sábado, 27 de fevereiro de 2016

Indicados ao Oscar: Spotlight


          Assim como em Room, Spotlight traz um assunto bastante delicado que poucas pessoas sabem como lidar, situações que podem traumatizar vidas, e ambos os filmes tratam disso com bastante cuidado, só que Spotlight dá muito mais alfinetadas.
O filme é sobre um grupo de jornalistas que investigam casos de pedofilia causados por padres em Boston. Ele é baseado em fatos reais. (Esse ano a maioria dos filmes indicados são baseados em fatos reais)
          Durante todo o filme acompanhamos as descobertas dos jornalistas e como eles passaram de casos de uma cidade para o mundo todo, já que isso não é um problema apenas de Boston pois sabemos que é uma triste realidade que afeta toda a escala global. Quantos casos de pedofilia já foram noticiados aqui no Brasil? E no mundo inteiro? Como é dito no filme isso é praticamente um “fenômeno” pois acontece demasiadamente e sempre as vítimas possuem as mesmas características. Elas são crianças pobres (meninos em sua maioria) que tem um lar desestruturado e que não possuem uma figura paterna em casa. O filme também mostra o temor da família ao denunciar os casos de abuso, mas não por medo de ameaças de morte ou algo do tipo, mas eles possuem um temor religioso, como se fosse pecado denunciar essas práticas feitas por homens ditos como “santos” Nos depoimentos das vítimas do filme eles contam que os padres eram como um “Deus” para eles, e como você vai dizer não para Deus? Isso seria totalmente doentio se não fosse plausível pois sabemos que isso deve ser exatamente o que se passa na cabeça dos “sobreviventes” (como eles são retratados no filme) e da família deles. Acredito que isso também se passe na vida real. O filme expõe o ponto de vista deles. A vergonha e os traumas ocorridos depois das práticas. Alguns viram alcoólicos e uns até se matam pelo constrangimento.
            Um depoimento que me deixou particularmente chocada no filme foi o de um rapaz homossexual que já sabia que era desde criança, desde a época dos abusos, mas não falava para ninguém e ele praticou sexo oral e outras coisas com o padre pois ele era o único que aceitava a homossexualidade dele e se um padre que deveria abominar essa “pratica” te compreende e te aceita como você vai se negar a ele? Isso nas palavras do personagem. Achei bastante perturbador.

            O número tão grande das descobertas também é assustador. No final do filme eles mostram uma lista dos casos descobertos pelo mundo e é uma estatística enorme. Realmente o “fenômeno” já citado, pois esse tipo de comportamento regular dentro de um grupo que deveria significar santidade é quase uma doença. É difícil para qualquer um compreender o porquê desses números, o porquê de eles fazerem isso, o porquê deles se aproveitarem da inocência e da carência das crianças.


         Toda essa investigação é feita por personagens determinados e um elenco com bastante química. Tanto que ganharam o Sag como melhor elenco. Michael Keaton está mais forte do que nunca, depois de seu ressurgimento ano passado com Birdman e agora interpretando muito bem um homem focado e compenetrado em seu grupo e suas funções ele mostra que veio para ficar e esperamos sinceramente que ele continue nesse caminho. Rachel McAdams é a única mulher no grupo e também está ótima no papel, mesmo que não tanto ao ponto de ganhar na categoria de melhor atriz coadjuvante na qual está indicada, sua personagem está muito parecida com outra dela, mas da série True Detective. Mesmo que numa versão menos durona e mais compreensiva. Mark Ruffalo fez o contrário de Rachel, enquanto ela estava bem sem se esforçar, ele parecia que estava se esforçando há todo tempo. Mas com esse esforço todo não conseguia acertar o tom da atuação, da dicção e dos trejeitos, estava certa de que criticaria extremamente ele até uma certa cena no final onde ele discute com o personagem de Keaton, foi como se o Hulk tivesse se libertado daquele Bruce Banner irritante do restante do filme.
          O outro membro do quarteto também é excelente assim como Stanley Tucci (um ótimo ator só que sempre coadjuvante) Liev Schreiber e John Slattery. Realmente um elenco de peso. Até os atores que interpretaram as vítimas eram excelentes. Foram escolhidos a dedos de ouro.
         O diretor Thomas McCarthy que antes não fez nada de notório faz um excelente trabalho com esse filme que é lento em toda sua narrativa, mas que nem por um segundo é entediante. Você fica imerso naquela investigação mesmo já sabendo a verdade. Spotlight desafia a igreja católica e mostra como ela ainda tem grande influência sobre o estado assim como na era medieval. 

Um comentário:

  1. O melhor filme do ano segundo o Oscar. Está na minha lista mas ainda não pude assistir (muito filme bom e pouco tempo).

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