Todo
ano a academia tem que incluir um faroeste nas indicações ao Oscar, ou pelo
menos algo que seja semelhante ao gênero como Clube de compras Dallas por
exemplo. Algo com muita poeira e bastante drama familiar, o que faz cair por
terra a crença de que o faroeste está morto, assim como o musical, mas ambos
ressurgem esse ano com bons filmes para representa-los.
Em
A Qualquer custo dois irmãos praticam roubos a bancos para quitar as dividas da
família. Um é ex-presidiário e o outro um pai preocupado com o futuro de seus
dois filhos. Para caça-los há uma dupla de policiais, um deles prestes a se
aposentar.
O
titulo do filme em português tenta captar a urgência da expressão usada como
titulo original, em inglês o nome do filme é Hell Or High Water, que
significa que a pessoa fará tal coisa não importa o que houver, ela está
determinada a fazer a coisa, assim como os protagonistas estão decididos em
assaltar bancos para melhorar suas vidas. Já que a divida dos dois é muito alta
essa é a única opção na cabeça deles, até por que moram no Texas e mesmo se
morassem em Nova York e tivessem um ótimo emprego lá talvez não conseguissem o
dinheiro tão rápido.
O Texas é o lugar perfeito para rodar filmes desse tipo, tudo muito
empoeirado, alaranjado e por vezes temos que lembrar que o filme se passa nos
tempos atuais, pois o lugar não tem a tecnologia das grandes cidades, os
objetos e automóveis em cena parecem ultrapassados e até as pessoas se vestem
como antigamente. A única deixa de que esse é um filme atual é quando uma das
vitimas do assalto manda uma mensagem no celular.
Os atores conseguiram fazer muito bem o sotaque do lugar, aquela fala
pesada e arrastada. Tem cenas que temos que nos concentrar para saber quais dos
irmãos que está falando, pois eles não abrem a boca para falar, característica
das pessoas daquela região.
Os atores estão primorosos em seus papeis. Ben Foster que interpreta o
ex presidiário Tanner está mais forte nesse filme e faz o irmão mais corajoso e
também mais louco dos dois, ele tem bons momentos cômicos. Ele não liga para as
consequências e age conforme o momento. Já seu irmão Toby interpretado pelo
Chris Pine é mais prudente, é inteligente e se recusa a matar as vitimas,
contudo em alguns momentos ele age com violência para proteger os dois. Os dois
estão ótimos, destaque para Chris que vem encorpando sua atuação cada vez mais.
Jeff Bridges é excelente ator e não tem mais o que provar e nem por isso
ele fica no piloto automático como tantos outros atores, ele simplesmente
arrasa no papel de Marcus Hamilton, esse policial que está relutante em se
aposentar e por isso quer dar o melhor de si em seu ultimo caso. Ele é um
sujeito simpático que tira sarro do parceiro que é metade índio metade
Mexicano, as piadinhas tem um sentido preconceituoso e o personagem é bem tio
do pavê por isso, mas nada que impeça a afeição por ele, pois quem assiste sabe
que ele é um bom sujeito.
Os personagens desse filme são pessoas normais que não são completamente
boas e nem ruins, mesmo os protagonistas criminosos são simpáticos e fazem o
que fazem por “uma boa causa” (não que justifique suas ações)
A Qualquer custo é um bom filme até para aqueles que rejeitam o gênero
faroeste, o roteiro pode parecer simples e corriqueiro e o filme realmente não
é o mais inovador do mundo, mas mesmo nos elementos reconhecíveis ele faz um
ótimo trabalho e entretém. O final é particularmente interessante, pois era
para ser o confronto entre dois dos personagens já citados, mas o que acontece
é um excelente dialogo de esclarecimento e tons de ameaça, as ofensas saem com
leveza e bom humor, o que é estranho e brilhante ao mesmo tempo. Ponto também
para a trilha sonora.
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