Brooklyn
é provavelmente o filme mais leve dos indicados ao Oscar. Diante dos indicados
de melhor filme que possuem roteiros dramáticos, sofridos, políticos, com ação
desenfreada e tantas outras coisas pesadas esse é o sopro de alivio e frescor
que precisávamos.
Esse
é um filme dramático disfarçado de romance dirigido por John Crowley e roteiro
de Nick Hornby (do filme Livre) onde acompanhamos a Irlandesa Eilis Lacey que
sai de seu pais para tentar a vida nos Eua, mais precisamente no Brooklyn.
Isso
dela deixar sua pátria por outra para tentar uma vida melhor pode parecer um
tema saturado e algumas coisas do filme realmente fazem jus a sinopse e o pré-julgamento
das pessoas quanto a ele. Na Irlanda ela trabalha em uma padaria para uma
megera e odeia o que faz, odeia também as pessoas e a falta do que fazer na sua
pequena cidade. O filme mostra a realidade das cidades interioranas onde todos
tomam conta da sua vida e inventam coisas. Além do cotidiano pacato e sem
graça, com pessoas pouco interessantes e so boring. Por tudo isso a irmã da
protagonista entra em contato com um padre amigo dela para que ele a ajude a
acolher sua irmã na América para que ela tenha uma vida melhor. A tristeza e
insatisfação da protagonista quando está na Irlanda é evidente através da
fotografia noturna. A escuridão da cidade revela a alma da mocinha, mas quando
ela chega aos Eua as cores se acendem na tela. O sol começa a brilhar quando
ela cruza a porta de entrada para o seu novo pais, seu novo lar. Ali as roupas
ficam mais amarelas, vermelhas, coloridas e aos poucos ela vai deixando suas
características de menina pacata do interior.
No
começo ela é uma menina tímida, fechada e que não consegue se expressar. Tem
medo das pessoas e do futuro, mas aos poucos vai tomando confiança e se
tornando uma mulher madura e corajosa. O fator predominante para essa mudança
acontece quando ela conhece Anthony, um rapaz italiano, sem muita instrução,
mas bastante trabalhador. Eles começam a namorar e o carinho e a confiança que
ele transmite a ela vai a mudando sem ela perceber. Faz tempo que não vemos um
personagem tão doce como Tony. Ele não faz jogos com sua namorada e nem tenta
parecer ser algo que ele não é. Ele é verdadeiro em todas suas promessas e
desejos. Sua fidelidade a menina é encantadora e não de uma forma clichê e melodramática,
mas é algo que flui sem esforço. É algo que é totalmente normal, mas no mundo
de hoje e com os relacionamentos de hoje parece ser algo fora do comum. Ele é
muito bem interpretado por Emory Cohe, um ator com uma beleza clássica e que
muito me lembrou do ator teen dos anos 80 Andrew Mccarthy. Quem faz a
protagonista é a linda da Saoirse Ronan que está concorrendo o Oscar de melhor
atriz pelo papel e antes já havia concorrido como melhor atriz coadjuvante por
Desejo e Reparação. Ela é uma atriz bem sensata na escolha de seus trabalhos.
Deu algumas derrapadas, mas nada que pudesse comprometer seu talento. Neste ela
está totalmente convincente como a mocinha tímida e depois como a mulher
independente e trabalhadora. É incrível ver seu crescimento (tanto na tela
quanto na vida real). Ela tem uma atuação discreta, porém expressiva e sabe
controlar muito bem suas emoções, apesar de achar que ela não leva o Oscar, sua
indicação foi mais do que merecida.
Além
dos protagonistas, outra atuação que merece destaque é a de Domhnall Gleeson (o
ruivinho que está em todas) ele entra da metade do filme para o final e não tem
muitas cenas, mas tem uma atuação marcante em cada uma. Julie Walters de Harry
Potter também está no filme e apesar de caricata também tem uma boa atuação.
Brooklyn
é um lindo romance e um ótimo drama. Com uma fotografia significativa, um
roteiro simples, mas bem trabalhado e uma competente direção juntamente com
competentes atuações. Mesmo que a principio enfatize demais o american way of life,
algo bem batido, isso não consegue tirar a sensibilidade e a pureza do filme. Não
é um filme sobre um relacionamento perfeito, a protagonista tem certas atitudes
que dá vontade de sacudir ela, mas depois percebemos que aquilo precisava
acontecer para seu crescimento pessoal e para que visse que estava tomando a
decisão certa. Quando você for ver os filmes que estão concorrendo ao Oscar e
estiver cansado dos dramalhões assista esse para respirar um pouquinho. Valerá
a pena.
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