quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Indicados ao Oscar: Creed: Nascido para Lutar


          Que filmes sobre boxe fazem sucesso disso não temos a menor duvida. Ele é o esporte mais prestigiado da academia e o que causa essa fascinação toda? Por que filmes sobre outros esportes não ganham tantos prêmios como ele?
          Geralmente porque todo filme sobre Boxe trás uma grande historia de luta e superação. Não que os outros não tragam, mas geralmente o foco dos outros são um grupo e não uma única pessoa. Claro que não posso generalizar. Mas posso afirmar quando digo que todos os filmes com o tema são muito bem ambientados com roteiro dramático, bons diretores e boas atuações. Grandes nomes Já atuaram em filmes sobre o Boxe, como Charlie Chaplin, Robert De Niro, Paul Newman e Russel Crowe e grandes filmes foram feitos e venceram muitos prêmios como Touro indomável, O Campeão e Menina de Ouro. Esse ultimo protagonizado por Hillary Swank, provando que apesar de ser um esporte predominantemente masculino ele também é para mulheres. De todos esses um dos mais famosos, com milhares de fãs e que eternizou o esporte foi Rocky. Escrito por Sylvester Stallone num momento muito difícil de sua vida, ele só aceitou vender seu roteiro se ele estrelasse o filme. Claro que eles queriam alguém famoso, mas o ator teve persistência e conseguiu o papel. Rocky é até hoje o maior sucesso da carreira de Stallone. A tocante historia, a trilha sonora, e as cenas emocionantes marcaram toda uma geração de cinéfilos.
E agora temos a continuação da jornada de Rocky, mas quem protagoniza essa nova trama é o filho de seu adversário e posteriormente amigo Apollo Creed. Nele conhecemos Adonis Johnson, na primeira parte do filme uma criança problemática que vive em um reformatório até ser adotado pela esposa de Apollo (ele era filho de uma relação extraconjugal). Quando adulto entra para o mundo do boxe a fim de seguir os passos do pai.
A primeira parte do filme é a típica historia do menino pobre e abandonado que não conheceu o pai, mas quando é adotado as coisas saem um pouco do protocolo de sofrimento dos filmes sobre boxeadores. Ele tem uma boa vida numa mansão luxuosa (herança do papai) e tem um bom emprego, mas não se sente realizado nele por isso vai em busca daquilo que está em seu sangue. Ele abre mão do luxo e vai morar num apartamento pobre na Filadélfia para ser treinado por Rocky.

          Rocky vive sozinho e trabalha em seu restaurante. No começo ele declina do convide de treinar Adônis, mas logo se vê envolvido. Provavelmente ele enxergou a luta de Apollo e sua luta pessoal no rapaz. Stallone está muito bem no papel, como não vemos em anos. Ele estava tão envolvido em projetos de “brucutus” que não saia da sua zona de conforto. Nesse temos um vislumbre da competente atuação dos outros filmes do Balboa, claro que nada extraordinário, pois Stallone tem algumas limitações, mas nos pegamos torcendo por ele graças a sua determinação. Ele acredita tanto nas coisas que ele faz e se doa tanto que perdoamos qualquer falha em seu desempenho. Neste filme Balboa está muito mais debilitado e sofrendo pela sua solidão. (mesmo que ele não diga isso) seu personagem é o reflexo de muitas pessoas em sua faixa etária. Os filhos cresceram e tem suas próprias vidas (com emprego, esposa, marido filhos e etc..) e os pais são deixados um pouco de lado. Ainda mais quando seu marido ou esposa já faleceram. Como é o caso dele, o amor de sua vida, sua esposa Adrian já é falecida há vários anos e agora ele também não tem a companhia do cunhado e amigo Paulie. E, além disso, ele recebe uma péssima noticia. Temos um sentimento melancólico ao analisar o final da trajetória de Rocky, mas esses filmes são movidos a uma única carga de energia: esperança e superação (no caso duas rs) e logo somos animados novamente.


Mas não se enganem pensando que Sly é o melhor personagem do filme, quem rouba a cena por causa de sua excelente atuação é Michael B. Jordan. Esse é um bom ator que só cai em armadilhas cinematográficas o fazendo desperdiçar talento. Esteve antes no fracasso O Quarteto fantástico. Sua performance é calma e controlada mas ao mesmo tempo explosivo em algumas cenas. Ele atua de forma tão equilibrada e sem exageros que fica difícil lembrar que seu currículo não é tão extenso assim. Ele merecia muito uma indicação ao Oscar (e a todos os prêmios da temporada), mas parece que esse ano não abriu inscrição para a “cota” Até quando? Ele está tão bom quanto Stallone.
          A atriz Tessa Thompson que interpreta Bianca a namorada do protagonista também é um talento a ser construído. Ela faz de Bianca uma personagem forte e determinada, apesar de seus problemas pessoais, ela não é apenas a namorada, ela é a incentivadora, o porto seguro, ela é a Adrian dele. Os outros personagens são descartáveis. A trama não tem um mega vilão. Só o adversário de ringe, como em qualquer luta de boxe.
         Creed merece todas as críticas positivas possíveis. O jovem diretor Ryan Coogler foi uma escolha acertada para o filme, passou toda sua modernidade técnica para a velha e eterna franquia. Claro que deu algumas escorregadas, mas até um Spielberg da vida também dá. Creed está maior em fotografia, edição, montagem e tudo... Só se iguala ao primeiro Rocky nas categorias roteiro e trilha sonora, não tem como. Esse projeto poderia ter dado MUITO errado, mas de alguma forma funcionou. Força do boxe? Qualidade das pessoas envolvidas? Acho que tudo isso e mais um pouco. E o melhor de tudo é a nostalgia que envolve fãs como eu e talvez você.

2 comentários:

  1. Que legal! Estamos fazendo um especial no blog de todos os filmes indicados a melhor filme. Estamos adorando! Ainda não vi Creed mas pretendo ;)

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  2. Eu acho que foi uma história muito bem sucedida! Uma acertada escolha que traz peso dramático ao personagem de Sylvester Stallone (muito talentoso, muito em breve vai estrear o filme Fahrenheit 451 ), que não desperdiça a oportunidade e faz aqui uma interpretação memorável. Assim como Michael B. Jordan consegue passar a veracidade exigida para o seu Adonis, sempre muito conectado e lembrando em alguns andamentos os trejeitos de Carl Weathers. A fita também abre espaço para Tessa Thompson, onde faz uma figura que por sua vez enfrenta uma triste realidade que a cada dia parece mais próxima. Creed é um filme que consegue homenagear respeitosamente a obra de 76, apresentando personagens profundos e dando uma despedida digna a um dos maiores personagens do cinema.

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