A
Garota Dinamarquesa é um filme baseado no romance do autor Ebershof e foi
inspirado no diário da personagem transexual Lili. O filme é a cinebiografia de
Lili Elbe que nasceu como Einar Wegener e foi uma das primeiras pessoas a
realizar a cirurgia de mudança de sexo. Nesse filme vemos o quão doloroso é a
fase da transição e aceitação por parte da sociedade, dos entes queridos e da
própria pessoa.
O
filme se passa nos anos 20 e esse foi um dos primeiros casos transexuais, na
época vemos a reação espantosa por parte das pessoas e ao pararmos para
analisar vemos que todo esse espanto e preconceito ainda é muito atual, mesmo
tendo se passado tantos anos e mesmo o mundo tendo mudado tanto.
Muitas
pessoas criticaram o livro e o filme pois dizem que ele não é fiel ao diário
escrito por Lili Elber. Eles omitiram muitas coisas, principalmente quanto a
sexualidade de Gerda que era esposa de Einar, dizem que ela era lésbica ou ao
menos bissexual, o que é um pouco visível no filme, mas em nenhum momento se afirma
nada. Criticaram também a relação das duas, dizendo que não era tão romântica e
eterna da forma que é retratada no filme. É claro que Hollywood tinha que
exagerar na “história de amor” das duas.
A
relação de Lili e Gerda pode até não ter sido como é retratado no filme, mas é
um dos pontos fortes da trama. A amizade, o amor e o respeito são tão grandes
que emociona. Mesmo Gerda apoiando a escolha do marido podemos perceber que não
há uma aceitação por completo. A esperança de que aquilo seja apenas uma fase
ou um jogo (como era no começo) está sempre ali no olhar da personagem. Ela ama
seu marido e se arrepende de ter incentivado a libertação de Lili. Quando ela
começa a surgir e Einar vai perdendo o espaço somos levados a acreditar que foi
a esposa que incentivou aquele comportamento. O pedido para vestir as roupas
para que ela pudesse terminar seus quadros (ambos eram pintores) começou a
liberar alguém que a muito tempo se mantinha escondida, mas nunca tinha sido
revelada. Depois fica comprovado que ele não mudou por influência de Gerda pois
ele sempre foi Ela.
Eddie
Redmayne está concorrendo ao Oscar pelo filme e se não tivesse o Leonardo
Dicaprio na parada aposto que ele levaria seu segundo Oscar consecutivo. Ele
está tão delicado e tão bem no papel. Não consigo ver mais nenhum ator de
Hollywood fazendo esse papel. Ninguém poderia captar a sensibilidade da alma de
Lili como ele captou. É claro que seus traços femininos ajudaram bastante. Seu
rosto fino, sua pele perfeita para maquiagem, os lábios, o corpo esguio e a
forma como anda e fala é propriamente de uma mulher. Só um ator como ele, com
todos seus atributos poderia interpretar com tamanha sensatez. Seu laboratório
foi bem aprofundado, mostra-se uma observação total dos trejeitos femininos.
Alicia Vikander quase rouba a cena na pele da Esposa Gerda Wegener. Ela vem
provando que é uma ótima atriz e uma grande revelação. Nesse, assim como em Ex
machina ela está maravilhosa. Sempre com uma atuação sutil, apesar das
explosões da personagem algumas vezes. Ela é claramente o homem da relação,
desde o começo, ela que rege o lar e é uma esposa dedicada e que ama o marido
apesar de tudo. Mesmo quando ele não queria, ela estava lá por ele e o filme a
torna praticamente uma santa pois qual mulher nesse mundo aceitaria essa
condição do marido sem raiva e rancor? E que ficaria ao lado dele mesmo após a
cirurgia de mudança de sexo? Isso prova que acima de tudo ela era a melhor
amiga e companheira dele. Coisa que muitas mulheres não são. Ambos tiveram
sorte de ter um ao outro (posteriormente uma a outra) pois o amor era mutuo. Os
sentimentos de Egnar por ela não diminuíram após virar Lili. Elas foram feitas
uma para outra, independente do rumo de suas vidas.
Com
direção do diretor britânico Tom Hooper que fez o subestimado O discurso do
Rei, The Danish Girl tem boas atuações (pena que Amber Heard esteja tão
apagada) e um roteiro linear, nada de excepcional, você começa a assistir e já
sabe a trajetória só não sabe como acontecerá. É um tema bastante delicado e
que ainda carece de informações. Foi muito difícil escrever sobre esse filme
pois apesar de ser algo atual e bastante debatido ainda fico na defensiva ao
escrever sobre algo que não conheço tão bem, estamos menos familiarizados do
que achamos. O filme me lembrou bastante do caso Caitlyn Jenner (que era Bruce
Jenner e marido da Kris, matriarca das Kardashians) lembro que quando ele se
assumiu uma mulher eu fiquei bastante confusa. De primeira achei que fosse
marketing (ainda tenho minhas desconfianças) e não entendia como um homem de
certa idade, com esposa e filhos pudesse se transformar assim de uma hora para outra.
Lembro da reação da Kris e vi seu desapontamento e tristeza, tão real e
diferente da relação perfeita e idealizada de A Garota Dinamarquesa. Porém é
algo que te toca e o final é lindo e cheio de metáforas.
MARAVILHOSOOOOOOOO!
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