumir e veem nessa dinâmica
familiar uma relação dos sonhos. Cada palavra do livro é levada para tela nessa
cena trazendo uma identificação tocante.
Mesmo
que o filme seja chamado de “filme gay” ele não pode ser definido assim,
afinal, os personagens são bissexuais, e a temática não tem a ver com a luta
LGBT, tem a ver com o amor entre duas pessoas e as descobertas sexuais de Elio.
Não há sofrimento para se assumir e nem maus-tratos aos que fazem isso, só amor
e serenidade em uma relação completamente natural, mesmo que escondida a
principio. E o filme causou muita polêmica pelo fato de Oliver ser mais velho
(24 anos, nem tanto assim vai) e Elio ter só 17 anos, muitos acusaram o livro e
o filme de pedofilia, porém Elio já tem uma idade de consciência que pode
responder por seus atos, ele não é coagido a nada, e muitos romances
heterossexuais já foram protagonizados por personagens com essa diferença de
idade e não foram criticados por isso. ps: Contudo, estou aberta para ouvir
opiniões diferentes (principalmente vinda de profissionais como psicólogos e
etc) nos comentários....
Outra
questão que criticaram, mas que ao assistir o filme ela é imperceptível é se um
homem extremamente bonito como o Oliver se interessaria por um menino franzino e
de beleza mediana como o Elio. Outros tocam na diferença de idade também, pois
alegam que um menino novo e sem experiência não tem nada de interessante para
mostrar para um homem mais velho. Por mais fútil que seja uma discussão desse
tipo temos que ter em mente que Elio é um personagem diferente dos outros
meninos de sua idade, como cresceu em um lar de escritores ele é um leitor
voraz e sabemos que a leitura enriquece a mente e o vocabulário dos que leem e
isso é uma coisa que o casal tem em comum, afinal, Oliver é escritor. As
afinidades começaram daí, aos poucos Elio vai se mostrando ainda mais atraente
graças ao seu gosto musical e sua forma doce e educada de tratar as pessoas,
que difere da rebeldia dos adolescentes. Por mais abrupto que seja o interesse
de Oliver pelo rapaz, aos pouco ao conhecê-lo melhor colocamos os dois no mesmo
patamar, lembrando que Oliver não é só um rostinho bonito, ele tem quase as
mesmas características de Elio, nos fazendo se questionar no começo se o menino
o queria romanticamente ou queria ser ele.
Me
chame pelo seu nome é um filme de muitas nacionalidades mas que tem os dois pés
fincados no cinema Italiano, que é aquele cinema intimista e romântico, que te
encanta e te leva as lagrimas (ele não me fez chorar mas me sensibilizou
bastante) o roteiro além de fiel também é bem escrito e a direção de Luca
Guadagnino (que esteve no Brasil para o festival do Rio) é cuidadosa e bela,
assim como os cenários naturais italianos que são tão simples e bonitos que dá
vontade de pegar o primeiro avião para a Itália. Call me by your name é um
filme poético (como o livro) bonito, tocante, irreverente, corajoso e bem
realizado. Uma preciosidade que pode afastar alguns preconceituosos e também
alguns que estão julgando ele sem ao menos ter assistido, mas que marca quem o
assiste. Será que vem indicação ao Oscar ano que vem?
O filme de Luca Guadagnino, baseado no elogiado romance de André Aciman, narra o caso de amor de verão entre um jovem de 17 anos e um universitário de 24 anos em uma bucólica vila italiana nos anos 80. Este filme é um dos melhores do gênero de drama que estreou o ano passado acho que O Conto é o melhor filme de drama. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Amei o grande elenco do filme, quem fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente.
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